Delatores não dão trégua em mais um dia tenebroso para José Dirceu

15/07/2015 às 03:25 Ler na área do assinante

Não é a toa que a defesa do ex-ministro José Dirceu luta desesperadamente para conseguir um habeas corpus preventivo em favor de seu cliente. A cada dia novos e incriminadores fatos surgem e vão demonstrando que a nova decretação de prisão é apenas questão de tempo e, em caso dela realmente ser efetivada, somente a delação poderá novamente lhe dar a liberdade.

Nesta terça-feira (14) foi a vez do empresário Julio Camargo dizer que entregou R$ 4 milhões para o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu a pedido do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. 

Camargo fez essa declaração durante o segundo dia de interrogatório dos réus da Lava-Jato, ele colabora com a Justiça Federal, na condição de delator, desde dezembro do ano passado. O advogado de Dirceu, Roberto Podval, nega que seu cliente tenha recebido esse valor de Júlio Camargo.

A Polícia Federal já havia rastreado o caminho do dinheiro que liga o cartel de empresas que fraudaram a Petrobras a Dirceu. Antes de chegar à JD Consultoria, do ex-ministro, o dinheiro passou por dois intermediários, segundo a investigação. Um deles, Milton Pascowitch, dono da empresa Jamp, disse em delação premiada, no começo do mês, que o pagamento feito a Dirceu era propina oriunda dos desvios da Petrobras.

Laudo da PF mostra que, de 2009 a 2014, durante a vigência do contrato de obras da refinaria, a Camargo Corrêa repassou R$ 67,7 milhões a duas empresas do consultor Julio Camargo, a Piemonte (que recebeu R$ 22,7 milhões) e Treviso (para a qual foram repassados R$ 45,048 milhões). No mesmo período, essas duas empresas depositaram R$ 1,375 milhão a Pascowitch.

Camargo foi o segundo a ser ouvido pelo juiz Sergio Moro, da 4ª Vara Federal, nesta terça-feira. Pedro Barusco havia sido o primeiro a ser interrogado. Ele falou por cerca de três horas. De acordo com o advogado Jeffrey Chiquini, Barusco reafirmou que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto centralizava o recebimento do dinheiro propina do PT.

O ex-gerente de Serviços da Petrobras também disse que recebeu US$ 200 milhões brutos para ser distribuído no esquema. Barusco ainda afirmou que ficou com US$ 20 milhões no Brasil e que, só ele, entregou US$ 12 milhões ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque.

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da Redação
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