Festa de maluco

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Honestamente, que povo com a carteirinha de sanidade mental razoavelmente em dia se entregaria com tal frenesi e avidez, à bandalheira e a putaria que é o carnaval brazuca?

Quer dizer, será que pessoas relativamente normais, estáveis, felizes, sairiam por aí se esbaldando em porradaria, sujeira, mijo, merda, álcool, drogas e a abolição de qualquer noção de inteligência primata, que até babuínos possuem?

E pior, o tal desabafo sem fronteiras autorizado devidamente pelo Painho, que, magnânimo, declara bondosamente nestes dias fedorentos:

'-Vai, meu povinho, desabafa, faz o que quiser.'

Então, a frustração vai pra rua.

Frustração por ter feito o L e ter acreditado na picanha que não veio, na vida mais e mais cara, no emprego que sumiu, na casa própria que fica cada vez menos própria e distante, na amargura de ter que reconhecer o 'era ladrão mesmo', no ônibus mais caro, na falta de grana pra comprar até camisinha, nos filhos com fome, no feijão mais e mais caro, no chifre previsto, no aluguel que sobe...

Muita frustração.

Mas o Painho, se estiver sóbrio, vai dar um jeito.

Nunca dá, mas desta vez vai dar... é nóis!

Sim, melhor pular desvairado nestes dias, assanhados pelas bruxas do carnaval e do apocalipse, sangalos e consuelos, porque o futuro é incerto.

O futuro é quarta feira de cinzas e a chegada dos boletos cada vez mais difíceis de pagar.

E se estender o carnaval até dezembro?

Se o painho autorizar, rola.

Foto de Marco Angeli Full

Marco Angeli Full

https://www.marcoangeli.com.br

Artista plástico, publicitário e diretor de criação.

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