Um povo que não quer mais calar a sua voz

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As últimas manifestações na Avenida Paulista, a no início de Maio, e a de hoje, 9 de Junho, são sinalizadores importantes que o Povo reacendeu a vontade necessária de exercer e expressar diretamente a sua vontade.

Nos anos entre 2013 e 2016, os brasileiros levaram números nunca antes vistos até esse tempo para as ruas, em cenário diverso do atual; não tínhamos representantes políticos de fato, que espelhassem nossa vontade e estivessem dispostos a nos servir.

Desde então, surgiram alguns que se mantém em nossos corações, ainda que manobras políticas os tenham retirado da possibilidade de serem eleitos, e estejam cada vez mais perseguidos, apesar das suas imunidades cada vez menos respeitadas - e são eles os atuais responsáveis por chamar o Povo para as ruas.

A manifestação de apoio aos representantes leais ao Povo é uma parte relevante do exercício de qualquer Democracia real, distante de qualquer farsa; mas quando ela se torna uma constante férrea, a realidade do representante e do representado se alteram, passando a se sinalizar que a vontade é política e não popular, abrindo margens para que os representantes eleitos e lideranças políticas sejam visados de maneira particularmente nociva à sua atuação.

Mas quando o Povo vai para as ruas tanto por convocação política quanto por sua própria vontade, a ordem correta é restaurada: a vontade expressa nas manifestações é a do Povo, sendo os políticos leais a ele apenas servidores fiéis da sua incontestável soberania, e quaisquer alegações em contrário inverdade vergonhosa. Nem nossa Constituição deixa de identificar que a vontade do povo pode ser expressa de forma indireta, pelos representantes eleitos, ou diretamente, por sua vontade espontânea ou organizada por lideranças populares.

Cai por terra portanto, a ideia de que ir para as ruas com alguns políticos como apoiadores e não como organizadores é nociva aos esforços políticos; ela no mínimo, lhes remove um fardo dos ombros e retira deles um alvo de suas costas, devolvendo ao Povo um protagonismo de sua vontade e seu destino que não deve ser abandonado.

O Brasil observa com atenção a manifestação de 9 de Junho e seus desdobramentos futuros; eles determinarão se o Povo apenas saiu dos bastidores por um capricho temporário, ou entendeu que o exercício direto e presencial de seus desejos, somado aos esforços políticos, são o caminho mais sólido de tornar seus desejos, a realidade que ele tanto espera ser concretizada.

Tercio Rodrigo de A. Lima

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