Temer não é golpista, é ilegítimo, tanto quanto Dilma
05/05/2017 às 00:00 Ler na área do assinanteÉ interessante o fato de os petistas utilizarem o termo ‘golpista’ para designar o governo Temer, em vez de ‘ilegítimo’.
Deve ter aí o dedo de algum marqueteiro.
‘Golpe’ é mais fácil de pronunciar que ‘ilegitimidade’.
Até petista consegue.
Acontece que o governo Temer não é golpista - mas é ilegítimo.
Temer foi eleito, juntamente com sua antiga aliada Dilma Rousseff, através de uma campanha movida a "caixa 2" (eufemismo para "propina", "jabá", "pixuleco").
Foi com dinheiro desviado (eufemismo para "roubado") que a chapa Dilma-Temer comprou horário político ("gratuito") na televisão, fez comício, molhou mãos, confeccionou camiseta e santinho, adquiriu votos e sanduíches de mortadela.
Temer jamais rompeu com Dilma - apenas se descolou dela - e prova disso é que nunca denunciou seus crimes (de boa parte dos quais ele tinha plena ciência e com os quais compactuou em seu silêncio).
Não deveriam ter impichado só a presidenta, mas também o seu vice nada decorativo.
PT e PMDB eram as duas margens do mesmo rio - e não se tem notícia de rio algum de uma margem só.
Por isso a inconveniência de se falar da ilegitimidade do Temer, do fato de ele ter chegado lá através do abuso do poder econômico. Porque na outra margem de tudo isso está o PT, o sócio majoritário da organização criminosa.
O governo Temer é tão ilegítimo quanto era o de Dilma.
Chamá-lo de golpista é golpe.
Eduardo Affonso
Eduardo Affonso
É arquiteto no Rio de Janeiro.