O processo eleitoral na Venezuela foi marcado por diversas irregularidades. Na Venezuela, a urna eletrônica emite um recibo em papel com o candidato escolhido, que é depositado em uma urna física.
Os votos são somados e cada centro eleitoral emite uma ATA ELEITORAL, acompanhada por várias testemunhas.
Apenas 30% das atas foram disponibilizadas para conferência, que equivalem aos boletins de urna no Brasil. Todas as atas que foram divulgadas mostravam uma vitória esmagadora do candidato da oposição, Edmundo González. No entanto, depois de emitidas, muitas das 15 mil atas não foram enviadas ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Em um momento crítico, o site do Conselho Eleitoral da Venezuela saiu do ar após 80% da contagem das urnas, precisamente quando Edmundo González liderava a eleição. Maduro alegou que a queda do site foi provocada pelos opositores, acusando-os de terrorismo e afirmando que essas pessoas seriam presas.
A líder da oposição, María Corina Machado, afirmou que a oposição venceu com 70% dos votos, com base nas atas disponíveis. Contudo, os resultados oficiais divulgados pelo CNE na Venezuela somam 132,2% no total, apresentando uma evidente inconsistência, uma vez que 8 partidos teriam ficado com o mesmo percentual, 4,6%, o que é matematicamente inviável.
Um chavista encarregado da contagem publicou uma selfie no Centro de Informática, revelando inadvertidamente em todas as telas a retumbante derrota de Nicolás Maduro em vários estados.
Observadores internacionais não vinculados ao governo devem prestar contas pela veracidade dos resultados. Muitos países, como o Chile, declararam que não reconhecem nenhum resultado que não seja verificável. Diversos líderes mundiais manifestaram-se contra o reconhecimento dos resultados eleitorais na Venezuela. Por exemplo, o presidente argentino, Javier Milei, e o presidente chileno, Gabriel Boric, afirmaram que não reconhecerão as eleições venezuelanas. Boric destacou a necessidade de defesa da democracia e da vontade popular.
Em suas críticas, Maduro mencionou que o sistema eleitoral brasileiro também possui falhas, principalmente a falta de auditagem, fazendo alusões explícitas à decência e honestidade, diretamente questionando a integridade de processos eleitorais e políticos, usando como exemplo a administração de Lula. As eleições na Venezuela continuam sendo um emblema de luta e resistência. A postura do regime de Maduro em criticar outros sistemas eleitorais, como o do Brasil, visa desviar a atenção das críticas sobre suas próprias práticas. Entretanto, essa estratégia não oculta as graves irregularidades e a falta de transparência que têm caracterizado as eleições venezuelanas.
A resposta internacional tem variado, com alguns líderes e países se recusando a reconhecer os resultados oficiais, enquanto outros, por interesses diversos, continuam a apoiar ou aceitar o governo venezuelano. Gustavo Petro, por exemplo, expressou sua preocupação com a repetição de tais eventos em futuras eleições na região, como as de 2026.
Diversos países, especialmente os Estados Unidos e membros da União Europeia, impuseram sanções ao governo venezuelano, a autoridades individuais e a setores econômicos chave, em resposta às alegações de fraude eleitoral e violações de direitos humanos. Essas sanções visam pressionar o governo a realizar eleições livres e justas. As bases para qualquer intervenção internacional são controversas e delicadas, com muitos defendendo a soberania nacional, enquanto outros clamam por uma intervenção para restaurar a democracia e pôr fim ao sofrimento contínuo do povo venezuelano sob um regime que muitos consideram autoritário e repressivo.
O governo de Maduro tem sido acusado de reprimir a oposição de várias maneiras, seja por meio da prisão de líderes opositores, da desqualificação de candidatos oposicionistas e da censura de meios de comunicação independentes. Essas ações limitam a capacidade de organização e mobilização da oposição. O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), considerado como controlado pelo governo, tem repetidamente interferido nas eleições, anulando resultados desfavoráveis ao governo e desqualificando partidos e candidatos opositores. Essas ações minam ainda mais a credibilidade do processo eleitoral.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) e outros organismos internacionais também criticam duramente as eleições venezuelanas, frequentemente emitindo relatórios que documentam fraudes e irregularidades. Essas organizações têm pedido sanções e outras medidas contra o regime de Maduro.
Entre os países que aceitaram o resultado estão China, Rússia, Bolívia, Cuba e Honduras.Entre os que não aceitaram o resultado estão Colômbia, Chile, Uruguai, Argentina, Costa Rica, Guatemala, Peru, Espanha, Estados Unidos e Reino Unido.
A crise econômica e humanitária na Venezuela continua a ser um pano de fundo significativo para as eleições. A hiperinflação, a escassez de alimentos e medicamentos, e o colapso dos serviços públicos levam milhões de venezuelanos a deixar o país. Esse êxodo em massa também afeta o eleitorado e a dinâmica política.
A luta contra o regime de Maduro continua intensa. Muitos democratas ao redor do mundo não aceitam um resultado fraudulento que perpetua um governo autoritário. As eleições foram amplamente vistas como roubadas, com o objetivo de manter Maduro no poder por mais seis anos. O cenário na Venezuela demonstra claramente a dificuldade de alcançar uma democracia verdadeira sob um regime autoritário. A questão permanece: o que pode ser feito para garantir um processo eleitoral justo e transparente na Venezuela?
A narrativa das eleições na Venezuela é, em última análise, uma narrativa de resistência contra a opressão e a luta por uma democracia autêntica. A comunidade internacional e os defensores da liberdade devem continuar atentos e engajados, garantindo que a voz do povo venezuelano não seja calada.
Além disso, uma nova dinâmica tem surgido nas redes sociais, onde jovens ativistas venezuelanos utilizam plataformas digitais para denunciar as manipulações eleitorais e convocar manifestações pacíficas. Esta mobilização online representa uma nova frente de resistência, amplificando a voz dos que exigem justiça e transparência.
Carlos Arouck
Policial federal. É formado em Direito e Administração de Empresas.