Por que o STF, o PT e Lula não "engoliram" o relatório da Transparência Internacional?
07/02/2024 às 07:00 Ler na área do assinanteDentre vários motivos constantes no relatório no Relatório da Transparência Internacional "Índice de Percepção da Corrupção 2023", é constatado que o governo Lula vem falhando na reconstrução dos mecanismos de controle da corrupção e do sistema de freios e contrapesos.
O relatorio afirma ainda que não há clareza sobre o compromisso real do governo com esta reconstrução.
As indicações de Cristiano Zanin e Flávio Dino, ganharam destaques especiais:
"O pilar jurídico foi um dos que não começaram a ser reerguidos, negligenciado principalmente no resgate da autonomia do sistema de Justiça. Lula indicou seu advogado particular, Cristiano Zanin, para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), uma decisão que, além de ir na direção contrária à autonomia do Judiciário, causou espanto e decepção em sua base de apoio, que confiava na promessa de maior diversidade e criticou fortemente a indicação de um advogado branco com histórico de atuação para grandes empresas".
"Na segunda vaga aberta no STF, Lula preencheu com seu ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. A nomeação do ministro também foi criticada, pelo perfil político para um tribunal já excessivamente politizado".
Sobre a nomeação de Paulo Gonet para procurador-geral da República a Transparência Internacional afirma que foi um forte indicativo de não haver compromisso real do governo Lula com a recuperação da independência do MPF.
Afirma ainda que a escolha de Gonet foi fruto de negociações políticas, desconsiderando a lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República.
E o mais grave, a TI afirma que as negociações políticas que culminaram com as indicações para o STF e MPF envolveram intensamente membros da Corte Suprema.
Além do relatório a TI fez um comentário em seu Twitter que pode ter provocado a ira do ministro Dias Toffoli, depois que ele suspendeu os pagamentos do acordo de leniência da Odebrecht com a Lava-Jato, no valor de 3,8 bilhões de reais.
"CORRUPÇÃO NÃO É UM CRIME SEM VÍTIMAS. Graças às decisões do min. Toffoli, o Brasil se torna um cemitério de provas de crimes que geraram miséria, violência e sofrimento humano em mais de uma dezena de países na América Latina e África. Fruto da máquina de exportação de corrupção da Odebrecht (Novonor).
Cada vez mais, o país se torna, aos olhos do mundo, exemplo de corrupção e impunidade. A sociedade brasileira não é cúmplice dessa injustiça e não merece essa desmoralização".
Ao que parece o governo Lula, o STF e o PT não se preocupam como a Transparência Internacional apresenta ao mundo a percepção da corrupção em nosso país, desde que não vincule a eles.
Henrique Alves da Rocha
Coronel da Polícia Militar do Estado de Sergipe.