A estratégia correta é cooptar o Centrão

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O Centrão nasceu na Assembleia Constituinte de 1987 como um grupo sem ideologia, que adotava práticas fisiológicas para se manter no poder.

É errado enxergar o Centrão como mais um inimigo ideológico a ser derrotado; são apenas um conjunto de blocos políticos que correm para o lado vencedor das pautas, no sentido de angariar votos para se perpetuarem no poder legislativo.

Se pensarmos que, antes de 2013, as forças que disputavam o poder com o Centrão eram a esquerda sindical e a esquerda moderada, as mudanças atuais no sentido de perceber o verdadeiro espectro conservador aumentando o número de seus parlamentares consistem, sim, em uma vitória para o Brasil.

Quando vejo pessoas dizendo: "temos de combater o Centrão", sei que essa pessoa não sabe do que está falando.

Com o aparelhamento das instituições e sem maioria entre deputados e senadores, o Centrão não pode ser vencido, apenas cooptado.

A dissolução desses blocos só acontecerá quando o nível de conhecimento político da maioria da população brasileira se aprimorar, algo que me parece distante neste momento.

Para subjugar o poder dos caciques e retomar o verdadeiro sentido democrático e republicano, a direita no espectro político terá de abandonar seus idealismos utópicos momentâneos para, aos poucos, entre acordos e coligações, amarrar os blocos por dentro. Nada de heroísmo declarado ou grandes discursos sobre moral ou valores. O espectro que vai subjugar de verdade o presidencialismo de coalizão será aquele que o envenenar por dentro com excesso de pragmatismo.

Não precisamos abandonar nossos valores ou crenças ao escolher a estratégia; quem cria essa dicotomia tem seus próprios projetos de poder.

Quem diz que prefere perder de pé a ganhar com “outros meios” não pensa nos seus filhos e netos, apenas na sua biografia ou no seu Quixotismo de direita.

Como nosso compromisso é maior que nossa condescendência, os puristas utópicos terão de ser deixados pelo caminho, como toda pedra não útil a uma construção, que acabou se tornando um obstáculo ao objetivo de reconstruir um país digno de ser vivido pelas próximas gerações.

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