“Acredite que eu não tenho nada a ver /Com a linha evolutiva da Música Popular Brasileira/ A única linha que eu conheço/ É a linha de empinar uma bandeira”. (As aventuras de Raul Seixas na cidade de Thor, Raul Seixas – CD- “Gita”).
Você sabe explicar o que é MPB? Sim? Não? Não se preocupe, somente os criadores da tal sigla sabem explicar o que é MPB, mas nunca contaram a ninguém.
Você pode responder: - A sigla significa “Música Popular Brasileira”. E daí? Mais nada. Estamos rodando em círculos.
Vamos tentar resolver o mistério: a música sertaneja de Zezé de Camargo é MPB? Não, o ritmo sertanejo é sertanejo. É um dos ritmos ou vertentes, ou um gênero da “Música popular do Brasil”. Isso é bem claro. Não é MPB.
Seria o “Carimbó” MPB? Também não, os cantores do Pará jamais admitiriam isso.
Então, o “Brega” que tem como representante máximo Amado Batista seria MPB? Claro que não! O ritmo brega é todo especial, tem suas nuances, é povão.
O “Forró” de Luiz Gonzaga? O “Maxixe”? O “Samba”? A “Bossa Nova”, de João Gilberto, seria essa tal de MPB? O admirável “Chorinho”? Não, claro que não!
Há uma trinca de criadores da tal MPB, Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil, pelo menos é assim que seus adoradores ensinam aos leigos.
Eles são idolatrados pelos “influenciadores”, pelos “universiótarios”, pelos “críticos” de música, pelos professores universitários e professores de 1º e 2º graus. Mas, nenhum deles é reconhecido pela grande massa “inculta”.
Pois não é que um desses iluminados, Caetano Veloso, segundo os jornais, não conseguiu resolver uma das questões do Enem de 2023 com trechos das canções “Alegria, Alegria” e “Anjos Tronchos”, de sua autoria.
Isso mesmo, o autor não sabe sobre o que escreveu ou os que redigiram a questão não souberam interpretar “as obras primas” de Caetano.
Então os “canhotas” de todos os matizes, que militam nas mídias, correram para limpar a barra de Caetano.
Fato é que as letras das músicas da trinca que representa a tal MPB aparecem todos os anos nas questões do Enem. Eles também aparecem nos livros de 1º e 2º graus (desde os anos 80 até os dias de hoje) como se fossem legítimos e únicos representantes da música brasileira.
Para alguns autores desses livros didáticos a verdadeira música do Brasil surgiu quando essas criaturas “fulgurantes” apareceram. Um acinte a inteligência. Um crime contra a música brasileira. É a fake news mais bem sucedida já disseminada no país.
Só para efeito de informação, esse “jênio” da música, Caetano Veloso, em 1973, lançou o disco “Araçá Azul”, segundo, ele e seus admiradores para “não perder a posição de vanguarda na linha evolutiva da MPB”.
Foi o maior mico da historia da música popular brasileira.
- “Concluído o trabalho, a gravadora lançou uma tiragem inicial de 30 mil cópias... Qual não foi a surpresa (do público) ao se deparar com um LP experimental, repleto de grunhidos, vozes superpostas, sons de prato com garfo, buzinas de automóveis e canos de descarga - e com uma sutil advertência na parte interna da capa: 'Um disco para entendidos'.
O problema é que quase ninguém entendeu e provocou um fato inédito na história da nossa música popular: uma grande quantidade de pessoas voltou às lojas para devolver o disco - e não por algum defeito técnico do produto, mas por rejeição ao seu conteúdo. Pressionada pelos lojistas, a Phonogram se viu forçada a receber - e depois dissolver as bolachas pretas dos LPs - já que devoluções não podiam ser revendidas pela gravadora”. (Do Livro – 'Eu não sou Cachorro, não' – Paulo César Araújo - pag. 122)."
Voltemos à questão do Enem: os organizadores/redatores colocaram dois textos de Caetano e pediram que os alunos comparassem os dois “porque eram oriundos de momentos históricos diferentes”, então deviam verificar o que há de comum entre os dois. Não existem outros autores no Brasil? Caetano, esse “jênio” iluminado, deve ser escutado, lido e interpretado pelos adolescentes brasileiros como o “Livro Vermelho” de Mao Tsé-Tung foi lido, obrigatoriamente, na China?
