O trading de criptomoedas aumentou 30% no Brasil

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Nos primeiros meses de 2024, o mercado brasileiro de criptomoedas teve um aumento de 30% no volume de trading em relação ao ano anterior. Dados da Kaiko Research mostram que, desde janeiro até o início de maio, as negociações em reais alcançaram a cifra de US$ 6 bilhões.

Este grande aumento solidifica a posição do Brasil como líder no cenário latino-americano, mas também como um dos gigantes globais no comércio de criptomoedas em termos de moeda fiduciária. Isso é um reflexo claro do crescimento do interesse e da confiança no potencial das criptomoedas, apesar das volatilidades observadas nos mercados globais.

Embora o Bitcoin continue a ser uma figura dominante no mercado global, há muitas outras criptomoedas com potencial. No Brasil, as stablecoins como o Tether (USDT) ganharam uma popularidade surpreendente. Quase metade de todas as transações de criptomoedas no país agora envolve stablecoins, com o mercado de Tether crescendo quase 20% desde o último pico do mercado em 2021. Esse interesse aumentado mostra uma busca por estabilidade em meio às flutuações frequentes de valor que caracterizam outras criptomoedas mais voláteis.

O mercado também abraçou os fundos negociados em bolsa (ETFs) de Bitcoin, uma tendência que começou em 2021. Até março de 2024, os ETFs gerenciaram cerca de 2,5 bilhões de reais, aproximadamente US$ 500 milhões. Com grandes players como Hashdex e BlackRock no comando, os ETFs têm sido muito importantes no aumento da acessibilidade e na diversificação do investimento em criptomoedas no Brasil.

A chegada dos ETFs de Ethereum abre outra porta interessante para os brasileiros, dando mais opções de investimentos em criptoativos e deixando as moedas digitais cada vez mais perto do sistema financeiro tradicional. Desde a listagem do primeiro ETF de Ethereum na América Latina, o QETH11, pela QR Asset Management em agosto de 2021, a acessibilidade e integração das criptomoedas ao sistema financeiro tradicional têm avançado rapidamente.

Estes ETF refletem o preço do Ethereum em tempo real, permitindo que os investidores tenham exposição direta a essa criptomoeda sem necessariamente possuir os ativos digitais. Isso simplifica o processo de investimento em Ethereum, mitigando questões de custódia e segurança que geralmente acompanham os investimentos diretos em criptomoedas.

Atualmente, o Brasil conta com uma variedade de 13 ETFs de criptoativos, incluindo os que são focados em Bitcoin e outros que abrangem diferentes criptomoedas. Além disso, a previsão para o mercado de criptomoedas na América Latina ultrapassa US$ 7 trilhões, com o Brasil sendo um dos principais mercados e impulsionador para atingir esse valor.

Quanto à dinâmica de mercado das exchanges, Binance ainda mantém a maior fatia, respondendo por 79% das transações até o momento. No entanto, esse domínio reduziu um pouco. Já a maior exchange brasileira, o Mercado Bitcoin, e a Bitso, baseada no México, aumentaram sua participação de mercado combinada para 21% no início de maio, o mais alto nos últimos três anos.

O país também está avançando em termos de legislação, buscando acompanhar o crescimento e a expansão do mercado. A Lei 14.478/22 estabelece diretrizes claras para a operação de serviços de ativos virtuais, incluindo criptomoedas, com o objetivo de proteger os consumidores e prevenir crimes financeiros, como estelionato e lavagem de dinheiro.

A lei define que qualquer representação digital de valor que pode ser transferido digitalmente, negociado e utilizado para investimentos ou para pagamentos, será considerado ativo virtual. Uma das mudanças mais importantes introduzidas pela legislação é a criação de um novo tipo penal específico para fraudes envolvendo criptoativos, além de estabelecer penalidades mais severas para crimes de lavagem de dinheiro que envolvam esses ativos.

Além disso, todas as empresas que operam com criptoativos no Brasil agora devem seguir regras rigorosas, incluindo a necessidade de identificar seus clientes e manter registros detalhados das transações para facilitar a fiscalização e o combate ao crime. Essas medidas são vistas como um passo fundamental para integrar as criptomoedas ao sistema financeiro formal, aumentando a segurança jurídica para investidores e empresas do setor.

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