A extensa lista de magistrados da ‘cota’ de Adriana Ancelmo
25/06/2017 às 06:45 Ler na área do assinanteAdriana de Lourdes Ancelmo, moça de origem humilde, estudante de escola pública, moradora de um velho prédio em Copacabana, atendente em uma loja no Shopping Rio Sul, onde ganhava o dinheiro que utilizava para pagar o seu curso superior.
Fez direito na PUC, onde, esperta, conquistou uma grande amizade com o professor Régis Fichtner, que, mais tarde, seria o elo de sua ligação com o então deputado estadual Sérgio Cabral.
Régis Fichtner, um gaúcho, amigo de Cabral, que viria a ser seu suplente de senador e depois até assumiria a cadeira, quando Cabral elegeu-se governador.
Antes, porém, quando Cabral foi presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Régis Fichtner foi o procurador-geral da casa.
Adriana, amiga e aluna de Fichtner, foi então convidada para assessorá-lo na procuradoria da Alerj.
Não tardou para que ‘João Cabra’ e ‘Lourdinha’ se conhecessem. Ambos casados e depois, ambos separados, até se casarem e constituírem família.
Com Cabral governador, no tocante a nomeação de desembargadores, a participação de Adriana sempre foi decisiva.
Segundo a Folha de S.Paulo, inúmeros desembargadores do Rio de Janeiro chegaram ao cargo graças à intervenção da então primeira-dama, que, inclusive, por alguns, era tratada como ‘madrinha’.
Para tanto, basta dizer que dos atuais desembargadores do Rio de Janeiro, 12 foram nomeados por Sérgio Cabral. Todos eles passaram pelo crivo de Adriana.
Os tentáculos de Adriana em duas oportunidades, também alcançaram o Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde dois ministros foram nomeados graças ao seu ‘apadrinhamento’, com a interferência do governador junto ao então presidente Lula. Benedito Gonçalves e Luis Felipe Salomão.
Aliás, ainda segundo a ‘Folha’, a separação de Adriana e Cabral em 2011, deu-se porque numa outra vaga para o STJ, o governador não deu preferência ao afilhado da esposa, optando pelo atual ministro Marco Belizze.
Na reconciliação, as benesses de Adriana foram ampliadas e é justamente nesta segunda fase do casamento que pesam quase todas as acusações de crimes praticados pela ex-primeira dama.
Neste novo período matrimonial, Adriana deixou de exercer apenas o tráfico de influência, para alavancar os seus negócios e receber diretamente a propina, que vinha semanalmente em malas recheadas de dinheiro.
Com toda essa força e tantos afilhados, natural que Adriana acreditasse piamente na impunidade.
Abaixo, a relação de todos os desembargadores nomeados nos dois mandatos de Cabral:
Jose Muinos Pineiro Filho - Data da posse: 14/02/2008
Renata Machado Cotta - Data da posse: 08/09/2008
Paulo Sergio Rangel do Nascimento - data da posse: 30/03/2010
Maria Regina Fonseca Nova Alves - Data da posse: 19/04/2010
Marcelo Lima Buhatem - Data da posse: 19/07/2010
Claudia Telles de Menezes - Data da posse: 02/08/2010
Andre Emílio Ribeiro Von Melentovytch - Data da posse: 13/12/2010
Patricia Ribeiro Serra Vieira - Data da posse: 18/04/2011
Luciano Saboia Rinaldi de Carvalho - Data da posse: 18/04/2011
Claudio Tavares de Oliveira Junior - Data da posse: 18/04/2011
Flavia Romano de Rezende - Data da posse: 05/12/2011
Mônica de Faria Sardas - Data da posse: 25/03/2013
ERRATA:
Na primeira versão desta matéria, o Jornal da Cidade publicou, equivocadamente, uma lista com 90 desembargadores do Estado do Rio de Janeiro que teriam sido nomeados por influência da ex-primeira-dama do Estado, Adriana Ancelmo. A reportagem não observou que a quase totalidade desses magistrados era de juízes de carreira, promovidos exclusivamente pelos critérios de antiguidade e merecimento do TJ-RJ, não sujeitos a ingerência do Poder Executivo.
O outro lado, a posição da Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro:
"O Jornal da Cidade não apresenta nenhuma comprovação de ingerência política de Adriana Ancelmo na nomeação dos desembargadores citados na lista. Este tipo de ilação difama magistrados e não contribui para o país em um momento em que a Justiça desempenha papel destacado em julgamentos da Operação Lava-Jato – na qual a ex-primeira-dama aparece como investigada. A AMAERJ reafirma que a nomeação de desembargadores advindos da advocacia e do Ministério Público para o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro segue rigorosamente a Constituição Federal e atende a todos os parâmetros legais."
Amanda Acosta
Amanda @jornaldacidadeonline.com.br
da Redação