Kassab, o “Big Boss” da política articula reeleição de Tarcísio para manter Lula

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A política no Brasil é um mercado de trocas tão escancarado que, se você ainda não percebeu, está vivendo em um universo paralelo.

Na prática, o Estado se transformou em uma caixa de ferramentas nas mãos de gangues organizadas, todas devidamente registradas e legitimadas pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Sim, estamos falando dos partidos políticos e dos seus caciques, que nunca deixam o jogo político.

São os verdadeiros mafiosos. E como em toda máfia, há sempre uma estrela maior no comando.

No caso do tabuleiro político brasileiro, essa figura é Gilberto Kassab, o "Big Boss" que manobra com maestria os bastidores e os principais jogadores.

Quer um exemplo claro de sua jogada mais recente?

No Rio de Janeiro, Kassab orquestrou um plano genial: convenceu o PL a lançar um candidato inexpressivo, Ramagem, abrindo caminho para a vitória tranquila de Eduardo Paes.

O PL, ciente do sacrifício, aceitou o papel de figurante, sem sequer apostar de verdade no seu eleitorado conservador.

Enquanto isso, o PSD de Kassab costurou alianças com uma coligação robusta: Podemos/PRD/DC/Agir/Solidariedade/Avante/PSB/PDT/Federação Brasil da Esperança, todos juntos sob o slogan “É o Rio Seguindo em Frente”.

O resultado? Paes levou 60% dos votos. Ramagem, o candidato “sacrificial”, ficou com 30%. E os outros sete candidatos (Psol, PP, União, Novo, UP, Pstu, PCO) não chegaram nem a 9% somados.

Já estava tudo acertado: a esquerda, o PT, e seus aliados fecharam com Paes para garantir o apoio unânime na reeleição de Lula em 2026.

E Ramagem, com seus 30%, só teve isso porque há uma base conservadora no Rio. Bolsonaro, no entanto, praticamente não moveu um dedo para ajudá-lo.

Se o PL quisesse realmente disputar a sério, teria chances reais de ir para o segundo turno. Flávio Bolsonaro poderia ter concorrido sem perder seu mandato de senador. Carlos Bolsonaro também seria uma opção viável. “Ah, mas o Rio é de esquerda...” — Então lançasse Romário! Um ícone carioca, já foi do PSB e quase se candidatou ao governo em 2017. Foi reeleito senador, superando inclusive Daniel Silveira, que, sem o respaldo de Bolsonaro, perdeu a disputa. Se há alguém que fala a língua do povo do Rio, é Romário.

Mas nada disso aconteceu. Por quê? Porque já estava tudo acertado nos bastidores. E sejamos francos: se Bolsonaro tivesse se empenhado em favor de Ramagem, teriam ido ao segundo turno.

Mas havia um motivo maior: Malafaia estava alinhado com Edir Macedo para garantir a vitória de Paes. A prova disso? O pastor Otoni de Paula, bolsonarista convicto, comemorando a vitória de Paes na Assembleia de Deus.

O Republicanos, da Igreja Universal, não lançou candidato, não aceitou ser vice de ninguém, e Malafaia apareceu em milhares de panfletos ao lado de Paes, participando de reuniões estratégicas com pastores.

E Kassab? Ninja como sempre… Eduardo Paes é do PSD, e o vice-prefeito também. Em São Paulo, Kassab apoia Ricardo Nunes, que é aliado fiel de Tarcísio e próximo de Lula. Quando Pablo Marçal se tornou uma ameaça, Malafaia foi acionado para atacar e coagir pastores, assegurando que o apoio fosse para Nunes.

E não para por aí. Kassab recentemente anunciou que Tarcísio, provavelmente não será candidato à presidência em 2026, mas só em 2030. O motivo?

“Enfrentar Lula nunca é fácil”, disse Kassab, com Tarcísio endossando a ideia. Ou seja, o plano é simples: se não pode vencê-lo, junte-se a ele.

O Brasil foi vendido novamente, e de forma descarada.

E quem faturou alto com essa negociação histórica? Kassab, o grande corretor da política brasileira, dono da imobiliária PSD – Loteamento, Incorporação e Venda de Novos e Usados.

Foto de Daniel Camilo

Daniel Camilo

Jornalista e estudante de Direito e Ciências Políticas. Conservador de Direita e Nacionalista. Em 2022, concorreu ao cargo de deputado federal pelo Estado de São Paulo. Atualmente, está dedicado à escrita do seu primeiro livro, "Academia do Analfabeto Político”, uma obra que tem ênfase na ética política e no comportamento analítico do cidadão enquanto eleitor.

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