Ex-ministro diz que fatiamento do Ministério da Agricultura de Lula é retrocesso

O ex-secretário de Agricultura de São Paulo e ex-ministro Antônio Cabrera Mano Filho classificou como “retrocesso” o fatiamento do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária), determinado “por questões políticas” pelo presidente Lula da Silva, no início deste ano e mantido, sem alterações, até agora. 

“Foi um grande retrocesso. Uma medida que enfraqueceu o ministério”, disse Cabrera sobre a recriação da pasta do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, chefiada por Paulo Teixeira. 

Ele lembrou que, sob seu comando, no governo de Fernando Collor de Mello, entre 1989 e 1991, o ministério era cinco vezes maior. À época, a pasta comandava a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), hoje sob chefia de Teixeira.

Cabrera aposta na permanência de Carlos Fávaro no Mapa, apesar do desgaste do ministro neste ano. “Não vejo que a troca de comando seja uma solução”, resumiu. 

Preocupações

A falta de recursos para seguro agrícola, o gargalo das rodovias e dificuldades de escoamento da produção do agronegócio por navios serão, ainda, os desafios do setor em 2024. 

“Estamos com situações de chuva excessiva no Sul e seca prolongada no Centro-Oeste, o que prejudica das duas maneiras a safra de grãos, inclusive com casos de replantio. Mesmo assim, há poucos recursos para o seguro agrícola”, revelou, em referência ao Plano Safra 2023/24. 

Cabrera também cita as condições de rodovias e, principalmente, falta de agilidade de embarque de açúcar em portos brasileiros. “No porto de Santos há pelo menos 90 navios à espera de carregamento de açúcar. Esta fila deve ser zerada somente dentro de 30 dias, o que é muito tempo”, disse. 

“Temos açúcar. O mundo precisa do açúcar brasileiro. Mas, não temos como escoar nossa produção”, lamentou.