Caso José Genoíno: de onde vem o antissemitismo da esquerda progressista
23/01/2024 às 14:01 Ler na área do assinanteO mensaleiro e ex-presidente nacional do PT, José Genoino, defendeu durante uma live uma das principais medidas do regime nazista: o boicote às empresas de judeus.
Esse é apenas mais um caso absurdo dentre uma série de demonstrações de antissemitismo da esquerda progressista desde o ataque terrorista do Hamas à Israel em 07/10/23.
Mas o que explica o aumento absurdo de casos de antissemitismo na esquerda?
O psicólogo e professor da NYU, Jonathan Haidt, autor do ótimo livro "A mente moralista", tem escrito desde o ano passado sobre o assunto, especialmente após a chocante e vergonhosa audiência no Congresso americano em que as reitoras de Harvard, UPenn e MIT falharam em condenar os pedidos pelo genocídio de judeus nos campi de suas universidades.
Haidt tem tentado explicar como a esquerda progressista e identitária transformou os judeus de povo perseguido e marginalizado em colonizadores europeus brancos e, portanto, opressores.
Segundo Haidt, o identitarismo woke que dominou as universidade de elite americanas e contaminou a sociedade divide o mundo entre grupos opressores e grupos oprimidos, entre poderosos e marginalizados.
Além disso, para o identitarismo woke, o que define se você faz parte do grupo dos opressores ou das vítimas oprimidas é a sua identidade - que também seria a lente pela qual você deve ou deveria ver o mundo. É quase como se você não tivesse liberdade de ter opinião própria, e sua visão de mundo devesse ser ditada pelos grupos ou identidades a que você pertence.
Ou seja: para o identitarismo woke, se você nasceu branco, você é obrigatoriamente e necessariamente um opressor; se nasceu negro, ou indígena, por exemplo, você é obrigatoriamente e necessariamente uma vítima oprimida.
Perceba que aqui tanto faz qual a sua identidade: o grupo oprimido é aquele que a esquerda identitária diz ser oprimido, o que pode ou não corresponder à realidade.
E como os judeus passam de um grupo oprimido para o grupo opressor? É simples: o identitarismo woke classifica o estado de Israel como um estado artificial imperialista-colonialista, que estaria ocupando ilegalmente a terra dos palestinos.
Ao utilizar terminologias como "imperialista", "colonialista" e "racista" para classificar o estado de Israel, a esquerda aplica a pura terminologia identitária woke para uma situação complexa, ignorando toda a história do povo judeu.
Assim, os judeus deixam de ser um povo semita, nativo e originário da terra que hoje é Israel e que sofreu inúmeras perseguições, discriminação, violência e genocídio, como no Holocausto, para se tornar, na visão da esquerda identitária, meros opressores europeus colonizadores brancos que, no fim do século XIX, inventaram de invadir e colonizar a terra dos palestinos para obter ganhos financeiros - o que, aliás, também é um outro estereótipo antissemita e racista clássico, de que judeus seriam gananciosos e avarentos.
Se os judeus são europeus colonizadores brancos e, portanto, opressores, então se tornam justificáveis os ataques antissemitas da esquerda identitária, já que vale tudo na luta contra o mal, a opressão, o colonialismo, o racismo e o imperialismo.
Subitamente, ser antissemita se torna ok, até mesmo positivo, já que os ataques são em nome da libertação do povo palestino contra o Estado sionista, racista e colonial de Israel.
Como acabar com isso, segundo Haidt e outros pensadores? Acabando com o identitarismo - principalmente nas universidades de elite, mas também na sociedade como um todo.
O fim do antissemitismo nos campi universitários e na nossa sociedade não ocorrerá enquanto os nossos jovens forem ensinados a abraçar uma ideologia nociva, tóxica e nefasta que vê tudo e todos sob as lentes de sistemas e estruturas de opressão, e que classifica pessoas não por seus méritos, qualidades, talentos e caráter, mas por identidades involuntárias sobre as quais elas não tem qualquer poder de mudança.
O identitarismo não é só a causa do aumento do antissemitismo - em seu seu livro de 2018, The Coddling of the American Mind, Haidt verificou que pessoas jovens que abraçam o identitarismo woke são mais vulneráveis, mais depressivas e mais difíceis de conviver no trabalho, o que está rapidamente criando uma geração propensa ao fracasso.
Texto de Deltan Dallagnol.
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