Stedile anuncia aumento de invasões de terras pelo MST em 2024

22/01/2024 às 13:44 Ler na área do assinante

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) promete aumentar significativamente o número de invasões de terra neste ano.

Essa é a previsão de João Pedro Stedile, líder do movimento, em entrevista concedida à Folha de S.Paulo.

De acordo com Stedile, as "dificuldades" enfrentadas pelos sem-terra serão um dos principais motivos para o crescimento das invasões.

"Se o governo não toma a iniciativa, a crise capitalista continua se aprofundando", explicou.

E completou:

"O ser humano não é igual ao sapo, que o boi pisa, e ele morre sem dizer nada. Vai haver muito mais luta social."

Independente da aliança histórica com o PT, Stedile afirmou em entrevistas anteriores que 2023 representou o pior ano em termos de assentamento de famílias em quatro décadas. Em 2007, desiludido com as promessas não cumpridas de Lula sobre reforma agrária, Stedile chegou a criticar a postura do petista.

Apesar da conversa mole, no primeiro ano do novo mandato de Lula, o MST conseguiu realizar 71 invasões, um número maior do que a soma dos quatro anos anteriores sob o governo de Jair Bolsonaro, que totalizaram 62 invasões.

Durante o governo Bolsonaro, com medidas que facilitaram a defesa dos proprietários rurais, as invasões promovidas pelo MST diminuíram drasticamente. Nesse período, o movimento focou na venda de mercadorias associadas à sua causa, como bonés e camisetas, através das lojas físicas "Armazém do Campo".

Contudo, o MST agora pretende retomar com força a estratégia de invasões de terras. Segundo Stedile, a pressão sobre os governantes deve ser constante para alcançar mudanças significativas na distribuição de terras.

"Não há, na história da reforma agrária do mundo, nenhum processo de correção das distorções fundiárias sem que a população se mobilize. Em nenhum país do mundo o governo resolveu: 'Ah, onde é que tem sem-terra? Vou dar terra para vocês'", declarou Stedile.