Desancando a realidade atual e “Se”... Moraes voltar à condição de cidadão comum

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“O mal que os homens fazem sobrevive a eles. O bem é geralmente enterrado com seus ossos”. (Shakespeare, Julius Caesar, Ato 3, Cena II).

Lula e o STF imaginam que prendendo Bolsonaro a onda de indignação verde-amarela vai cessar.

Creem eles que os brasileiros revoltados com as injustiças cometidas recentemente pelo STF são todos “bolsonaristas”; que deixando Bolsonaro de existir seus adeptos se dispersarão e se tornarão bonequinhos cegos iguais aos petistas/comunistas/psolistas/socialistas que obedecem sem nenhuma reflexão as ordens de um ex-condenado.

Ledo engano. O Brasil despertou. Mesmo acorrentado, ainda assim está acordado. Reprimido, violentado, mas atento.

Mesmo a mídia elogiando dia e noite o governo, escondendo o fracasso, inventando narrativas, a maioria dos brasileiros já percebeu que a horda de corruptos denunciados pela Lava Jato apossou-se novamente do poder. Mas os dirigentes afirmam que foram injustiçados. A começar pelo chefão que jura que sua condenação foi infundada.

E todos pedem as anulações de suas condenações. 

Alguns, cinicamente, pedem a devolução do dinheiro saqueado.

E o teatro de segunda categoria toma conta da nação: Dias Toffoli desmonta a Lava Jato fatia por fatia e suspende o pagamento de 3,8 bilhões de reais da Odebrecht, que virou Novonor. É o apagamento da realidade à moda soviética.

Embevecido Luís Roberto Barroso, discursa afirmando “o imenso serviço que o Judiciário presta ao Brasil”.

Gilmar Mendes, outro “grande sábio”, informou ao povo brasileiro, quando o “Índice de Percepção da Corrupção” (IPC) 2023 foi divulgado, e nele o Brasil caiu dez posições em relação ao ano anterior, isto é, a corrupção aumentou dez vezes mais no governo Lula-STF e colocou o Brasil entre os países mais corruptos do mundo, afirmou o “sábio” aos brasileiros que “um índice baseado em percepções precisa ser visto com cautela”.

Despontamento. Decepção. Desgosto. Pensamentos ruins e a percepção de que tudo degenerou, que o paraíso prometido ou a terra onde jorraria picanha e cerveja era apenas uma ilusão, uma fraude com intuito de ganhar eleições.

O que ganhou não sabe governar e nem poderia saber, pois não tem nenhuma competência para tal, como afirmava o finado Dr. Enéas Carneiro.

A ideia fixa do eleito pelas urnas que não permitem a recontagem dos votos e seus apaniguados é eliminar Bolsonaro, gastar o dinheiro da nação e arrecadar mais arrochando o povo através de impostos.

Segundo J.R. Guzzo, em reportagem do Estadão:

- “Há um ano inteiro, dia e noite, todos os recursos da imensa máquina do Estado brasileiro se concentram em demonstrar que houve uma tentativa de golpe de Estado no dia 8 de janeiro de 2023 em Brasília. Prenderam 1.500 pessoas, um recorde na história da segurança pública no Brasil. Os réus estão sendo condenados a até 17 anos de cadeia, pelos crimes simultâneos de “golpe de Estado” e “abolição violenta do Estado de direito.”

O regime, seja lá como for, não desiste do que parece, cada vez mais, ser o seu grande projeto estratégico: transformar o mencionado golpe em verdade oficial e condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro como o mandante do crime. Seria o primeiro caso na história, provavelmente, de um presidente que não dá o golpe enquanto está no poder – e tem, entre outras facilidades, o comando supremo das forças armadas. Ele espera sair do governo e oito dias depois, quando está nos Estados Unidos, lança a sua operação - sem tanque de guerra, avião de caça ou fuzileiro naval.

É essa, de qualquer forma, a história contada na área Lula-polícia-STF. Por conta do seu último surto de atividade, Bolsonaro, que já responde a um inquérito pela suspeita de incomodar baleias, está intimado a entregar o seu passaporte. Lula, inclusive, disse em público que tem certeza de que Bolsonaro “participou da tentativa de golpe”. (https://www.estadao.com.br/politica/j-r-guzzo/corre-corre-da-pf-quer-transformar-bolsonaro-em-grande-problema-do-pais-e-abafar-decisao-de-toffoli/).

Segundo Matthew White, no “O Grande Livro das Coisas Horríveis”, pag. 17:

- “Algumas pessoas... Poderiam lançar a culpa sobre pessoas influentes por todo o mal feito pelos seus seguidores. Culpariam Jesus pelas Cruzadas, Darwin pelo Holocausto, Marx pelo Gulag e Marco Polo pela destruição dos astecas... Sim, podemos pegar um evento (digamos, os ataques terroristas do 11 de Setembro em 2001) e ir recuando ao longo da cadeia de causa e efeito até mostrar que isso foi o resultado natural de, digamos, o golpe de Estado de 1953 contra o primeiro-ministro do Irã; com facilidade, porém, podemos atribuir o mesmo evento à Primeira Guerra Mundial, aos irmãos Wright, a D. B. Cooper, a Muhammad ibn Abd al-Wahhab, a Henry Ford, à conquista russa do Turquestão, a Levittown, à fundação da Universidade de Yale, a Elisha Otis, ao Holocausto e à abertura do canal Erie.
Tantas linhas de causalidade se ligam a qualquer evento individual que geralmente podemos encontrar um meio de ligar quaisquer duas coisas que quisermos”.

