Grandes marcas fazem debandada da agenda “woke”

19/10/2024 às 06:50 Ler na área do assinante

Grandes corporações globais estão reavaliando suas políticas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI), frequentemente rotuladas como "woke", em resposta à crescente pressão de consumidores que preferem que as empresas se concentrem em seus produtos e serviços, em vez de posicionamentos políticos ou ideológicos.

A Toyota, gigante do setor automotivo, é a mais recente empresa a anunciar o fim de seus programas de DEI, após uma campanha liderada pelo ativista conservador Robby Starbuck.

Starbuck, que já pressionou empresas como Harley-Davidson, Jack Daniel’s e John Deere, tem utilizado suas redes sociais para mobilizar consumidores insatisfeitos com as políticas “woke” adotadas por essas corporações.

Segundo ele, tais políticas alienam parte significativa dos consumidores, especialmente aqueles com valores mais conservadores.

No caso da Toyota, Starbuck criticou uma série de iniciativas da empresa, incluindo o patrocínio de eventos voltados para a comunidade LGBT+ e o apoio à legalização da mudança de sexo para menores de idade. Ele argumentou que a Toyota, ao seguir essa agenda, havia se distanciado dos valores de seus principais consumidores, que historicamente têm um perfil mais conservador.

A pressão deu resultado.

Em 3 de outubro, a Toyota anunciou o fim de seus programas de DEI nos Estados Unidos, em um memorando distribuído a 50 mil funcionários e mais de 1,5 mil concessionárias. A empresa informou que, a partir de agora, focará seus esforços em eventos ligados à ciência, tecnologia e formação profissional.

A Toyota não está sozinha nessa mudança. Outras grandes marcas também têm recuado em relação a políticas “woke”, em resposta a boicotes de consumidores ou por perceberem que essas ações estavam prejudicando seus negócios.

Entre as empresas que mudaram de direção estão:

A Anheuser-Busch, fabricante da cerveja Bud Light, foi uma das empresas que enfrentou um boicote significativo após lançar uma campanha voltada ao público transgênero, resultando em uma queda expressiva nas vendas.

Para conter a crise, a empresa se distanciou rapidamente da campanha e adotou uma postura mais neutra em questões sociais.

Já a Disney, tradicionalmente conhecida por apoiar causas progressistas, também enfrentou crescente resistência, tanto de consumidores quanto de acionistas. Recentemente, a empresa reavaliou sua posição e optou por reduzir seu envolvimento em debates sociopolíticos polêmicos, buscando mitigar os impactos negativos.

A Netflix, após receber críticas por seu conteúdo progressista, ajustou suas políticas internas, demitindo parte da equipe dedicada à diversidade e inclusão. A empresa também afirmou que funcionários insatisfeitos com o conteúdo poderiam reconsiderar sua permanência. Em resposta à pressão do público, a Netflix anunciou um investimento de US$ 1 bilhão em uma nova produtora com o objetivo de criar conteúdos menos politizados e mais abrangentes, distanciando-se da agenda “woke”.

Da mesma forma, a Coca-Cola passou por críticas intensas em 2021, após promover treinamentos internos que sugeriam que os funcionários fossem “menos brancos”. A reação negativa levou a empresa a rapidamente abandonar essas práticas e a reavaliar sua abordagem.

A mudança de postura das grandes marcas é impulsionada por uma crescente insatisfação de consumidores com a politização das corporações.

Muitas empresas que adotaram políticas “woke” o fizeram com a expectativa de criar ambientes de trabalho mais inclusivos e impulsionar a inovação.

No entanto, o efeito foi o oposto em muitos casos, gerando divisões internas e afastando clientes.

David Clossom, diretor do grupo cristão Family Research Council, argumenta que as campanhas lideradas por ativistas como Robby Starbuck estão ganhando força porque uma maioria silenciosa de consumidores está farta da doutrinação progressista.

“As pessoas não querem ser forçadas a aceitar uma agenda ideológica. Elas querem que as empresas ofereçam produtos e serviços, sem interferências políticas”, disse Clossom.

Ele também defende a ideia do “ativismo de consumo”, onde os consumidores compram de empresas que refletem seus valores. Segundo ele, essa é uma forma poderosa de influenciar o mercado e forçar as corporações a reconsiderarem suas políticas.

Carlos Arouck

Policial federal. É formado em Direito e Administração de Empresas.

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