Vou mostrar a vocês, não o texto de Caetano comparando Caetano com Caetano, mas o texto de Caetano “Anjos Tronchos” que estava na questão do Enem, e o texto do maior poeta (moderno) do Brasil, Carlos Drummond de Andrade, publicado no livro “Alguma poesia” (1930), chamado “Poema de Sete Faces” que traduz os sentimentos de inadequação e solidão do sujeito:
Primeiro Caetano:
- “Uns anjos tronchos do Vale do Silício/ Desses que vivem no escuro em plena luz/ Disseram vai ser virtuoso no vício/Das telas dos azuis mais do que azuis”.
Agora Drummond:
- “Quando nasci, um anjo torto/ desses que vivem na sombra/ disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida”.
O que vocês notam? Olhem os primeiros versos de cada estrofe: “Uns anjos tronchos do Vale do Silício” / Quando nasci, um anjo torto". As palavras sublinhadas significam a mesma coisa. A diferença é que uma está no plural e a outra no singular. / “Desses que vivem no escuro" / “Desses que vivem na sombra”. O mesmo significado. / “Disseram vai ser virtuoso no vício” / “Vai, Carlos! ser gauche na vida" /. Virtuoso no vicio é alguém sem qualidades positivas, alguém que se esmerou em ser o mais péssimo dos péssimos. Assim também, alguém que vai ser gauche na vida, significa a mesma coisa. “Gauche”, palavra que vem do francês e significa: torcido, malfeito, alguém sem nenhuma qualidade, esquerdo. Também usada como: estranho, desajeitado.
Quando usamos as ideias originais de alguém, as palavras, o sentido, devemos sempre citar o autor. E quando não citamos isso se chama plágio.
Neste 07 de novembro de 2023, William Waack, num surto de consciência moral, sobre o mesmo Enem em que Caetano foi homenageado com dois textos e não soube responder o que escreveu, publicou no Estadão o texto “O Enem e o atraso mental do Brasil”, abordando outra questão da prova:
- “... O texto de uma publicação obscura que serviu de base para a pergunta aplicada no Enem ataca até mesmo a Embrapa e os programas para uso de biocombustíveis. Ambos — Embrapa e biocombustíveis — prejudicariam a classe camponesa. Os clichês e chavões ideológicos, na verdade, nem chegam a ser o pior dos problemas. O maior desses problemas é ensinar jovens a pensar errado.
As ideias erradas empurradas para cima de jovens por esse tipo de postulado ideológico explicam muito das nossas dificuldades em crescer e em gerar prosperidade. É o nosso atraso mental”.
E o nosso atraso mental é fruto de uma trama real, diabólica, que também explica o aparecimento da sigla MPB, que não tem ritmo, mas as letras de suas músicas aparecem no Enem.
- “Em 26 de outubro de 1932, Stálin se reuniu com 40 superastros literários soviéticos na luxuosa mansão do escritor Gorki... Ao se pronunciar, o líder revelou que tinha uma missão importante para os poetas, dramaturgos e romancistas reunidos: reconstruir os mundos internos do povo soviético:
- ‘Nossos tanques são inúteis se as almas que devem conduzi-los são feitas de barro. É por isso que eu digo: a produção de almas é mais importante que a dos tanques. Alguém aqui observou que os escritores não devem ficar quietos, que devem estar familiarizados com os modos de vida em seu próprio país. O homem é remodelado pela própria vida, e vocês reunidos aqui devem ajudar a remodelar a alma do homem. Isso é o que é importante, a produção de almas humanas. E é por isso que ergo meu copo a vocês, escritores, aos engenheiros da alma humana’.”
Sim, amigos, esse é o objetivo dos comunistas até o dia de hoje: moldar almas humanas. Produzir almas novas a qualquer preço, quer queiram quer não os dominados, o alvo é sempre esse: modelar almas de acordo com a ideologia comunista.
- “Após dois anos de reuniões e discussões, o escritor Gorki proferiu o discurso de abertura que inaugurava esse novo tipo de ‘literatura de formação de espírito’ no Primeiro Congresso do Sindicato dos Escritores, em 1934 — não antes de submeter o texto a Stálin, obviamente.
Stálin havia batizado o novo estilo como ‘arte do realismo socialista’, um estilo que exigia que os profissionais evitassem a realidade e se concentrassem em histórias castas, inocentes e edificantes sobre a construção soviética, atos heroicos de trabalho e nobres exemplos de cidadãos nacionais”.
