Perdeu a presidência do país. Perdeu o Congresso. Perdeu as principais cidades. Perdeu os principais estados.
E não apenas isso.
A esquerda perdeu também o charme. Perdeu o discurso da pureza. Perdeu o encanto entre os mais jovens. Perdeu o monopólio da bondade.
Hoje, no entanto, ela passa por sua maior derrota.
A esquerda perdeu os trabalhadores. Perdeu o povo. Perdeu a grande massa.
Agora, não dá mais pra tapar o sol com a peneira. Se a esquerda quer ser relevante novamente ela precisará rasgar o véu da prepotência que lhe é muito peculiar e abraçar novos compromissos.
Antes de qualquer coisa, é preciso assumir os erros. Pedir desculpas aos mais pobres pela década perdida. Questionar modelos autoritários implantados no continente. Abrir mão de bandidos de estimação.
É perfeitamente possível permanecer na oposição ao PMDB e questionar suas reformas - inclusive com protestos - com auto-crítica.
E tudo isso ainda é muito pouco.
É preciso voltar ao debate. Dialogar. Apresentar argumentos. Mostrar que tem razão. Questionar os conservadores. Questionar os liberais. Com ideias.
Não dá mais pra fingir que todo mundo que não concorda com ela é racista, machista, analfabeto político e tem nojo de pobre.
Não dá mais pra continuar com o nariz empinado achando que dá pra passar imune à ausência do debate de ideias.
A esquerda perdeu. Mais uma vez.
E hoje, o silêncio dos trabalhadores, como grande juiz de seu destino, decreta pela última vez: ou ela muda, ou ela morre.
Rodrigo da Silva