O “brilhante” parecer da PF no caso do filho de Moraes

Desculpe-me o “parecer” da PF, mas pelo o que me lembro do meu curso de perspectiva na graduação de Artes Plásticas da ECA, se projetarmos a distância entre os pés das duas figuras, que parece ser maior que a medida de projeção do braço do suposto agressor, já que a posição do cotovelo em relação ao braço está em ângulo agudo, parece claro que a mão sobre o rosto se trata de posição de mera perspectiva visual, isto é, uma vez que a figura de terno está posicionada atrás e a figura de verde à frente, qualquer sobreposição de imagem é mera consequência lógica do ambiente tridimensional em que se encontram e não significa que os corpos se encostaram. 

É TOTALMENTE INUSITADO que a Polícia Federal use essa foto como evidência ou prova de qualquer coisa, SEM nenhum acompanhamento de PERÍCIA TÉCNICA.

Qualquer desenhista profissional consegue traçar um desenho técnico e projetar as distâncias, levando em conta as medidas padrão do corpo humano de pessoas de altura semelhante à das partes e as medidas do ambiente em que se encontram.

Daria para medir inclusive a distância da câmera da imagem e projetar como ponto focal da perspectiva para perfeita exatidão.

Sem contar que no vídeo em movimento ficaria claro se houve alguma reação da suposta vítima em função de suposto tapa.

Ex. se a vítima mexeu/virou bruscamente o rosto é porque encostou. Se não virou é porque sequer encostou.

Por que então raios estão apresentando apenas uma imagem estática e não o vídeo em movimento como “prova” de qualquer coisa?

Assim é IMPERIOSO questionar por que Toffoli mantém o segredo sobre as imagens do vídeo em questão.

Concordo plenamente com o Dr. Ralph Tortima Stettinger, advogado da família acusada de agredir Moraes, que em nota enviada ao UOL, destaca "que o sigilo serve aos interesses de apenas uma das partes, com a utilização de imagens escolhidas a dedo".

Ele também afirmou que o "relatório [é] feito por um agente da Polícia Federal, não por peritos"… -“

Aparentemente no Brasil a “ciência” só é usada quando interessa aos poderosos.

Texto de Érica Gorga. Advogada. Doutora em direito pela USP.

• Corpos de traficantes, prováveis executores de médicos, são encontrados

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