O acampamento dos manifestantes em frente ao Quartel General de Brasília havia sido cercado no dia anterior. Todos pensavam que seria para protegê-los, mas no dia seguinte, ludibriados pelos boinas verdes, ingressaram nos ônibus que os encarcerou no 'campo de concentração' da Polícia Federal.
Foram presos pais e mães de família, avôs e avós, crianças pequenas, deficientes, enfim, todos os heróis patriotas que estavam protestando contra o resultado das eleições e do processo eleitoral.
A acusação? Terrorismo, prática de atos atentatórios à democracia e danos ao patrimônio público. Todos que lá estavam foram presos, sem exceção.
É o caso de um autista que havia chegado em Brasília no mesmo dia da invasão fatídica de 8 de janeiro, sem saber ao certo o que estava fazendo na Capital Federal – ou da manicure, cujo alicate de cutícula e sua lixa de unha se transformaram em verdadeiras armas terroristas que ameaçavam a soberania nacional.
O mais interessante é que eles foram presos do outro lado da cidade e no dia seguinte ao atentado, contrariando todos e quaisquer princípios do Direito Penal, da Ciência Jurídica, da Constituição Brasileira e do bom senso.
Tudo isso com o aval e participação especial dos militares, que desempenharam um papel significativo nesse episódio, traindo o povo que neles confiavam. Naquele mesmo dia, antes mesmo do por do sol, o mundo já sabia que, na verdade, eles traíram toda a nação brasileira.
Endossaram todas as ilegalidades, abusos e arbitrariedades surreais praticadas por um grupo político mafioso e poderoso, que tomou o país de assalto.
É claro que não se pode atribuir culpa a todos os militares – seria incidir no mesmo erro que eles, mas a cúpula sim estava conivente, aliada e alinhada com os ideais subversivos que assumiram, o país.
Toda a esperança da população foi pelo ralo. Foram traídos pelos seus heróis.
Daquele tempo a esta parte, oito meses se passaram e não é só a esperança do povo, pelo mesmo ralo está descendo o país inteiro.
Comparecer no desfile de 7 de Setembro é o mesmo que concordar e apoiar a atitude traíra desses melancias. É subjulgar o papel fundamental exercido por esses traidores da Pátria que resultaram nessa triste página da nossa História.
Circulam nas redes sociais muitas mensagens sugerindo que os cidadãos compareçam aos desfiles vestindo preto, em sinal de luto pelo país. Outras mensagens sugerem que as pessoas se virem de costas para os soldados no momento que eles estiverem passando pelo povo, em sinal de protesto.
Nada disso vai funcionar.
Vestir-se de preto ou virar-se de costas serão imperceptíveis às lentes da grande mídia, absolutamente comprometida com o novo poder. Procurarão os melhores ângulos – aqueles em que aparecem os familiares dos soldados prestigiando as Forças Armadas, os amigos, namoradas e prestadores de serviço, enfim, todos aqueles cujos interesses pessoais se sobrepõem aos interesses do Brasil, menos os verdadeiros patriotas.
O ideal é não comparecer.
O povo está num mato sem cachorro, justamente porque os cachorros estão nos bolsos dos esquerdistas.
O povo está amedrontado e acovardado. É óbvio que a sucessão de fatos aterrorizadores praticados por determinadas autoridades, totalmente ao arrepio da lei e da Constituição Federal, são a causa motriz desse verdadeiro trauma coletivo que tomou conta da nação, mas foi a atitude desses melancias que permitiu tudo isso.
Governar na base do medo, do pavor, do autoritarismo – essa é a política imposta pelos atuais gestores do país – e tudo isso só é possível graças a omissão de quem deveria proteger o povo.
O povo está sem lideranças, estão todos presos, alguns torturados e correndo risco de morte. Parentes sendo perseguidos e muitos obrigados a fugirem do país. Foram encarcerados deputados, ministros e coronéis da PM, quem é você na fila do pão para se opor às ilegalidades praticadas pelas autoridades públicas, não é mesmo?
No Brasil, trocamos os presos por formação de quadrilha por presos formadores de família.
Comparecer no desfile de 7 de setembro é o mesmo que assinar embaixo da omissão covarde daqueles que deveriam dedicar suas vidas a serem os guardiões da liberdade do povo brasileiro.
No Dia da Independência, fique em casa.
Carlos Fernando Maggiolo
Advogado criminalista e professor de Direito Penal. Crítico político e de segurança pública. Presidente da Associação dos Motociclistas do Estado do Rio de Janeiro – AMO-RJ.