Alvos do 8 de janeiro estão na disputa eleitoral

Cerca de 35 candidatos que foram detidos em janeiro de 2023, durante a Operação Lesa Pátria ou por críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), estão participando das eleições municipais deste ano. Concorrendo a cargos de vereador e prefeito em 27 cidades, esses candidatos defendem temas como liberdade de expressão e valores familiares.

Segundo o levantamento da Gazeta do Povo e do Bureau de Comunicação, entre os candidatos, três disputam a prefeitura em Vitória-ES, Itajaí-SC e Mogi das Cruzes-SP. Os demais buscam vagas nas Câmaras Municipais, com um deles, em São Paulo, preferindo não divulgar seu nome.

A advogada Carolina Siebra, especialista em Direito Eleitoral, explica que, apesar de vários desses candidatos estarem sob medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica e restrições nas redes sociais, estão aptos a concorrer.

“Eles não possuem condenação definitiva, logo, são legalmente elegíveis”, afirma Siebra, citando o artigo 15 da Constituição Federal.

Ainda que estejam em conformidade legal para a candidatura, Siebra ressalta que essas restrições impõem desafios, como a limitação do uso de redes sociais e a necessidade de “recolhimento noturno e nos fins de semana”. Esses obstáculos são uma constante para muitos dos candidatos, que dependem de redes de apoio para conduzir suas campanhas.

A candidata Tatiane Marques, de Santa Maria-RS, enfrenta dificuldades similares. Ela relata que, com as restrições impostas, não pode comparecer a eventos que ocorrem à noite ou nos fins de semana, momentos cruciais para a campanha eleitoral. Maxcione Pitangui, candidato a vereador em Serra-ES, descreve as dificuldades de concorrer com restrições:

“É como disputar uma corrida de Fórmula 1 em uma bicicleta com pneus furados”.

Em Vitória-ES, Armandinho Fontoura, vereador em campanha pela reeleição, ajustou sua rotina para iniciar a distribuição de material de campanha a partir das 6h.

“Trabalho das 6h até as 20h, respeitando o monitoramento eletrônico. Esse é o horário máximo permitido para ‘tornozelados’ no Espírito Santo”, explica ele, apontando variações nas restrições por estado.

Outros candidatos, como o carioca Pimentel Patriota, dependem exclusivamente de doações e apoio popular para tocar suas campanhas. Ele ficou conhecido após um vídeo seu circulando em um burrinho viralizar, destacando as dificuldades enfrentadas para continuar na disputa. Para ele, a experiência representou uma forma de atrair simpatizantes e atenção para a causa.

Entre os que têm uso restrito de redes sociais, a professora Fabiana Sanches Prado, de Muzambinho-MG, relata o impacto da falta de comunicação direta com o público.

“É um desafio enorme, mas contamos com o apoio de amigos e familiares para transmitir nossas mensagens”, declara.

Outros candidatos fazem da defesa da liberdade de expressão uma das principais bandeiras. Guilherme Rodrigues da Silva, de Gravataí-RS, acredita que sua prisão e monitoramento se devem a um vídeo que gravou criticando os acontecimentos de janeiro. Ele resume sua luta:

“O direito de falar é o pilar da democracia”.

A seguir, listamos alguns dos candidatos que participaram dos atos de janeiro e estão concorrendo nas eleições municipais de 2024:

Alguns candidatos dos atos de 8 de janeiro

Alagoas

• Maceió: Bete Patriota (MDB), vereadora

Bahia

• Prado: Darlene Cabeleireira (PMB), vereadora

Espírito Santo

• Vitória: Armandinho Fontoura (PL), vereador

Paraná

• Céu Azul: Marcos Geleia Patriota (NOVO), vereador

Rio de Janeiro

• Duque de Caxias: Pimentel Patriota (MDB), vereador

Rio Grande do Sul

• Santa Maria: Tatiane Marques (PL), vereadora

São Paulo

• Limeira: Fátima Prearo (PRTB), vereadora

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