CNN Brasil é condenada a pagar indenização a jornalista por racismo
13/09/2024 às 12:26 Ler na área do assinanteA CNN Brasil foi condenada a pagar R$ 50 mil de indenização por danos morais ao jornalista Renan de Souza, que atuou no canal entre 2020 e 2022. Souza afirmou que durante uma discussão sobre a edição de uma reportagem sobre o assassinato de George Floyd, o então editor-chefe Asdrúbal Figueiró Júnior proferiu uma frase de cunho racista, dizendo:
"Isso é coisa de preto".
A CNN Brasil divulgou uma nota repudiando qualquer ato racista, mas ainda pode recorrer da decisão.
Renan de Souza relatou no processo que o comentário ocorreu após ele discordar de um corte proposto por Figueiró na matéria, argumentando que a edição não transmitiria adequadamente o ocorrido com Floyd, que foi morto por um policial branco.
Segundo Souza, o editor teria respondido:
"Você está dizendo isso porque é preto, está querendo defender preto, e você não entende nada de racismo."
Uma testemunha confirmou em depoimento que presenciou Figueiró falando "isso é coisa de preto" e outros comentários semelhantes. Ela também relatou que Souza ficou visivelmente abalado após a discussão. Figueiró, por sua vez, nega ter feito qualquer declaração de cunho racista.
Inicialmente, Souza perdeu a ação em primeira instância, mas a decisão foi revertida na segunda. O desembargador Paulo José Ribeiro Mota, relator do caso, concedeu a indenização ao jornalista por danos morais, reconhecendo o assédio e o racismo no episódio.
Por outro lado, o tribunal negou outras reivindicações do jornalista, como equiparação salarial com colegas mais experientes, pagamento de horas extras e rescisão indireta, argumentando que seu desligamento ocorreu dois anos após o incidente.
Em sua defesa, a CNN Brasil declarou que não foi comprovado racismo estrutural na decisão e ressaltou que apenas um episódio foi reconhecido como ofensivo. A emissora destacou ainda que o editor envolvido não faz parte da equipe há quase dois anos.
Figueiró, em entrevista à Veja, negou as acusações e afirmou que não foi chamado a depor no processo. Segundo ele, o debate na época era sobre a exibição da imagem de George Floyd, e não sobre questões raciais. Ele reiterou que a cobertura do caso Floyd foi um destaque na programação da CNN Brasil, e que ele esteve diretamente envolvido na coordenação.
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