Brasileiros trocam comida por apostas no Tigrinho e nós estamos pagando a conta!
02/10/2024 às 14:18 Ler na área do assinanteSe alguém ainda duvidava que o Brasil está a anos-luz de estar pronto para as mudanças que precisa, agora não resta mais dúvidas. Além do atraso secular causado pela nossa colonização, que demorou apenas 300 anos para criar o primeiro curso superior no Brasil, 500 anos depois de Cabral, o brasileiro médio ainda parece viver com uma mentalidade da Idade da Pedra – ou, no caso, das bets.
De acordo com um estudo da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), 63% dos apostadores brasileiros já estão comprometendo sua renda com apostas. E isso não é tudo. Impressionantes 19% admitiram parar de comprar comida no mercado para continuar apostando, enquanto 11% preferiram deixar de gastar com saúde e medicamentos para alimentar o vício nas bets.
E não pense que essa bomba se limita a quem pode esbanjar dinheiro. O Banco Central revelou que, só em agosto, os beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões em sites de apostas esportivas – isso representa 21,2% do total de recursos do programa naquele mês. Sim, o dinheiro que deveria comprar arroz, feijão e remédio está indo direto para o tigrinho, a pandinha e as cobrinhas da vida!
Desde janeiro deste ano, 24 milhões de brasileiros fizeram pelo menos uma transferência para sites de apostas. O perfil mais comum é o jovem entre 20 e 30 anos, com uma média de R$ 100 por aposta. Mas, adivinha? Conforme a idade avança, o valor também aumenta, e brasileiros com mais de 60 anos estão gastando, em média, R$ 3 mil por aposta. Isso mesmo, a terceira idade que devia estar aproveitando o sossego, está apostando pesado nas bets.
Cassinos Físicos ou Tigrinho Online?
Agora, a pergunta é: de quem é a culpa? Claro, parte é da própria população, mas o Estado também tem suas mãos sujas nesse jogo. Como pode o Brasil permitir o funcionamento de apostas online, mas proibir cassinos físicos? Quem geraria mais empregos?
Empresas digitais estrangeiras que mamam nas nossas custas, ou cassinos físicos, com garçons, seguranças, cozinheiros, faxineiros e toda a turma que gira a economia local? Além disso, há uma estimativa de que mais de 2 mil empresas de apostas digitais operem no Brasil. Dessas, oficialmente só 113 estão registradas, e 40 são controladas por estrangeiros. Adivinha quem está financiando o "sucesso" dessas empresas? Nós, os trouxas pagadores de impostos.
A liberação dos cassinos físicos poderia ao menos gerar emprego e movimentar a economia local, ao contrário das apostas online, que sugam nosso dinheiro e o mandam direto para o exterior. Quem sustenta as apostas somos nós, que pagamos impostos e não vemos um centavo de volta.
Embora não seja toda a população do Bolsa Família que aposte, estamos falando que de cada R$ 5 gastos pelo governo, R$ 1 vai direto para o lixo – ou melhor, para as mãos de quem realmente ganha com esse esquema. Só em agosto, R$ 3 bilhões foram transferidos para "meia dúzia de mafiosos" que riem da nossa cara enquanto o brasileiro troca o feijão pelo sonho da casa na praia.
Vício em Apostas: A Nova Epidemia Brasileira
O problema é maior do que imaginamos. Estima-se que o Brasil esteja perdendo R$
23 bilhões por ano com apostas online, e cerca de 14% da população – aproximadamente 30 milhões de pessoas – já está viciada. Agora, junte esses 30 milhões de apostadores com os 10 milhões de desempregados, os viciados em drogas, os moradores de rua, e os que vivem em áreas de risco, e me diz: onde vamos parar?
E enquanto o Brasil afunda, estamos aqui preocupados com o próximo escândalo econômico do governo. Mas não podemos deixar de perguntar: de quem é a culpa dessa farra? Da esquerda, do centro, e até de alguns que diziam ser conservadores.
Sim, a lei das bets foi aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada por ninguém menos que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em dezembro de 2023. Foram 292 votos a favor contra 114 na Câmara dos Deputados.
Mas, a origem dessa bagunça remonta a 2018, quando o então presidente Michel Temer deu a primeira canetada que abriu as portas para esse circo.
Sem Prioridades, Sem Futuro: Um País que Troca Educação por Apostas
O Brasil, definitivamente, perdeu a bússola. Um país que mais parece estar navegando sem rumo, sem educação de qualidade, sem desenvolvimento econômico e, claro, sem formação profissional digna. E agora, como cereja do bolo, estamos vendo o vício nas apostas emergir como um sintoma desse colapso social que está empurrando o país cada vez mais para o fundo do poço. E sabe o que é pior? Estamos deixando a parte mais vulnerável da nossa população cair na armadilha dessa jogatina que está prestes a comprometer o futuro do Brasil de vez.
O Estado, por um lado, precisa ser menos invasivo na vida privada do cidadão – isso a gente já sabe e defende. Mas, por outro lado, é inegável que temos uma crise gigante à nossa porta. O vício nas apostas está sugando os mais pobres e miseráveis, jogando qualquer chance de desenvolvimento na lata do lixo. Pra quem ainda não entendeu, é como liberar o uso de todas as drogas ilícitas do dia pra noite. Sim, é desse nível de irresponsabilidade que estamos falando.
Os dados não mentem: desde o início da pandemia, o mercado de apostas explodiu. Enquanto o país lutava para sobreviver ao coronavírus, as bets faziam a festa, e o crescimento foi absurdo. Agora, estamos colhendo os frutos podres dessa cultura que, em menos de dois anos, já mostrou que veio para devastar.
E vamos ser claros: se o Estado impede que as drogas ilícitas sejam liberadas por conta do risco social e econômico, por que o mesmo Estado não se mobiliza para frear o crescimento desenfreado das apostas? A direita pode até ser liberal na economia, mas tudo tem limite. Quando estamos lidando com uma população tão vulnerável, a intervenção estatal se torna não só necessária, mas vital para impedir que o vício nas apostas destrua o que resta da nossa economia e dignidade social.
Adam Smith já dizia, e vale lembrar: “O consumo é a única finalidade e o único propósito de toda a produção.” E o que estamos fazendo? Barganhando nosso futuro em sites de apostas, enquanto o Brasil segue afundando.
E no fim, adivinha quem paga essa conta? Como sempre, nós.
Daniel Camilo
Jornalista e estudante de Direito e Ciências Políticas. Conservador de Direita e Nacionalista. Em 2022, concorreu ao cargo de deputado federal pelo Estado de São Paulo. Atualmente, está dedicado à escrita do seu primeiro livro, "Academia do Analfabeto Político”, uma obra que tem ênfase na ética política e no comportamento analítico do cidadão enquanto eleitor.