Reinaldo Azevedo, a caminho da desmoralização e do desemprego
24/05/2017 às 10:34 Ler na área do assinanteReinaldo Azevedo acaba de pedir demissão da Veja após ter o conteúdo de uma conversa sua com a agora presidiária Andréa Neves grampeada pela Polícia federal, incluída pela Procuradoria-Geral da República na Ação Penal contra o senador Aécio Neves e sua irmã e publicada pela revista.
Lamentavelmente, Reinaldo Azevedo tenta transformar o fato num ataque ao jornalismo e à liberdade de imprensa. Não é. Quem estava grampeada era Andréa Neves e não o ex-colunista. Sigilo da fonte não pode ser e não é sinônimo de impunidade. Erga omnes...
Sobre o caso, vale a pena ver as questões enumeradas por Felipe Martins:
1. A razão de existir o SIGILO DA FONTE é desobrigar o jornalista de revelar suas fontes. Se a fonte é grampeada e o jornalista é pego numa conversa, trata-se de mero ‘encontro fortuito’, isto é, o registro do contato entre o jornalista e sua fonte foi apenas um efeito colateral e não pode ser considerado quebra de sigilo;
2. É preciso esclarecer ainda que não cabe ao Ministério Público Federal - MPF omitir o conteúdo obtido com os grampos. Os investigadores devem, necessariamente, anexar TODOS os áudios obtidos e submetê-los à apreciação do juiz, que é quem determinará quais gravações interessam e quais não interessam ao processo e à prova. É o que determina o Art. 9º da Lei Nº 9.296 de 24 de julho de 1996;
3. Neste caso particular, pode-se questionar o porquê do procurador-geral da República não requerer a inutilização da gravação da conversa da irmã de Aécio Neves com Reinaldo Azevedo, mas não é possível saber os motivos sem ter acesso à íntegra do processo;
4. Se é verdade que o Rodrigo Janot age como um ator político, também é verdade que o Reinaldo Azevedo não é um simples jornalista, mas um formador de opinião, um agente de influência, alguém que está na mídia com a finalidade de defender e avançar interesses;
5. Por fim, um apelo. Parem de esvaziar conceitos científicos e de utilizá-los, metonimicamente, como meras ofensas. Quem está falando em ‘Estado Policial’ está fazendo justamente isso. Só seria possível utilizar esse termo se o Reinaldo Azevedo tivesse sido grampeado arbitrariamente, mas a grampeada foi Andréa Neves, com a devida autorização judicial e por motivos justificados. O que descobrimos sobre o Reinaldo foi mero ‘encontro fortuito’ e não é suficiente para esse alarde todo sobre os supostos riscos à liberdade de imprensa.
Passarinho que come pedra sabe o fiofó que tem!
Helder Caldeira