Mafioso italiano é preso no Brasil, faz acordo e revela segredos do PCC e CV

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O mafioso italiano Vincenzo Pasquino, preso no Brasil, decidiu compartilhar segredos das facções criminosas PCC e CV (Comando Vermelho) com as autoridades italianas. Pasquino firmou um acordo de delação premiada com a Justiça italiana.

As informações foram divulgadas pelo jornal "O Estado de S. Paulo". A TV Globo confirmou o acordo de colaboração e relatou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) no Brasil está auxiliando as autoridades italianas no processo.

Pasquino ocupava uma posição de liderança na máfia da Calábria, a ‘Ndrangheta, considerada a mais poderosa da Itália. No meio policial e judiciário, é raro um líder da ‘Ndrangheta delatar.

Nas investigações, ele é visto como o maior intermediário do tráfico de cocaína da América do Sul para os clãs mafiosos da ‘Ndrangheta. Em sua atuação, ele mantinha contato com as duas facções brasileiras. Espera-se que ele revele detalhes sobre o funcionamento do tráfico internacional.

O mafioso admitiu pela primeira vez seu envolvimento com a máfia e suas atividades criminosas no Brasil em novembro de 2023, enquanto estava preso na penitenciária federal de Brasília, onde prestou depoimento às autoridades.

Pasquino foi extraditado para a Itália em março deste ano e atualmente está preso em Roma.

De acordo com o Estadão, quem revelou o acordo com a Justiça italiana foi o procurador Giovanni Melillo, chefe da Direção Nacional Antimáfia e Antiterrorismo da Itália.

“O senhor Pasquino decidiu colaborar com a Justiça, fazendo declarações e confissões que, já no estágio inicial, parecem relevantes também para investigações no Brasil, relacionadas ao tráfico internacional de entorpecentes organizado por grupos criminosos brasileiros ligados ao Primeiro Comando da Capital e ao Comando Vermelho”, escreveu o procurador em um documento acessado pelo Estadão.

No jargão do Judiciário italiano, Pasquino agora é considerado um pentito, equivalente ao delator no Brasil que fecha um acordo de delação premiada. Ao revelar o que sabe sobre o esquema criminoso, ele pode ter sua pena reduzida.

Além de revelar informações sobre as facções brasileiras, Pasquino deve delatar integrantes de três famílias da máfia italiana.

A reportagem do Estadão destaca que a colaboração de Pasquino com a Justiça italiana pode ter um impacto semelhante ao que teve, nos anos 1980, a colaboração de outro mafioso, Tommaso Buscetta, que revelou informações sobre a Cosa Nostra, a máfia siciliana, então a mais poderosa.

A Polícia de São Paulo já investigava a atuação de criminosos italianos no Brasil e sua ligação com o PCC. Policiais do Departamento Estadual de Investigações sobre Entorpecentes (Denarc) descobriram que os italianos haviam comprado ou alugado imóveis em São Paulo, onde mantinham contato direto com integrantes da facção criminosa.

O delegado do Denarc, Fernando Santiago, explicou que havia um grupo dentro do PCC que lidava exclusivamente com a máfia italiana.

"Vincenzo era responsável por lidar com os interesses de sua organização criminosa. A 'Ndrangheta negociava diretamente com o Primeiro Comando da Capital (PCC), e o setor responsável do PCC para lidar com organizações criminosas estrangeiras que adquiriam cocaína era a Sintonia do Tomate", afirmou o delegado.

Atuação no Brasil

O mafioso chegou ao Brasil em 2017, começando a trabalhar com o envio de drogas para a Itália. Primeiro, morou no Paraná, onde grandes carregamentos de cocaína entram pela fronteira com países vizinhos. Depois, mudou-se para São Paulo, ponto de saída das drogas para a Europa.

Na capital paulista, ele residiu no bairro do Tatuapé, na Zona Leste, onde o PCC adquiriu imóveis de luxo e estabeleceu a logística para a remessa da droga.

Em maio de 2021, uma operação conjunta da Polícia Federal, Interpol e polícia italiana prendeu Vincenzo junto com Rocco Morabito, um dos traficantes italianos mais procurados na época, em um flat em João Pessoa.

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