As “certezas” de Barroso, a justiça de Moraes e a travessia do meu Rubicão (veja o vídeo)
01/08/2024 às 16:03 Ler na área do assinanteBarroso em tocante foto com João de Deus, este dono de ‘um poder transcendente de exalar o bem’, segundo o ministro do STF. Cerca de trezentas mulheres estupradas já haviam percebido como João de Deus “exalava o bem”.
“No Brasil, nem um único boletim de urna é auditado” (Nicolás Maduro, ditador venezuelano, muito próximo de Lula, em discurso no dia 23/07/2024)
Finalmente esta besta venezuelana, o ditador sanguinário e narcotraficante Nicolás Maduro, disse uma verdade incontestável TECNICAMENTE. Quando digo “tecnicamente”, quero enfatizar que CONFIABILIDADE de SISTEMAS é assunto de Engenharia, e não coisa de bacharéis em Direito.
Não sou especialista em Confiabilidade de Sistemas, embora já tenha participado de duas bancas de doutoramento em São Paulo sobre o tema. Mas sei que, pela formação matemática e técnica exigida, o tema passa longe dos currículos dos cursos de Direito em todo o mundo. Mas nossos ministros do STF, Barroso à frente, deuses que se sentem, ousam dar pitacos em todos os assuntos, inclusive Confiabilidade de Sistemas de engenharia. É difícil admitir isto vindo de um criminoso como Maduro, mas a verdade é que nenhum voto, no Brasil, é auditado, ou auditável. Auditável significa que pode ser alvo de auditoria, fiscalização, testes, ou análises detalhadas. O presidente do STF, o ministro Luís Roberto Barroso tem ressaltado que, desde que entrou em uso nas eleições, em 1996, o sistema eletrônico de votação brasileiro nunca teve um único registro de fraude. Ele ASSEGURA que o sistema é auditável. Bom, Barroso também assegurou que Césare Battiste fora vítima de um julgamento injusto na Itália. Acima de tudo, Barroso ACREDITOU na inocência de Battisti, segundo ele próprio afirmou:
"O Césare me olha nos olhos e diz: ‘Não participei de nenhum desses homicídios’. EU ACREDITO NO QUE ELE ME DIZ. Mas, independentemente da minha certeza subjetiva, a leitura do processo traz muitas dúvidas objetivas".
Para quem não acompanhou o caso, lembro: de volta à prisão na Itália, após ter sido inocentado pelo STF em julgamento em que Barroso atuou como advogado, Césare Battisti CONFESSOU a autoria de todos os (04) quatro homicídios na década de setenta, pelos quais havia sido antes condenado à prisão perpétua. Este caso mostra como devemos lidar com as “certezas” de Barroso. Aliás, Barroso sempre foi notório por suas “certezas”. Sobre o farsante João Teixeira de Farias, o JOÃO DE DEUS, hoje preso por estuprar de mais de 300 mulheres, Barroso já afirmara ‘ipsis verbis’, com toda a “certeza”:
“O que eu posso dizer é que há uma coisa totalmente transcendente nesse poder que ele [João de Deus] tem de exalar o bem, de curar pessoas e de extrair o que há de melhor nas pessoas”.
Realmente, João de Deus sempre extraíra o melhor das pessoas, principalmente das mulheres. De Barroso, extraíra não apenas o depoimento acima, como também a tocante e transcendente foto que acompanha este texto.
Uma outra “certeza” de Barroso é de que ele e seus associados do sistema STF/TSE “derrotaram” o Bolsonarismo. Isto ele afirmou no 59º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Brasília. Na ocasião, perante a plateia comunista da UNE, Barroso vociferou:
“Nós derrotamos o Bolsonarismo”.
Além da confissão pública de militância política, algo inadmissível a uma Corte, mesmo que supostamente de Justiça, esta certeza de Barroso se mostrou absolutamente – e mais uma vez – errada. Basta ver que Bolsonaro arrasta multidões por onde anda. Desarmado, sem seguranças aparece em todo o Brasil cercado pelo povo, até quando vai comer um pastel em um boteco. Já Lula.3, uma construção do sistema STF/TSE, não pode sair do alvorada a não ser de helicóptero, carro blindado e com forte guarda pretoriana a protegê-lo do desprezo e indignação do povo. Seus eventos são, invariavelmente, vazios de gentes, por mais que sanduíches de mortadela e ônibus tenham sido postos à disposição do público. Derrotado é, na realidade, o indivíduo que Barroso e seus associados levaram de volta à “cena do crime”, expressão de Geraldo Alckmin. Derrotados fomos os brasileiros de bem, que desejávamos um presidente honrado no Planalto e uma equipe de governo diminuta e competente.
Portanto, quando Barroso afirma, com absoluta “certeza”, que o nosso sistema de votação é seguro e auditável, é bom acautelar-se.
Aécio Neves, quando "perdeu" para Dilma nas eleições de 2014, tentou, segundo rumores, contestar o resultado. Deparou-se, então, com uma barreira intransponível: os votos haviam se perdido no processo, restando apenas o resultado numérico final. Portanto, era IMPOSSÍVEL, como de fato o é, demonstrar qualquer fraude.
