Falsa renovação política: O centrão fazendo de nós um parasita que alimenta o sistema (veja o vídeo)

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Em 2018, tivemos a maior taxa de renovação da história. No Senado, das 54 vagas disputadas (dois terços das cadeiras), 46 novos senadores foram eleitos. Uma renovação de 85%. Apenas 8 velhos conhecidos da política foram reeleitos. Na Câmara dos Deputados, das 513 vagas, 243 novos parlamentares tomaram assento, quase 50% de renovação. Ou seja, metade da “velha guarda” foi chutada pela população. 

Agora, nas eleições de 2022, a taxa de renovação na Câmara foi de 39,38%, uma queda em relação aos recordes de 47,37% em 2018. Dos 513 deputados eleitos, 202 eram estreantes em todos os partidos, enquanto 294 garantiram a reeleição. Apesar da direita ter mantido a maior bancada, o pensamento da população não mudou o suficiente para ampliar significativamente o número de conservadores no parlamento. A esquerda e o centro também cresceram muito. O PT pulou de 56 para 68, o União saiu de 51 para 59, o PP saiu de 37 para 47, O PSD Kassab saiu de 34 para 42, o MDB de 34 para 42, o Republicanos de 30 para 41, o Podemos de 11 para 12, o Psol de 10 para 12 e etc… 

O Centrão, por sua vez, ficou ainda mais forte e parte dele está no PL. Em 2018, o partido elegeu 33 deputados. Com a migração de outros antes das eleições, passou a ter 76. E nas eleições de 2022, esse número saltou para 99 eleitos. Dos 52 deputados do PSL (o partido que lançou Bolsonaro), apenas 19 seguiram com ele. Em 2022, novos nomes da direita? Muito poucos: Nikolas, Gustavo Gayer, Ricardo Salles, Pazuello, Ramagem, Zé Trovão, Mario Frias e mais alguns. 

O PL só ficou grande porque muitos migraram para a legenda, ou permaneceram na legenda e o nome do Bolsonaro reelegeu a maioria… é apenas uma questão de puxadores de votos e o Bolsonaro em 2022 era o puxador de votos. Mas a falta de organização fortaleceu as candidaturas do centro, principalmente dentro do PL.

Exemplo claro é Rosana Vale, eleita pelo PSB-SP em 2018 com 106 mil votos e, quando concorreu em 2022 pelo PL, foi reeleita com 216 mil votos (mais que dobrou). Inclusive, foi cotada para ser vice de Tarcísio. Tiririca, que estava no PR em 2018 (agora PL), foi eleito com 445 mil votos. Era para estar fora do jogo, mas, graças ao fator Bolsonaro e ao coeficiente, f oi reeleito com apenas 71 mil votos. 

E dos 513 deputados eleitos, apenas 28 se elegeram com votos próprios. Todos os outros foram puxados pelo coeficiente eleitoral, graças aos "puxadores de voto". E aqui está o erro fatal do PL: muitos eleitos vieram de partidos como DEMOCRATAS, PDT, PSB. Marlon Santos (PDT-RS), eleito pelo PL; Rosana Vale (PSB-SP), agora no PL; Silvia Cristina (PDT-RO), eleita pelo PL; Emidinho Madeira (PSB-MG), eleito no PL; Jefferson Campos (PSB-SP), também no PL. Muitos desses eleitos no PL seguem a cartilha da esquerda há muito tempo. E deve ter também ex PSDB, MDB deve ter até ex PT… 

Uma reforma política no Brasil é tanto um sonho quanto uma missão impossível. A tal "renovação política" é uma ilusão brasileira. Na teoria, o Brasil deveria ter virado uma página nesses 4 anos do governo Bolsonaro. Mas, o que vimos foi uma verdadeira demonstração de como o centrão é organizado e resistente às mudanças radicais que nós desejamos.

Foto de Daniel Camilo

Daniel Camilo

Jornalista e estudante de Direito e Ciências Políticas. Conservador de Direita e Nacionalista. Em 2022, concorreu ao cargo de deputado federal pelo Estado de São Paulo. Atualmente, está dedicado à escrita do seu primeiro livro, "Academia do Analfabeto Político”, uma obra que tem ênfase na ética política e no comportamento analítico do cidadão enquanto eleitor.

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