Gigante varejista registra prejuízo bilionário no primeiro ano do Governo Lula

A Americanas reportou um prejuízo de R$ 2,27 bilhões em 2023, conforme balanço financeiro divulgado nesta quarta-feira (14). Esse resultado representa uma melhora em relação a 2022, quando as perdas da empresa atingiram R$ 13,2 bilhões (ajustados). Este é o primeiro balanço completo da companhia após a revelação, em janeiro de 2023, de uma fraude bilionária em suas demonstrações financeiras, que forçou a empresa a entrar em recuperação judicial.

A empresa explicou em seu relatório financeiro que "os eventos impactaram significativamente o resultado do período, com queda expressiva na receita e registro de prejuízos recordes". A receita líquida da Americanas foi de R$ 14,9 bilhões em 2023, uma redução de 42,1% em comparação com os R$ 25,8 bilhões registrados no ano anterior.

Impactos da crise e operação de recuperação

O prejuízo de 2023 foi amplificado pelos custos adicionais relacionados à investigação da fraude e ao processo de recuperação judicial, embora tenha havido alguma compensação por impactos tributários. A Americanas entrou com pedido de recuperação judicial em janeiro de 2023, e o plano foi aprovado pelos credores em 19 de dezembro, com apoio de mais de 90% dos votantes.

Durante o primeiro semestre de 2024, a empresa continuou a enfrentar dificuldades, registrando um prejuízo de R$ 1,4 bilhão, uma melhoria de 55,9% em relação às perdas de R$ 3,2 bilhões no mesmo período de 2023. A receita líquida nesse semestre foi de R$ 6,8 bilhões, uma leve queda de 2,6% em relação ao ano anterior.

Desempenho dos canais digitais e lojas físicas

O volume bruto de mercadorias (GMV) da Americanas em 2023 foi de R$ 22,8 bilhões, uma queda de 45,9% em comparação com 2022. Esse declínio foi impulsionado por uma redução de 75,7% nas vendas através de sua plataforma digital, que somou R$ 6,02 bilhões em 2023, contra R$ 24,7 bilhões no ano anterior. A empresa atribuiu esse desempenho ao ajuste estratégico de reduzir o volume de vendas próprias (1P) e migrar categorias para o marketplace (3P) com o objetivo de melhorar a rentabilidade.

Por outro lado, as lojas físicas demonstraram resiliência, com um GMV de R$ 14,1 bilhões em 2023, representando mais de 60% do total. Essa divisão registrou uma queda de apenas 2,3% em relação ao ano anterior. A partir do segundo trimestre de 2023, a performance do varejo físico começou a melhorar, após a reestabilização do relacionamento com fornecedores e mudanças na gestão de categorias de produtos.

Ebitda, endividamento e patrimônio líquido

O Ebitda ajustado da Americanas em 2023 foi negativo em R$ 2,4 bilhões, uma melhora em relação aos R$ 3,2 bilhões negativos de 2022. Esses números excluem custos relacionados à recuperação judicial, deterioração de ativos e revisões de contingências.

O endividamento bruto da empresa aumentou 5,6% em 2023, atingindo R$ 39,4 bilhões. O patrimônio líquido da Americanas, por sua vez, ficou negativo em R$ 28,8 bilhões, representando uma deterioração de R$ 2,1 bilhões em relação ao fim de 2022.

Relembre o ‘Caso Americanas’

Em janeiro de 2023, a Americanas revelou "inconsistências contábeis" em seus balanços, que totalizavam R$ 20 bilhões, levando à saída do então presidente Sergio Rial e desencadeando um processo de recuperação judicial. A situação da empresa deteriorou rapidamente, com suas ações despencando e credores iniciando disputas judiciais.

O plano de recuperação judicial aprovado pelos credores em dezembro de 2023 inclui um aporte de R$ 12 bilhões pelos acionistas de referência e a venda de ativos, como o Hortifruti Natural da Terra e a Uni.Co, além da possível venda da AME.

Esse é retrato de inúmeras empresas no primeiro ano do Governo Lula.

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