Jornalista alinhado à esquerda, mas consciente da ‘ditadura da toga’, Glenn aplica lição desmoralizante em Reinaldo Azevedo (veja o vídeo)

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O neopetista Reinaldo Azevedo subitamente resolveu atacar o jornalista americano Glenn Greenwald, que brilhantemente tem se colocado em defesa da ‘liberdade de expressão’, algo que deveria ser natural para qualquer jornalista, mas que se tornou um problema ultimamente, notadamente para aqueles que resolveram fazer da atividade profissional o exercício da militância política, por razões inconfessáveis.

O ataque de Reinaldo:

“Glenn Greenwald escreve artigo na Folha em que acusa ilegalidades em decisões do STF. Não há argumentos jurídicos. Só o chorume que escorre do monturo bolsonarista.
Por que ele faz isso? Não especularei a respeito agora. Apego-me a outra questão.
Glenn acusa a esquerda de ser servil a Alexandre, ignorando divergências do passado. Pois é…
Tudo tem de ser visto no seu tempo. Se o ministro, dentro das regras do jogo, enfrenta os fascistoides e golpistas, nada há de estranho em tal apoio.
Se Glenn vê nisso uma incoerência, ele próprio é personagem de uma contradição que lhe parece condenável.
Quando o bolsonarismo tentou chutá-lo do Brasil — numa mistura de autoritarismo, ilegalidade, xenofobia e homofobia —, Glenn recebeu o apoio unânime das esquerdas, que ele agora ataca.
Parece um empate de contradições, mas não é. Explico:
1: a esquerda era, sim, hostil a Alexandre e hoje apoia muitas de suas decisões pq ele enfrenta os neofascistas;
2: Glenn, antes apoiado pelas esquerdas contra as ameaças neofascistas, hoje está em campo oposto e alinha suas posições com os que queriam  expulsá-lo ou prendê-lo.
Como se nota, nos dois casos,  há, na verdade, coerência dos progressistas. Quem precisa explicar suas novas e más companhias é Glenn, não a esquerda.
A propósito: Glenn revela uma alma, digamos, algo colonialista em relação ao Brasil: toma as leis de seu país de origem como universais.
E, também no seu caso, é uma sorte que não seja. Nos EUA, um episódio como o dos hackers poderia lhe render cadeia por “contempt of court”.
No Brasil, tentar golpe de estado pode render processo e cadeia — para jornalista ou não.
Mas jamais um jornalista será ameaçado por não revelar sua fonte. Moro, hoje aliado de Glenn, bem que tentou. Mas as esquerdas, hoje inimigas do buliçoso e belicoso jornalista americano, denunciaram a ameaça ilegal.
Glenn precisa parar com essa mania de achar que está aqui para 'civilizar' os nativos.
No que respeita à defesa da democracia, os EUA têm muito a aprender com o Brasil contemporâneo, não o contrário.
Desde que saiu do Intercept, Glenn tenta encontrar por aqui  um lugar no mercado das ideias. Até agora não conseguiu nada além de ser linha auxiliar do bolsonarismo, que queria expulsá-lo do Brasil e chegou a acusá-lo de fazer parte, com o então marido, de um complô para conseguir uma vaga na Câmara.
A esquerda é coerente quando  apoia hoje um Alexandre que esquerdista nunca foi. Incompreensível é que Glenn tenha encontrado um abrigo no peito daqueles que essencialmente o odeiam.
Mas aí, na hipótese benevolente, é com Freud, não comigo.
E na hipótese 'não benevolente'? Aí é matéria para o jornalismo investigativo.”

A resposta de Glenn veio em seguinda, fulminante, uma destruição moral do oponente:

"Deixe-me te contar sobre Reinaldo Azevedo, um dos menores e mais partidários comentaristas da mídia, e aquele que mais pateticamente muda de lado assim que pode se beneficiar:
Ironicamente, ele insiste que as pessoas são doentes mentais por fazerem exatamente o que define a vida dele: mudar rápida e radicalmente de lado político (sim, a esquerda nobre e gentil arma a doença mental e brinca com ela como um insulto político).
Ele também diz que defender o devido processo legal e a liberdade de expressão é ‘imperialismo’.
Ao contrário dele, nunca mudei de lado. Durante toda a minha vida defendi a liberdade de expressão e o devido processo legal, como um princípio universal, não apenas quando isso ajuda ‘o meu lado’. É isso que estou fazendo agora.
Mas não há ninguém na mídia brasileira que tenha mudado de lado de forma mais patética e embaraçosa do que Reinaldo.
Quando a grande mídia corporativa se uniu no ódio ao PT, Reinaldo passou anos na direita, chamando Lula de corrupto e exigindo o impeachment de Dilma. Tinha um ódio obsessivo pelo PT, culpando-o por tudo.
Assim que a grande mídia corporativa abraçou o PT – por medo de Bolsonaro – Reinaldo seguiu o roteiro e imediatamente mudou de lado.
Depois de décadas odiando Lula, ele é o mais devotado adorador de Lula (a mesma trajetória do outro grande filósofo político e gigante do jornalismo do país, Felipe Neto: sempre recitando as ortodoxias da elite, sempre mudando o momento em que a elite muda de opinião.).
Pior ainda: quando eu estava reportando a #VazaJato, eu fazia o mesmo que faço agora: criticava o STF, defendia o devido processo como um princípio universal, defendia mudanças na lei brasileira).
Nunca Reinaldo me acusou de ‘imperialismo’ ou querendo mudar o ‘povo primitivo’. Ele fez o contrário, tanto em público quanto em privado: me saudou com elogios embaraçosos e obsequiosos (como faz agora com Lula).
Pessoas como Reinaldo, que não têm princípios fixos de qualquer tipo, presumem que todos os outros sofrem da mesma doença intelectual e espiritual. É por isso que ele só consegue entender a defesa de princípios como uma mudança de lado político confusa e mentalmente doentia.
Seu cérebro não consegue compreender um princípio ou direito. Ele só consegue entender tudo através do pequeno prisma partidário de ‘isso ajuda ou prejudica o meu lado?’
Devido a esse problema, ele diz sobre mim que aqueles que mudam de lado têm problemas de saúde mental: mas obviamente ele está diagnosticando a si mesmo."

O vídeo abaixo é a clara demonstração de que Glenn tem razão:

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