O Mundo mudou. O Futebol, também!
Estamos em 2023, na reta final para a chegada de 2024. Tantas coisas acontecendo, rapidamente, com a velocidade de um Trem Bala. Geopolítica em constante mutação, novos conflitos, novas potências, novas tecnologias e novas formas de enxergar a “alma das coisas”.
O Mundo como conhecíamos, continuamos a “desconhecer”, conhecendo-o cada vez melhor, através da Globalização “in natura” e inevitável, que acelera os processos de comunicação, bem como as modificações de costumes e padronização de comportamentos. E abre o leque de oportunidades para contato com o que antes parecia tão distante e, por ora, fulgás.
Mas o que o Futebol tem a ver com isso? Tudo!
Nesses tempos, tão efêmeros, de muito business, marketing, negociatas e pouca paixão, nos deparamos com os impactos, enfim, do mercantilismo esportivo em Terras Tupiniquins. Mudanças importantes e, de fato, imponentes, no comportamento e movimentações dos clubes brasileiros no mercado, explicitam o quanto a direção e o direcionamento apontam para rumos impensáveis há alguns anos.
O Flamengo acaba de acertar, à vista, a compra integral dos direitos federativos do meia Nicolás De La Cruz, antes atleta principal de outro gigante sul americano, River Plate, da Argentina. O Rubro-Negro desembolsou US$ 16 milhões, equivalente a R$ 78 milhões, mais comissões e taxas, o que faz com que a negociação total ultrapasse a casa dos R$ 80 milhões.
Nos últimos 5 anos, somente em aquisições de atletas, o rubro-negro carioca desembolsou quase R$ 1 Bilhão! Valores inimagináveis para um clube nacional há tempos nem tão distintos.
Palmeiras e Atlético Mineiro seguem estradas mais curtas, porém tão audaciosas quanto, em termos de investimentos e folhas salariais no futebol. As SAF’s de Botafogo, Vasco e Cruzeiro anunciam que o Futuro chegou por essas terras, aliado ao Presente (com “presentes” aos seus torcedores) de investimentos faraônicos que, cada vez mais comuns, inundam o imaginário coletivo, com sonhos de conquistas homéricas e celestiais.
Afinal, é com a movimentação das “Estrelas” que o mercado também se move. O dinheiro como ferramenta que se sobrepõe ao talento. Ou, de modo mais otimista e intimista, o talento que é permitido pelo dinheiro.
O Brasil entrou na rota dominante do capital, que sufoca as tradições e culturas. Abnega a lógica do imprevisível e surpreendente, que sempre norteou o ideal desportivo que a bola trazia. Ser melhor, porque o imponderável lá habita. Ser o campeão, porque aquela geração é fantástica. Ser um rival, porque a rivalidade foi forjada na competitividade da própria história construída. No passado, tudo indica que esses clichês estarão.
A Libertadores, com o avanço do capital gerado pelos brasileiros, se tornou um torneio doméstico. Onde somente os brasileiros brilham. Argentinos, uruguaios, chilenos.... Se tornaram e se tornarão cada vez mais coadjuvantes, mediante ao investimento e propulsão das marcas verde-amarelas. E isso é ruim? É errado?
Obviamente que não! Pelo menos, não para os que se adequaram ou se adequarão aos novos tempos, em que, mais do que viver o fervor e os acasos da paixão, preparados estarão para entender que sem consumo/engajamento/lucro, títulos e glórias serão meras lembranças, vivas ou mortas, na mente e no coração dos amantes da pelota.
Alan Mesquita
Jornalista do Rio de Janeiro, especializado em Esportes, com ênfase no Futebol