Foto retrata o ilusório mundo político em Belo Horizonte
14/09/2024 às 15:03 Ler na área do assinanteCausa estranheza por si só, a inusitada foto do candidato a prefeito de Belo Horizonte, Mauro Tramonte, frente a frente com o desacreditado ex-prefeito da capital mineira, Alexandre Kalil, e ao fundo as obras da bacia de contenção de enchentes na região da Vilarinho em Venda Nova, que demonstra a capilaridade com que tentam tirar capital político de eventos quase viciantes da cidade, inclusive, com vítimas fatais. Essa conduta, fideliza bem o comportamento do político brasileiro.
Não à toa, Kalil foi de rosa na visita, como numa mensagem subliminar aos incautos. Ele sabe que no imaginário das pessoas, vai encontrar ressonância com a esquerda, vez que a pauta LGBT etc e tal, cativa minorias, buscando minimizar resistências. Ele já traz isso desde os tempos de sua gestão como mandatário do Atlético. Foi o primeiro dirigente esportivo a incluir o rosa no vestuário de um clube profissional (camisa de treinos).
Especificamente em Belo Horizonte, tem mazelas municipais que são usurpadas por políticos. Veja a poluição da Lagoa da Pampulha. Entra ano, sai ano, aparecem os “heróis de prateleira” que prometem despoluir um dos cartões postais da capital. O resultado se limita até o fim das eleições. Depois, começa tudo de novo. Outro caso é a população de rua, fomentada à época da Pandemia por Alexandre Kalil. Mas é só termos uma visita ilustre na cidade, que fazem uma limpa com essas vítimas de políticas públicas equivocadas, e os rebocam para outros locais para trazer ares perfumadinhos de civilidade aos visitantes.
No caso das enchentes, o próprio Kalil se declarou culpado pela morte de mãe e filha de 6 anos em 2018. Essa confissão se deu em seus corriqueiros arroubos, onde disse que prefeito que entra e não resolve a situação é culpado. Hoje, seis anos depois, a obra não foi finalizada, e à medida que o candidato Tramonte, por sua vez, declarou que os dois “pensam iguais” para justificar a aproximação em troca de apoio, coloca em xeque sua própria candidatura. A meu ver, deixa uma mácula perigosa neste pleito. Acho até que perdeu a oportunidade de ser uma candidatura importante da direita, patenteando acusações à sua condição ideológica de isentão, ao se perfilar a político de viés esquerdista e de caráter duvidoso (desculpe o pleonasmo).
Até porque, com suas declarações sobre as obras, Tramonte se fideliza com seu concorrente nas eleições, o declarado esquerdista de primeira linha e atual prefeito, Fuad Noman, afinal ele é quem vem tocando a obra agora. Seria de imaginar o constrangimento numa eventual inauguração da obra, caso fosse possível, com Noman, Kalil e Tramonte no mesmo palanque. Quero crer na sinceridade do Tramonte quando acusa o atual prefeito de fazer campanha política com a obra, pois é verdade que Noman, de fato, a faz. Quem sabe um dia, um jornalista profissional questione o Kalil a respeito. O que ele responderia?
Já foi tema de uma matéria que escrevi, quando citei o candidato Duda Salabert, que usa de discursos da velha política (leia aqui - https://www.jornaldacidadeonline.com.br/noticias/61720/demorou-da-dita-safra-nova-duda-salabert-adot... ), e este caminho é percorrido por políticos Brasil afora.
Seria cômico, se não fosse trágico, que uma eleição com dez candidaturas, apenas uma seja reconhecidamente da direita, e raça pura, com Bruno Engler e sua vice, a Coronel Cláudia. Certa vez ouvi da própria Coronel Cláudia: “Nossa campanha está focada nos projetos que estamos apresentando, e vamos seguir firmes neste propósito por nosso comprometimento com a população de Belo Horizonte.”, que ainda complementa; “As demais candidaturas, em que pese aparecer uma ou outra cara que para o eleitor pode parecer nova, é apenas mais do mesmo, porque pertence ao mesmo grupo político, à esquerda, que governa Belo Horizonte há 40 anos.” Ou seja, as outras candidaturas são, praticamente, farinha do mesmo saco, ainda que se façam de desentendidos subjugando o eleitor.
O Mauro Tramonte que se cuide, pois tem uma expressão que pode lhe cair bem: o inimigo mora ao lado! Já vimos esse filme, além das telas, muitas vezes no nosso cotidiano político.
Alexandre Siqueira
Jornalista independente - Colunista Jornal da Cidade Online - Autor dos livros Perdeu, Mané! e Jornalismo: a um passo do abismo..., da série Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa! Visite:
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