Médico assassinado brutalmente era integrante de quadrilha de estelionatários

09/08/2023 às 07:58 Ler na área do assinante

Vítima de tortura e assassinato, a morte do médico Gabriel Paschoal Rossi chocou a população de Mato Grosso do Sul.

Hospitais e entidades para as quais o médico prestava serviço emitiram notas póstumas, ressaltando as qualidades profissionais de Gabriel.

Porém, o desfecho do caso anunciado pela polícia provocou um novo choque na sociedade, notadamente para o povo da cidade de Dourados, a segunda maior do estado, onde a vítima exercia a medicina.

De acordo com a polícia, a vítima fazia parte de um esquema de estelionato integrado pela suspeita de ser mandante do assassinato, identificada como Bruna Nathalia de Paiva.

As investigações apontaram que a mulher era amiga do profissional de saúde, e mantinha com ele uma relação que envolvia atividades financeiras ilícitas. Rossi teria sido morto após cobrar de Bruna o valor correspondente a uma das movimentações — em torno de R$ 500 mil.

Com o início das investigações, comandadas pelo delegado Erasmo Cubas, agentes da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul intimaram pessoas próximas a Rossi a depor. Em meio à apuração dos fatos, descobriram, por um dos depoentes, que o médico tinha amizade com uma pessoa de Minas Gerais, identificada apenas como “Bruna”, e que o relacionamento envolvia dinheiro.

A princípio, segundo o delegado, todas as hipóteses — inclusive a de um crime com motivação “passional” — foram consideradas. Após terem acesso a informações de que o celular de Rossi teria estado em Minas Gerais no dia 30, quando ainda era considerado desaparecido, os investigadores começaram a trabalhar com a possibilidade de sequestro ou homicídio.

A relação do médico com o esquema de estelionato era mediada pela suspeita. Por meio de ações fraudulentas, ele recebia documentos, fazia saques e tinha retorno financeiro. O desentendimento com Bruna teria sido causado por uma das atividades, que gerou maior quantia de dinheiro. Bruna não aceitou pagar. Ao ser cobrada, a suspeita, então, decidiu planejar o assassinato e contratar três pessoas para executá-lo.

Segundo o delegado, Bruna, que morava em Minas Gerais, alugou duas estadias em Dourados, para onde foi acompanhada dos três comparsas na véspera do desaparecimento do médico. Os homens teriam recebido, cada um, cerca de R$ 50 mil para cometer o crime. Um dos locais, onde aconteceu o assassinato, foi locado por 15 dias. Outro, por apenas uma noite, entre os dias 26 e 27. As locações levaram os investigadores a acreditar que a ideia da suspeita era permanecer na cidade por apenas dois dias, para colocar o plano em prática, e deixar o corpo no local da morte por mais tempo, propositalmente, até ser encontrado.

A polícia também afirma que a suspeita não esteve no local do crime. Mandou, apenas, que os três homens fossem até a casa, onde Rossi foi torturado e abandonado, ainda vivo. Antes disso, inseriram um objeto pontiagudo em sua garganta. Um saco plástico — provavelmente utilizado na sessão de tortura — foi achado no local. Instrumentos de tortura comprados em Ponta Porã, município a 120 quilômetros de Dourados, também foram encontrados.

Exames necroscópicos concluíram que Rossi agonizou por pelo menos 48 horas antes de morrer, segundo a polícia. Os autores do crime teriam acreditado que ele já estava morto ao deixar o local onde o corpo foi encontrado.

Além de Bruna, os outros três suspeitos de envolvimento na morte do médico foram identificados como Gustavo Kenedi Teixeira, Guilherme Augusto Santana e Keven Rangel Barbosa. Eles foram presos em Minas Gerais, nesta segunda-feira, e levados para Dourados, em Mato Grosso do Sul, onde o crime aconteceu. A ação que resultou na prisão dos suspeitos teve apoio operacional da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Civil de Minas Gerais.

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