Emílio, a confissão e a tranquilidade de um psicopata
16/04/2017 às 05:55 Ler na área do assinanteJá viu confissão de psicopata?
Se viu, deve ter ficado chocado com a tranquilidade com que o psicopata narra como abusou, mutilou, torturou, matou.
É tudo dito num tom monocórdio, sem emoção alguma, como quem canta tabuada (menos a tabuada do 7, porque essa sempre traz alguma hesitação).
Não há como não lembrar do psicopata ao ver / ouvir as delações da Odebrecht.
1 milhão para o Paulinho da Força.
50 milhões para o Aécio.
4,6 milhões para o Serra.
2 milhões para o Alckmin.
Não há sinal de arrependimento.
Não há crise de consciência.
120 milhões para Cabral e Pezão.
2 milhões para Lindbergh.
5,4 milhões para Picciani.
16 milhões para Eduardo Paes.
Não importa se o dinheiro está sendo desviado da Educação.
Da Saúde.
Da Infraestrutura.
Dos impostos.
40 milhões para o PMDB
100 milhões para Dilma.
1,5 milhão para Eliseu Padilha.
40 milhões para Lula.
Mais o estádio para o time do presidente.
Mais a mesada do irmão do presidente.
Mais a reforma do sítio para a mulher do presidente.
Mais o investimento nos negócios do sobrinho do presidente.
Mais a alavancagem do empreendimento do filho do presidente.
Mais o aporte financeiro na revista que apoia o presidente.
Mais a ajuda pecuniária para o presidente do instituto do presidente.
Mais as palestras do presidente que já não era mais presidente, e que se vendia por uns trocados quando ainda nem sonhava ser presidente e o que tinha para roubar era o direito de greve dos 'cumpanhêro'.
50 milhões a Chinaglia, Mabel, Cunha e Jucá só por uma usina.
4 milhões a Jucá a 500 mil a Delcídio por uma resolução.
36 milhões para Aloysio Nunes e José Serra por obras viárias.
Tudo isso dito sem piscar.
Sem enrubescer.
Como quem conta um caso no bar.
Como quem canta a tabuada do 2.
Como o psicopata que narra, frio e indiferente, todos os detalhes dos seus crimes.
Menos um.
Um que não tem importância, um que nunca foi levado em conta: a dor da vítima.
Eduardo Affonso
da Redação