Mas Stalin ainda não estava satisfeito e em 1952 publicou “Problemas econômicos do socialismo na URSS”... “Stálin pretendia que o livro transcendesse sua morte, definindo políticas que moldariam o mundo que ele criara e que avançaria para um futuro que ele nunca veria. Por meio de papel e tinta, Stálin inscreveria sua vontade sobre o destino de milhões, mesmo enquanto dormisse por toda a eternidade... Terminar esse trabalho seria, segundo ele, uma questão de ‘importância internacional’” para o benefício tanto da juventude soviética quanto dos ‘camaradas estrangeiros’. Havia muitas lições a serem aprendidas”:
“... como saímos da escravidão capitalista; como reconstruímos a economia do nosso país seguindo rumos socialistas; como conquistamos a amizade do campesinato; como conseguimos converter um país que recentemente era pobre e fraco em um país rico e poderoso; o que são as fazendas coletivas; por que, embora os meios de produção sejam socializados, não abolimos a produção de mercadorias, o dinheiro, o comércio etc. (A Biblioteca dos Ditadores – Stalin - Daniel Kalder - pag. 95).
Essas ideias foram levadas pelos comunistas a todas as nações: remodelar a alma humana, evitar a realidade, criar histórias castas, inocentes e edificantes sobre a construção soviética, atos heroicos de trabalho e nobres exemplos de cidadãos nacionais. Criar heróis que nunca existiram a partir da realidade miserável. A Literatura, a Música, a Pintura, as Artes em geral deveriam ser usadas para a consecução do objetivo.
E em todos os países do mundo onde o comunismo foi implantado, essas ideias foram aplicadas. A partir da década de 60 até os dias de hoje esse objetivo perdura no Brasil.
Na música, eles idealizaram a sigla MPB. Não significa nada, mas significa tudo. Explico: matreiramente eles utilizaram a sigla MPB para usurpar a Música Popular do Brasil. MPB não significa nada, pois é o único gênero musical brasileiro que não tem um ritmo definido. Assim, o que vai predominar é a letra. Se a letra possuir ideologia comunista e o ritmo for “brega”, então é MPB. Se o ritmo for Valsa e a letra tiver ideologia comunistas, então é MPB. Se for Samba, Forró, Bossa Nova, mas houver ideologia comunista, então é MPB.
Perceberam a jogada dos “canhotas”? Todo gênero musical brasileiro é MPB, desde que tenha ideologia comunista. Dessa forma a Música Popular do Brasil foi cooptada pelos comunas.
Em 23 de outubro de 2023, ao completar 80 anos, em entrevista a Folha, Edu Lobo, um dos grandes compositores brasileiros, que os “influenciadores” e professores de todos os tipos insistem em classifica-lo como pertencente a MPB, afirmou:
- "O que é MPB? É um partido político? Eu tenho horror a esses termos. Já me disseram que eu inventei a MPB. Eu nunca fui inventor de porcaria nenhuma", afirma o compositor. "Outra coisa, o Clube da Esquina, as pessoas se esquecem dele. É muito mais sofisticado do que a tropicália. Isso não tem de ser um tabu, pode botar aí."
A partir de hoje, quando você ouvir que “querem acabar com a cultura”, entenda que é a “cultura pregada pelos esquerdistas”; quando disserem “querem acabar com o ensino”, o astucioso está se referindo ao ensino da ideologia marxista que vigora hoje nas escolas brasileiras.
E é pelo mesmo processo que os estudantes brasileiros são obrigados a conhecer e responder textos de Caetano Veloso em detrimento de Carlos Drummond de Andrade.
E esses mesmos professores que empurram garganta abaixo dos incautos estudantes o gênero MPB, ensinam que o Agronegócio (que sustenta o país), é nocivo, que “ali impera a exploração, o descaso com a saúde dos seres humanos e do planeta, a violência e a impossibilidade dos camponeses de serem camponeses”.
Esses atos arruínam o país, aniquilam as mentes juvenis e seguem religiosamente Stalin e seu plano diabólico pedindo que “os profissionais evitassem a realidade”, “produzissem novas almas”, “reconstruíssem os mundos internos”, criando historias e mitos fantasiosos que jamais existiram.
Carlos Sampaio
Professor. Pós-graduação em “Língua Portuguesa com Ênfase em Produção Textual”. Universidade Federal do Amazonas (UFAM)