Piloto anterior à tragédia de Vinhedo fez alerta: "Fiz minha função, avisei o controle"

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Um piloto relatou ter alertado o controle de tráfego aéreo sobre a formação de gelo na janela lateral da cabine da aeronave que ele comandava na mesma área onde um avião da Voepass caiu nesta sexta-feira (9), resultando na morte de 62 pessoas.

O piloto, que havia realizado o voo algumas horas antes do acidente, ficou visivelmente abalado.

"Estou me sentindo mal, até chorei em casa agora, lembrando que eu reportei para o controle. Fiz minha função, avisei: ‘oh, formação de gelo severo. Fica a informação, passa para os colegas’", disse ele.

Com 16 anos de experiência na aviação, o piloto declarou nunca ter presenciado algo semelhante.

"Os caras viraram passageiro dentro do avião, perderam a capacidade de agir, imagina a sensação. Não gosto nem de pensar. Agora vai ter investigação, eu reportei. Isso vai estar lá. Eu nunca vi, formou gelo na minha janela lateral", enfatizou.

ALERTA DE “GELO SEVERO”

O controle de tráfego aéreo registrou o alerta de formação de gelo severo entre 3,6 mil e 6,4 mil metros de altitude. Imagens do acidente mostram a aeronave caindo em um giro vertical, conhecido na aviação como “parafuso chato”, indicando que o acidente pode ter sido causado por perda de sustentação, o chamado “estol”.

Especialistas sugerem que a perda de sustentação pode estar relacionada à formação de gelo nas asas da aeronave, mas apenas a investigação poderá confirmar essa hipótese.

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, declarou ontem que a caixa-preta do avião, que contém informações cruciais sobre o voo, foi localizada e parece estar em bom estado. Um inquérito foi aberto, e além dos peritos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), a Polícia Federal também está envolvida na investigação.

De acordo com informações preliminares, não houve qualquer alerta da tripulação sobre problemas durante o voo.

"É tudo prematuro, mas o que temos até agora é que não houve, por parte da aeronave, comunicação com os órgãos de controle sobre alguma emergência", afirmou o chefe do Cenipa, brigadeiro do ar Marcelo Moreno.

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