Nos últimos dez anos, o Brasil destinou cerca de R$ 4,7 trilhões ao pagamento de juros, segundo dados apresentados por Josué Gomes, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), durante um evento realizado na Faria Lima, centro financeiro de São Paulo.
A revelação chamou a atenção de diversos stakeholders, levantando questões sobre a prioridade financeira do país e os efeitos desse gasto sobre a economia.
Investimentos na indústria são frequentemente apontados como motores de crescimento sustentável, promovendo inovação, geração de empregos e competitividade global. Com tais valores direcionados corretamente, o Brasil poderia ter fortalecido sua infraestrutura industrial, incrementado a cadeia de valor e melhorado significativamente suas exportações.
O valor impressionante, equivalente a cerca de metade do PIB nacional, reflete a alta dependência do Brasil em operações de dívida pública. Para muitos economistas e empresários, essa destinação de recursos representa uma oportunidade perdida para investir em setores cruciais, como infraestrutura, saúde, educação e, especialmente, a indústria.
Josué Gomes destacou que a indústria da construção, um dos pilares do crescimento econômico, sofre diretamente com essa política monetária, sendo incapaz de competir com outros países que possuem taxas de juros mais baixas e políticas de incentivo mais agressivas.
Especialistas argumentam que a redução da carga de juros poderia liberar fundos não apenas para a indústria, mas também para áreas como educação, saúde e infraestrutura, fundamentais para o desenvolvimento do país. A discussão gira em torno da necessidade de uma reforma fiscal que possibilite ao Brasil equilibrar melhor sua dívida, reduzir encargos financeiros e impulsionar o crescimento econômico de longo prazo.
Os empresários pedem uma revisão das políticas monetárias e fiscais, buscando estratégias que possam equilibrar o pagamento de dívidas com o investimento produtivo. A longo prazo, a queda nas taxas de juros, aliada a uma política de fomento à indústria, pode ser a chave para um desenvolvimento mais sustentável.
As questões levantadas por Josué Gomes continuam atuais no debate sobre a política econômica brasileira. O elevado pagamento de juros e sua relação com o endividamento público têm sido temas recorrentes, especialmente com as altas taxas de juros mantidas pelo Banco Central, que impactam diretamente o custo de financiamento para empresas e consumidores.
A indústria, particularmente setores como a construção civil, segue pressionando o governo por políticas que aliviem o custo do crédito e incentivem o investimento. A política monetária do Brasil ainda está em um ponto de ajuste, com o Banco Central tentando equilibrar o controle da inflação com a necessidade de fomentar o crescimento econômico. Nesse contexto, a crítica sobre o alto gasto com juros, que consome recursos que poderiam ser aplicados em infraestrutura e inovação, permanece relevante e é alvo de discussões contínuas entre empresários, economistas e o governo.
Carlos Arouck
Policial federal. É formado em Direito e Administração de Empresas.