A intenção é quebrar de vez a Petrobras... mas com muito "amor"
29/04/2024 às 06:17 Ler na área do assinanteO jornalista José Roberto Guzzo é, sem dúvida, uma estrela quase solitária no universo perverso e repleto de mediocridade do jornalismo brasileiro.
Respeitado por sua inquestionável credibilidade, angariada ao longo de uma carreira exemplar e magistral, é dono de um texto incomparável.
Pois bem, em artigo publicado no jornal Gazeta do Povo, Guzzo analisa a sanha do governo Lula em quebrar de vez a Petrobras e terminar o serviço que por muito pouco não conseguiu em suas gestões anteriores.
Uma análise contundente, com dados e fatos.
Algo realmente impactante.
Transcrevemos na íntegra:
“A primeira encarnação do governo Lula, com a parceria ativa do governo Dilma, chegou perto de quebrar a Petrobras. Foi com o assalto descrito pelo Banco Mundial – que nem o PT consegue chamar de ‘fascista’, ou de ‘golpista’, ou de ‘bolsonarista’ – como o maior escândalo de corrupção da história universal. É tudo tão alucinante que as evidências de ladroagem continuam a estourar até hoje, como minas que ficaram enterradas num campo de batalha fora de uso.
Ainda agora, uma empresa de comodities da Suíça, a Trafigura, acaba de confessar na Justiça dos Estados Unidos que durante onze anos seguidos, de 2003 a 2014, pagou suborno para fechar negócios com a Petrobras.
O Brasil, por causa do consórcio Lula-STF, passa a vergonha de ver que a sua estatal número 1 continua sendo exposta nos tribunais internacionais como empresa bandida – enquanto aqui dentro a Justiça decreta que toda a corrupção da Petrobras, confessa e provada, não existiu. Tudo bem: essa não é a primeira humilhação que este governo faz o país passar, e nem será a última. O problema real é que eles estão querendo quebrar a empresa de novo.
O veneno, mais uma vez, está na ideia fixa de Lula em tratar a Petrobras não como empresa pública, e sim como propriedade particular do governo, do PT e das empreiteiras de obras.
Com palavrório sempre irado, ignorante e mal-intencionado, ele diz para consumo de suas plateias que a empresa ‘é do Estado’ e, portanto, tem de servir aos desejos do governo.
Na prática, o que quer é privatizar a Petrobras em benefício de quem está mandando no país – é o que já fizeram e o que pretendem fazer outra vez.
A ladainha, agora, é que a estatal ‘não é dos acionistas’, e sim ‘do povo’. O ‘povo’, segundo Lula, quer que sejam feitos ‘investimentos’ – a Petrobras não pode, por esta alegação, pagar os dividendos que deve aos acionistas, e sim socar dinheiro na Refinaria Abreu e Lima, que já consumiu mais de 20 bilhões de dólares e até hoje não ficou pronta, e outras grandes ideias como essa. É um perfeito disparate.
‘O povo’, naturalmente, não quer nada da Petrobras – quer apenas que o governo cumpra a sua obrigação mínima de lhe tornar a vida um pouco mais cômoda, ou pelo menos não atrapalhar tanto. Ele não está vendo nem a cor de nada disso desde 1º de janeiro do ano passado.
Além do mais, a Petrobras é, sim, dos seus acionistas – se não é deles, de quem seria? O embuste de Lula e do PT é ignorar que o maior desses acionistas, aí sim, é o povo brasileiro. Por esta razão óbvia, seu interesse é que a empresa dê o melhor resultado possível. Nunca vai ver um tostão furado dos seus dividendos, é verdade, porque o governo prefere a morte a distribuir o lucro aos donos reais da Petrobras.
Mas se esses dividendos fossem pagos, o grosso do dinheiro iria para o Tesouro Nacional – e ali, pelo menos no papel, poderia servir para cumprir alguma das muitas obrigações do serviço público. Mas o governo não quer dinheiro no Tesouro. O que quer é gastar – gastar não só tudo aquilo que arrecada, mas também tudo aquilo que a Petrobras ganha.
A ‘política de investimentos’ da Petrobras, tal como ela é entendida por Lula e pelo seu ecossistema, é torrar os recursos na empresa em negócios como a Abreu e Lima, o ferro velho bilionário da refinaria de Pasadena, o ‘apoio aos fornecedores nacionais’, uma rede de refinarias obsoletas que há muito tinha de ter sido vendida, e outros micos da mesma grandeza. A estatal deveria estar concentrada naquilo que faz de melhor e que rende mais – a extração de petróleo em alto mar. Está de volta à trilha que a deixou na beira da falência.”
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