Paradoxalmente, quando Barroso afirma que desde 1996 o sistema eletrônico de votação brasileiro nunca teve algum registro de fraude, ele está certo. Sim, desta vez Barroso está certo! Mas é preciso acrescentar que é impossível DEMONSTRAR quaisquer fraudes neste sistema, por que os votos se perderam, não sendo possível recontá-los.
Em suma, o sistema não é auditável, como falou Maduro! Sobram apenas os resultados numéricos processados que somos obrigados, sob pena de sermos condenados por “crime de opinião”, a aceitá-los como perfeitos e confiáveis. Confiáveis como as demais “certezas’ de Barroso.
Se nunca houve demonstração de fraude é porque o sistema não permite tal demonstração.
Não existe obra humana perfeita, infalível, e aqui falo como engenheiro. Não seria o nosso sistema eleitoral, só adotado no Brasil, em Bangladesh e no Butão, que seria tal sistema perfeito. Bobagem – mais uma - do Barroso!
Eu me lembro como se fosse hoje. Estava quase no fim a apuração das eleições de 2014, que eu acompanhava pela televisão. Aécio Neves estava na frente de Dilma Rousseff. De repente, o sistema deu uma piscada e saiu do ar. Informou-se que Dias Toffoli, então presidente do TSE, corte de incontestável ilibada reputação (“Missão dada, missão cumprida”, pois não?), estava se dirigindo para o local. Certamente iria usar de sua incontestável expertise técnica (esses ministros do STF entendem de tudo, certo?) para resolver o problema. Quando o sistema voltou, Dilma corria na na frente. Isto é prova de fraude? Claro que não! Já disse, é impossível auditar este sistema. Nem significa duvidar do “amigo do amigo do meu pai”, Dias Toffoli, apesar de sua história de colaboração com o PT (advogado em eleições, subordinado de José Dirceu na Casa Civil, chefe da AGU de Lula, e finalmente, ministro do STF indicado por Lula, etc.). A menos que desconfiar não seja crime (difícil de crer nisso, no Brasil de hoje), eu nem desconfio de nada. E dispenso a lembrança de Caius Julius Caesar (100 a.C – 44 a.C) de que “Não basta a mulher de César ser honesta; tem de parecer honesta”.
E não venha, leitor, a desconfiar de alguma coisa nesta história da eleição de Dilma que esta desconfiança, embora não seja crime definido previamente em lei, o será segundo a vontade imperial de Alexandre de Moraes.
Houve rumores de que Aécio tentou recorrer do resultado, mas desistiu. Penso que foi parado por uma imperiosa barreira: não tinha como demonstrar fraude, existisse ela, ou não: o sistema não é auditável, como sentenciou Maduro. Aécio, pelo que se falou, não foi em frente e não esperneou. Como político maneiroso que é, amigo Gilmar Mendes, acabou por aceitar mansamente a fatalidade e Dilma voltou ao governo para terminar de destruir a economia do Brasil.
Embora a Constituição não exija, somos forçados a confiar em Alexandre de Moraes e seus associados, caso contrário cometemos um crime que, mesmo não definido no Código Penal, ainda assim pode levar ao encarceramento. (Coisa de ditaduras!).
Moraes, Barroso e demais componentes do sistema STF/TSE são, por definição e imposição ditatorial, Varões de Plutarco. Incontestáveis, mesmo quando falam de ciência e tecnologia. Duvidar deles é crime, mesmo que crime não definido anteriormente em lei. De Varões de Plutarco, nem em pensamento se pode duvidar. (Como de todos os ditadores, aliás.) Mas, chega um momento em que não dá mais para aguentar; o balão de nossa paciência explode. Como falam os Ingleses: “enough is enough!”. Também como falou Júlio César ao atravessar o Rubicão: “Alea jacta est” (A sorte está lançada!). Nunca discuti em público o nosso sistema eleitoral. Hoje atravesso, preocupado, este Rubicão.
José J. de Espíndola
Engenheiro Mecânico pela UFRGS. Mestre em Ciências em Engenharia pela PUC-Rio. Doutor (Ph.D.) pelo Institute of Sound and Vibration Research (ISVR) da Universidade de Southampton, Inglaterra. Doutor Honoris Causa da UFPR. Membro Emérito do Comitê de Dinâmica da ABCM. Detentor do Prêmio Engenharia Mecânica Brasileira da ABCM. Detentor da Medalha de Reconhecimento da UFSC por Ação Pioneira na Construção da Pós-graduação. Detentor da Medalha João David Ferreira Lima, concedida pela Câmara Municipal de Florianópolis. Criador da área de Vibrações e Acústica do Programa de Pós-Graduação em engenharia Mecânica. Idealizador e criador do LVA, Laboratório de Vibrações e Acústica da UFSC. Professor Titular da UFSC, Departamento de Engenharia Mecânica, aposentado.