Essa parece ser a linha do pensamento de Moraes.

E é nessa linha que a jornalista Eliane Cantanhêde, a “queridinha do palácio”, também escreveu um texto no Estadão, afirmando que:

- “A prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro tarda, mas não falha e tem até um cronograma: o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Polícia Federal (PF) não pretendem correr nenhum risco jurídico, policial ou político e só pretendem chegar a esse ponto depois das investigações, das instâncias de julgamento e da eventual condenação pela mais alta corte de justiça do País. Não estão previstas prisão preventiva ou temporária, só depois da tramitação em julgado.
A estratégia é rigorosa e detalhada, com uma sequência de operações da Polícia Federal, uma lista crescente de alvos e a apresentação robusta de provas até que não haja mais nenhum fiapo de dúvidas sobre a responsabilidade direta de Bolsonaro pela armação de um golpe de Estado em que ele seria o principal beneficiado.
Uma parte importante da estratégia é preparar os ânimos da população, mostrando as provas e montando a história do golpe detalhe por detalhe, participante por participante, até criar a consciência da culpa e de que a prisão é justa. Afinal, Bolsonaro foi eleito presidente em 2018, perdeu por pouco em 2022 e tem uma base popular forte e disposta a tudo – parte dela foi capaz, inclusive, de invadir e depredar as sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário”. (https://www.estadao.com.br/politica/eliane-cantanhede/virada-de-mesa-minuta-de-golpe-militares-e-assessores-nazistas-tudo-leva-a-bolsonaro/).

Como vocês podem ver, o destino de Bolsonaro já está traçado. Tem até um cronograma. E a estratégia, segundo a jornalista, “é preparar os ânimos da população... montando a história do golpe detalhe por detalhe, participante por participante, até criar a consciência da culpa e de que a prisão é justa”.

Só faltou a jornalista combinar com milhões de brasileiros que não são alienados, se concordam com ela, se acreditam nessa balela. Brasileiros “que tem olhos para ver”, que não são covardes, que jamais se dobrarão a essa “construção do golpe” idealizada por Moraes, vendida e comprada pela mídia, por artistas, influenciadores digitais, “intelectuais socialistas” e que não tem qualquer conexão com a realidade dos acontecimentos.

Com esse roteiro, essas informações, essas certezas, a jornalista Eliane Catanhêde deve fazer parte do STF e da Cúpula da Policia Federal, ou é o cérebro pensante da operação, ou deve frequentar o terreiro da Mãe Diná.

Esse terrorismo midiático produzido pelos petistas/comunas inunda os jornais escritos e as televisões do Brasil martelando impiedosamente os olhos e as mentes dos que ligam a televisão e assistem jornais.

Mas parece que nada disso adianta.

Cada dia que passa a verdade fica mais evidente.

Cada dia que passa inventa-se um novo crime para Bolsonaro.

Cada dia que passa aumenta a percepção de perseguição.

Cada dia que passa aumenta o sentimento de indignação.

A jornalista que navega em algas turvas considera que tudo está consumado, que os seus superiores estão cheios de razões, assim como ela, mas desconsidera a realidade.

E se a realidade bater em sua porta?

Em 23 de setembro de 2023 o site “Poder360” publicou a seguinte matéria:

- “O Senado tem 53 pedidos de impeachment contra ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) tramitando na Casa. O maior alvo dos requerimentos é o ministro Alexandre de Moraes, que também é o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
- “A lei do impeachment atual não especifica um prazo para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), decidir se aceita ou não o pedido. É só depois de uma decisão que a petição começa a ser analisada no Congresso ou é arquivada”.

Um dos pedidos de Impeachment contra o “grande homem”, Alexandre de Moraes, chega à marca de quase 3,5 milhões de assinaturas. A ação foi criada pelo comentarista político da CNN Brasil, Caio Coppolla, Eis um trecho da petição:

- “Ele [Moraes] censurou matérias da imprensa, ele suspendeu contas em redes sociais, ele investigou opositores políticos e até prendeu alguns de seus críticos”...  Até agora nada disso prosperou.

Mas, e “Se”...

E “Se” amanhã Rodrigo Pacheco aceitar os pedidos de Impeachment dos Ministros? E se ele não aceitar, mas o próximo Presidente do Senado aceitar?

Moraes e seus coleguinhas serão julgados e destituídos de seus cargos. Voltarão à condição de cidadãos comuns e serão processados pelos crimes dos quais são acusados por milhares de cidadãos brasileiros. Serão obrigados a pagar altas indenizações pelas perseguições, do mesmo jeito em que obrigam os que são condenados por eles pelos atos de 8 de janeiro. 

O que acontecerá a todos os que participaram desse conluio? A jornalista e seus amiguinhos da Globo News? Aos “simulacros de artistas”? Aos “influenciadores”? O que acontecerá a todos?

Sim, esse é um horizonte distante. Mas quem imaginava a queda do muro de Berlim? Quem imaginava 70 anos de opressão comunista se esfarelando?

Finalizo com o genial Fernando Pessoa e seu longo poema “Tabacaria”, transcrevendo a sétima estrofe:

- “(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida)”.
Foto de Carlos Sampaio

Carlos Sampaio

Professor. Pós-graduação em “Língua Portuguesa com Ênfase em Produção Textual”. Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

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