Eduardo Bolsonaro sobe o tom com Pablo Marçal e esquece do verdadeiro inimigo
22/08/2024 às 13:20 Ler na área do assinanteVerdade seja dita, a falta de posicionamento do ex-presidente Bolsonaro nas questões mais importantes e delicadas que envolvem a liderança do movimento conservador brasileiro sempre foi notável. Um exemplo disso é sua postura 'em cima do muro' ao não afirmar com clareza seu apoio a Ricardo Nunes, prefeito que tenta a reeleição na capital de São Paulo.
Esse “pouco me importa”, que ora dizia que “ainda era namoro”, ora confirmava o vínculo eleitoral com Nunes e ora afirmava que ele não era o candidato dos sonhos, somado aos encontros com Pablo Marçal e inúmeros elogios ao ex-coach, criou precedentes e condições para que uma personalidade autônoma conquistasse os votos conservadores da cidade de São Paulo e, além disso, polarizasse a candidatura a nível nacional.
Agora, com o “monstro” dentro de casa, com vida e eleitorado próprio, a família Bolsonaro tem partido para o ataque, não poupando o ex-coach de qualquer detalhe exposto pela mídia tradicional. Após Bolsonaro ter classificado Marçal como “coisa estragada”, é a vez de Eduardo Bolsonaro publicar um vídeo no antigo Twitter, agora “X”, atacando duramente Pablo Marçal.
No vídeo, Eduardo o relaciona com investigados de tráfico de drogas supostamente ligados ao PCC e o chama de fujão por faltar a uma entrevista com o jornalista Paulo Figueiredo nas redes sociais. Ele compara o empresário aos candidatos que faltaram ao debate promovido pela revista Veja e, de forma forçada, sugere que a acusação de “cheirador” feita por Marçal a Boulos foi um ato de covardia e hipocrisia, por supostamente “também” ter envolvimento com pessoas relacionadas ao crime organizado.
Opinião:
Deixo claro antecipadamente que este jornalista não é apoiador do candidato Pablo Marçal. Contudo, sou um defensor dos direitos individuais e da livre concorrência; afinal, sou um liberal por natureza e um conservador nacionalista na linha do Dr. Enéas Carneiro.
Bolsonaro, por diversas vezes, deixou lacunas em questões que deveriam ter sido preenchidas com posições assertivas e claras sobre os rumos a serem seguidos pelo movimento conservador. O caso de Pablo Marçal é apenas o primeiro exemplo que tomou vida própria e projeção não desejada pela família Bolsonaro.
Nada disso teria ocorrido se Bolsonaro tivesse “batido o pé” e apostado, ouvindo os milhões de apoiadores que pediam, através das redes sociais, pelo ex-ministro e deputado Ricardo Salles como candidato genuinamente de direita para a maior prefeitura do país.
E não me venha dizer que “fui vencido pelo Waldemar”. Não cola, não tem estrutura acreditar na possibilidade de que um ex-bandido, “santificado” pela direita, teria força para rejeitar um candidato puro sangue de direita em troca de um prefeito eleitoralmente natimorto. Sabemos que essa decisão foi tomada com todos na mesa.
Outro cenário que teria evitado toda essa situação seria uma posição clara em assumir a candidatura e o apoio a Ricardo Nunes, em vez de deixar no ar a possibilidade de abandonar o “barco” do emedebista, que sempre foi conhecido por sua amizade com Alexandre de Moraes, João Doria, Geraldo Alckmin, Marta Suplicy e Fernando Henrique Cardoso.
Agora, na tentativa de não perder prestígio e transferir votos ao candidato Ricardo Nunes, Bolsonaro adota a mesma estratégia que seus inimigos usaram durante os quatro anos de seu governo. O vídeo divulgado nada mais é do que uma tentativa de imputar difamação e relações com o crime organizado ao candidato Marçal, sem provas concretas, utilizando matérias jornalísticas de meios de comunicação que sempre atacaram o Governo Bolsonaro e sua própria família.
Daniel Camilo
Jornalista e estudante de Direito e Ciências Políticas. Conservador de Direita e Nacionalista. Em 2022, concorreu ao cargo de deputado federal pelo Estado de São Paulo. Atualmente, está dedicado à escrita do seu primeiro livro, "Academia do Analfabeto Político”, uma obra que tem ênfase na ética política e no comportamento analítico do cidadão enquanto eleitor.