É estranhíssimo uma pessoa ‘ter’ um macaco.
Usamos (por vício) o verbo ‘ter’ - temos cachorro, gato, periquito, papagaio -, assim como temos pais, filhos, irmãos, amigos (ter algo ou alguém não significa necessariamente que esse algo, esse alguém, nos pertença, seja nossa propriedade).
Mas há animais ‘domesticados’, adaptados ao convívio com os humanos. Não é o caso de onças, répteis, elefantes - ou macacos.
Pois bem, o macaco desse cantor (batizado, por motivo que me escapa completamente, de Twelves) fugiu depois de ter sido colocado numa gaiola.
Quem ama não mata, não maltrata, não aprisiona - não coloca numa gaiola.
O animal que escapou do cativeiro foi encontrado (‘Achamos!!! Muito obrigado Brasil pelas orações !!! Tive fé que Deus não iria nos deixar na mão’.) Deus teria deixado na mão os que oraram pela liberdade do macaco, para que conseguisse se readaptar ao seu habitat (de onde não deveria ter sido retirado), e fosse feliz entre os da sua espécie.
‘Quero agradecer imensamente aos anjos de Deus, Cesar Augusto e José, por terem conseguido capturar e prender meu filho numa jaula improvisada’.
Repetindo, para quem teve, como eu, dificuldade de entender o que disse o cantor:
‘Quero agradecer imensamente aos anjos de Deus, Cesar Augusto e José, por terem conseguido capturar e prender meu filho numa jaula improvisada’.
Sabe o que eu pensei ter lido? Que ele queria agradecer por terem prendido seu filho numa jaula improvisada...
‘Foi emocionante! Minha vontade era de esmagar o Twelves de raiva, mas a felicidade de o ter encontrado falou mais alto. Olha a carinha dele de desorientado. Vai ficar de castigo!’.
Pelo menos o cantor Latino escreveu ‘a felicidade de o ter encontrado’, não ‘de ter encontrado ele’.
Porque desorientado estou eu, com essa história.
Eduardo Affonso
Eduardo Affonso
É arquiteto no Rio de Janeiro.