A execução de médicos no Rio e a banalização de aberrações que refletem uma sociedade prestes a explodir
05/10/2023 às 11:16 Ler na área do assinanteTrês médicos foram executados com mais de vinte tiros num quiosque da praia da Barra da Tijuca na madrugada desta quinta-feira (05). Eles estavam numa área nobre da cidade, hospedados num hotel na mesma orla e estavam no Rio para um congresso de ortopedia.
A ação levou cerca de trinta segundos e foi integralmente gravada por câmeras de segurança. Um dos executores, inclusive, retornou do veículo para acabar de matar um dos médicos que tentava se esconder.
Já se sabe que uma das vítimas era irmão da deputada Sâmia Bonfim, do PSOL-SP. A motivação e a autoria do crime estão sendo investigadas pela Polícia Civil. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) que instaurou inquérito, já realizou uma perícia no local, está ouvindo testemunhas e analisa ainda as imagens de câmeras de segurança.
O congresso que eles participariam seria realizado no Hotel Windsor – o mesmo que eles estavam hospedados.
Entretanto, uma verdadeira chacina como esta já não impressiona mais o carioca, que convive com o império do crime organizado ganhando as ruas desde que o partido das trevas tomou o poder de assalto nas últimas eleições.
Na verdade, o povo é um barril de pólvoras prestes a explodir a qualquer momento. Um dos indicativos é a multiplicidade de fatos em que a população faz justiça com as próprias mãos, espancando os marginais que conseguem capturar em flagrante delito.
Não é apenas uma revolta popular – é mais que isso – é uma total descrença na Justiça Pública. O povo brasileiro já não se identifica mais com a sua Justiça.
Não é mais uma Justiça que protege, que guarda, que defende a verdade, a liberdade, a ética, a moral, a família, a propriedade e a democracia, mas uma Justiça que defende interesses ideológicos nefastos, tiranos e ditatoriais, à serviço de um grupo político mafioso, corrupto e que visa se perpetuar no poder.
Em algum momento esse caldo vai virar.
Só não virou ainda porque o povo não tem mais a quem recorrer e está acuado – mas vai explodir.
Os generais serão acionados e determinarão que seus coronéis e capitães façam das nossas ruas seus campos de batalha.
Não romantizem.
Sejam sinceros: essa ordem será cumprida?
Ainda bem que são apenas conjecturas, não é mesmo? O preocupante é que são conjecturas bem factíveis.
Se essa ordem for cumprida, aí acaba o Brasil tal como o conhecemos e mergulharemos numa nova era. Seremos – todos nós – uma grande classe operária, inclusive esses coronéis e capitães, suas famílias e entes queridos.
Mas...
Se essa ordem não for cumprida – veremos cada um desses mafiosos do poder pagando pelos seus crimes e o Brasil retoma a sua democracia.
Que essas reflexões nos sirvam como exercício mental. Esses movimentos orgânicos de revolta popular só tendem a crescer, já que todas as lideranças foram caladas ou presas. Não restam muitas alternativas – o caminho é esse.
No norte do país os fazendeiros já começaram uma guerra contra as ONGs – que é o poder estatal paralelo.
As maiores cidades do Sul e Sudeste já se esboçam desenhos de Andes manifestações populares.
Não tem mais válvula de escape – naturalmente vai explodir.
Carlos Fernando Maggiolo
Advogado criminalista e professor de Direito Penal. Crítico político e de segurança pública. Presidente da Associação dos Motociclistas do Estado do Rio de Janeiro – AMO-RJ.