Aff!!! Esta noite eu sonhei que o papel higiênico acabou...

03/07/2023 às 18:52 Ler na área do assinante

A bem da verdade, foi um pesadelo!

O infortúnio do meu sono teve início quando eu já estava acorrentado pelos algozes da democracia. Os maledetos, vários deles, por todos os cantos onde eu circulava física e mentalmente, sempre estavam à espreita para me importunar.

O tempo, desde a redemocratização, no meu pesadelo foi passando assim:

No meio político, uma quadrilha solapava meus ganhos, na imprensa a enganação grassava e no judiciário tudo era sacramentado para as engrenagens funcionarem bem lubrificadas. Era socado, dia e noite, com besteiróis divertidos na TV, na praça e no meu esporte favorito. Opa, isso seria o famigerado Pão e Circo? Nas universidades não existem mais estudantes, muito menos, coração de estudante do Milton. Já era! Enquanto isso, nos bastidores, tiraram o meu voto e o substituíram por um número qualquer, conforme a hora da minha chegada na sessão eleitoral, tudo bem sincronizado. No máximo, meu voto valia numa enquete qualquer.

Envoltos numa programada assistência de manutenção das dificuldades e arrelias diárias, milhões de pessoas eram benzidas por um pacote de arroz, feijão e farinha, pois precisam deles vivos, pelo menos de quatro em quatro anos, e muitos abocanhavam o regalo como um cala a boca, todo agradecido.

Nessas alturas, ainda tínhamos papel higiênico.

Alguns engravatados brasileiros de plantão faziam as honras interna e externamente, seja para os plebeus ou para a elite, dependendo do caso. Personificando a expressão “só para inglês ver” com seus discursos enfadonhos e ao mesmo tempo cheios de graça, iam levando com a barriga, mas com a pose de gente séria, a cada movimento do tabuleiro político. Enterravam um aqui, desatolavam outro ali, e a rede de proteção era, e ainda é, feita de malha fina, resistente e de belo apelo visual. A rede deles pegava todos. E doía como num abraço de tamanduá. Só achei engraçado é que só tinha nove marcas de garra

E assim, meu sonolento episódio de terror passou a ter ares de verdade. Bastou um ícone encarar de peito aberto as mazelas até então quase escamoteadas, para o negócio ficar preto. Êêêêpaaaa, aqui não, tio! Políticos, imprensa e judiciário colocaram as asinhas de fora. Faltou azeite, páprica, orégano, salsinha, pimenta, manjericão! Tempera a merda que está pouco. E tome narrativas, mentiras, perseguição, censura, expulsão, cassação, desmonetização, e mais censura. E tome tapa na cara, que o malandro tá vivo. A caçada nem começou ainda. E, por isso, tome quebradeira, e tome descondenado, fotinha de ex-presidiário naquela maquininha eleitoreira, o Congresso virou bordel. Tem puta demais, nussinhora!

PIMBA!!! Alçaram o cara! A situação estava preta? Não viu nada, inocente! E tome quebradeira, corte disso naquilo, pimenta no olho do outro é refresco. Então, teje preso, né, não, Chico? E a polícia é banana, prende, a justiça é mamão, solta. É do contra, tem problema não, mandam te calar. Não é a favor, nem contra, que nada, na dúvida, pró vitimismo, e te calam assim mesmo. Fecham até mídia, que bobagem!!!

Até o DESAFORO DE SÃO PAULO se abriu para a patuleia, os balcões dos tribunais não ruborizam mais e as letras garrafais de manchetes deixaram de ser subliminares. Tirar a esperança do caminho, este é o caminho. As probabilidades de eliminá-la aumentam!

Agora, sim, começo a perceber que o papel higiênico começa a faltar nas gôndolas... estamos no cagaço! Coitado do lampião, não sabe o que é isso.  

Ora, ora, na Venezuela também acabou o papel higiênico. Ops, no meu pesadelo eu não estava lá. Estava aqui no Brasil! Eu bebi antes de dormir? Será? Tô boooooorrado!!!

Travei um diálogo com um vizinho, no final do pesaroso sono.

O vizinho:

- Lave com água.

- Que água?

- Ora, limpe com jornal. Retrucou ele.

- Mas, que jornal, meu chapa? Repliquei...

O incauto, sugeriu: 

- Tenho lixa que eu uso, serve? 

Indignado, agradeci... 

- Não, obrigado! Meu traseiro, mesmo que sujo, é mais limpo do que sua passiva e dominada mente.

Ele, todo doce, sentindo-se seguro, disse: 

- Olha, a polícia chegando... que bom!!!

- Bom??? Vou-me embora com minha bunda suja, antes que a deixem limpa, no osso puro, debaixo de sete palmos.

Acordei sobressaltado ao sentir as garras do meu gato em minhas costas. Ui, estava de bruços!!! Achei que fosse um punhal...

Alexandre Siqueira

Jornalista independente - Colunista Jornal da Cidade Online - Autor dos livros Perdeu, Mané! e Jornalismo: a um passo do abismo..., da série Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa! Visite:
  http://livrariafactus.com.br

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