Milhares se reúnem com Bolsonaro na Paulista: Clamor por anistia e duras críticas ao STF

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No dia 7 de setembro de 2024, a Avenida Paulista se tornou novamente um ponto de encontro para milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Bandeiras do Brasil e faixas de apoio a Bolsonaro dominaram o cenário, com gritos de "liberdade" e "anistia já" ecoando pelas ruas. O evento, marcado pela crítica feroz ao Supremo Tribunal Federal (STF), teve como principal foco o pedido de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, que resultaram em depredações e detenções em Brasília.

No palco, Bolsonaro fez um discurso inflamado, voltando a defender a anistia aos detidos nos eventos de janeiro, que, segundo ele, "lutaram pelo país" contra um sistema corrupto. Ele classificou as prisões como injustas e cobrou medidas urgentes para corrigir o que vê como perseguições políticas. “É hora de perdoar os brasileiros e garantir que a lei não seja usada como ferramenta de opressão”, afirmou, arrancando aplausos e gritos entusiásticos da multidão.

A figura mais atacada nos discursos foi o ministro Alexandre de Moraes, a quem Bolsonaro acusou de "arbitrariedade". Moraes, que lidera investigações contra apoiadores do ex-presidente, foi citado diversas vezes, com Bolsonaro e outros líderes políticos pedindo que o presidente da Câmara, Arthur Lira, paute a anistia como uma forma de “frear os abusos” atribuídos ao ministro.

O deputado federal Nikolas Ferreira, uma das maiores vozes da nova direita, reforçou a pressão sobre Arthur Lira, condicionando o apoio da direita à sucessão da presidência da Câmara à votação da anistia. “Se Lira quer contar com o apoio da direita, ele deve pautar essa questão agora”, afirmou Ferreira, sugerindo que a base bolsonarista não apoiará candidatos que não se comprometerem com a pauta.

Eduardo Bolsonaro subiu o tom ao falar da “instrumentalização da lei” por parte do STF. Ele afirmou que o Brasil está vivendo um momento de abuso de poder, com decisões judiciais sendo utilizadas para silenciar opositores. "A justiça deve ser justa, e não uma arma nas mãos de um único homem para perseguir quem discorda do sistema", disparou, em referência direta a Moraes.

O jornalista americano Michael Shellenberger, convidado especial do evento, trouxe uma visão externa sobre o cenário político brasileiro. Para ele, o Brasil está no centro das atenções globais, e a forma como o país está lidando com questões de liberdade de expressão e justiça tem repercussões mundiais. “O que está acontecendo no Brasil serve de exemplo para o mundo. O país vive um momento decisivo para o futuro das democracias”, declarou Shellenberger, apontando o Brasil como a "nação mais importante do mundo neste momento".

O pastor Silas Malafaia também teve um papel de destaque no evento, repetindo a narrativa de que os atos de 8 de janeiro foram manipulados para criar uma falsa percepção de golpe, com o objetivo de justificar perseguições contra conservadores. "Tudo isso foi armado para manter o controle do poder e destruir aqueles que lutam pela liberdade", acusou o líder religioso, defendendo que os detidos são, na verdade, "heróis da pátria".

A manifestação na Avenida Paulista foi um claro reflexo da polarização que ainda domina o cenário político brasileiro. Mesmo após quase dois anos do fim de seu mandato, Bolsonaro continua a mobilizar grandes multidões e a influenciar o debate nacional. O foco na anistia e as críticas ao STF e ao governo Lula mantêm viva a chama de sua base, que, apesar de tudo, segue fiel.

Enquanto os pedidos de anistia e as críticas ao Supremo ressoam nas ruas, a pressão sobre Arthur Lira aumenta, e o clima político no Brasil se intensifica. Com a eleição da presidência da Câmara no horizonte e a insatisfação crescente com o Judiciário, o país parece prestes a enfrentar novos desafios e embates decisivos que podem redefinir o futuro da nação.

Foto de Carlos Arouck

Carlos Arouck

Policial federal. É formado em Direito e Administração de Empresas.

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