Renomado jornalista revela o "Bolsonaro que 'isentões' se negaram a compreender"

09/07/2023 às 17:25 Ler na área do assinante

Uma recente postagem da coluna do economista, jornalista e mestre em Administração de Empresas da Harvard Business School ,Stephen Charles Kanitz é uma verdadeira ode à incapacidade dos tais 'isentões' em compreender o quanto perderam ao se recusar a ouvir e apoiar Jair Bolsonaro em seu mandato presidencial. E, mais o quanto o Brasil irá perder e, talvez, nunca mais conseguirá recuperar, por ter virado as costas e deixado de reeleger o capitão para mais quatro anos.

Kanitz, quem também é consultor de empresas, conferencista e bacharel em Contabilidade pela Universidade de São Paulo, escancara o quanto o brasileiro ainda engatinha na política, apegado a vaidades tolas e verdades incertas (as famosas narrativas), colocando, ainda que inconscientemente, os interesses individuais, mesmo os mais insignificantes, sempre à frente dos coletivos.

Um povo que acredita em palavras bonitas e não consegue enxergar a podridão interna de quem as profere. Uma gente que se negou a acreditar na verdade dura, nua, crua e necessária, preocupada que estava com os bons modos… ora, os bons modos dos que ‘agacham até o chão, roubam para tomar uma cervejinha, vão aos traficantes para pedir votos e estendem tapetes vermelhos para ditadores’…

Pois bem, o texto de Kanitz conta tudo isso citado acima, mas de um outro jeito, mais sutil, porém profundo. Ele escancara as muitas faces da esquerda, dá uma dura lição nos conservadores e revela, enfim, que sem Jair Bolsonaro, jamais deixaremos de ser uma República de Bananas.

Pedindo a devida licença ao autor, confira na íntegra:

Ninguém compreendeu a figura de Jair Bolsonaro

É alarmante como diversos segmentos da sociedade brasileira, especialmente a direita, a classe média, as 52% de mulheres que o elegeram, ( 52% dos homens votaram Bolsonaro ) e os eleitores do Nordeste que votaram contra, além da própria esquerda, tiveram tanta dificuldade em compreender a figura política de Jair Bolsonaro.

Primeiro a direita brasileira, historicamente preocupada com questões de eficiência, estabilidade jurídica e redução de impostos, nunca se esforçou para eleger um único governo.

A direita ingenuamente acreditou por mais de 20 anos que o Partido Social-ista”Brasileiro liderado por uma figura que introduziu o marxismo na maior universidade brasileira, os representaria.

O termo "Democrático" no PSDB, apenas significa que o partido opta por chegar ao poder através de mecanismos democráticos, e não mais revolucionários, mesmo que tal processo pudesse levar 30 anos.

Em nenhum momento prometeram manter essa democracia uma vez no poder, como está em curso agora.

Paradoxalmente, a esquerda também necessitava de Bolsonaro, visto que ela não poderia realizar cortes de gastos, desestatizações, e limitar o aumento da dívida do governo sem ser politicamente prejudicada.

Este padrão já foi observado na Inglaterra, onde os conservadores frequentemente fazem reformas impopulares como cortar custos e dívidas e aí perdem as eleições subsequentes, entregando aos Trabalhistas um governo estável.

No contexto brasileiro, o funcionalismo público e as dívidas previdenciárias se tornaram uma carga insustentável para o orçamento do país, gerando competição entre os próprios setores governamentais pelos poucos recursos disponíveis.

Por que não deixaram para o Bolsonaro o jogo sujo e ingrato de ser o redutor de custos e dívidas, despedindo gente e benesses.

Bolsonaro foi o primeiro presidente a reconhecer que o Brasil está tecnicamente falido, que a previdência está insolvente, que o Estado está gastando demais e mal, como o caso dos 37 Ministérios.

Obviamente Bolsonaro foi duramente criticado e odiado por todos que seriam afetados, e eram muitos.

Mas teve que enfrentar discórdia inclusive de conservadores e liberais, por não ser uma figura “perfeita”, sem vícios e defeitos, imaculada.

Só que perfeito ninguém é.

Reduzir custos é tarefa dura, desagradável, fazer acordos e reduzir somente a metade não funcionam.

A perda de Bolsonaro nas eleições, dizem alguns, foi por culpa própria, ele deu muitos tiros no pé, não escolheu suas batalhas topou todas, não divulgou seus feitos e conquistas. De fato.

Mas foram justamente aqueles que seriam os mais beneficiados que deram as costas, e nunca o defenderam das gafes que cometia.

Poucos foram à sua defesa argumentando “não foi bem assim”, “tiraram a frase do seu contexto”, como a esquerda faz com muita eficiência “não há provas”, por exemplo.

Bolsonaro sendo um militar e não sendo um político pecava falando sendo franco demais, articulando o que pensa de verdade ou o que o povo sentia.

Agora teremos muita dificuldade em ver um outro presidente comprometido com a redução de despesas e austeridade fiscal.

Quem de direita vai se atrever a competir ?

Foi eleito com recursos próprios, sem apoio partidário e sem fazer acordos políticos custosos e ineficientes, um partido de um homem só.

Mesmo com as severas críticas desde o primeiro dia de governo com sua personalidade incisiva e muitas vezes polêmica, Bolsonaro abordou questões que poucos antes dele se atreveram a tocar.

E ninguém saiu noticiando conquistas importantes que terão resultados a longo prazo, como os Bancos Comunitários, hipotecas para empreendedores, a Lei da Liberdade econômica , a não ser alguns gatos pingados.

Bolsonaro está longe de ser um político perfeito, mas é importante ponderar que a perfeição raramente é encontrada na política.

Por isso não entendo o ódio das 52% das mulheres brasileiras com relação a Bolsonaro que estava lutando pelo futuro delas e de seus netos, quando a oposição claramente está preocupada com si.

Bolsonaro foi o primeiro presidente com coragem de dizer “não”, algo inexistente num país de acordos e benesses, de compra de votos para dizerem “sim”.

Seu estilo direto e, por vezes, controverso, foi visto como inapropriado por muitos, especialmente as mulheres que o derrotaram dando 52% de seus votos ao mais simpático Lula.

Só que os desafios que o Brasil enfrenta não podem ser superados com discursos paz e amor.

Não temos mais recursos financeiros para agradar todo mundo.

Durante seu mandato a corrupção foi reduzida em 95%, cumprindo a sua promessa eleitoral.

Mesmo assim, todos que votaram contra Bolsonaro concentraram-se nas alegações menores, como as relacionadas às "rachadinhas" passadas e de pequena monta, contra os bilhões do Porto em Cuba e dezenas de outros casos.

Ainda assim, liberais e conservadores mantiveram uma postura reservada e até contrária em relação à Bolsonaro, preferindo uma Simone Tebet como sucessora e lutando pela sua eleição como uma terceira via.

Muitos pareciam preferir uma figura mais polida, com um discurso mais elegante, ainda que essas qualidades não necessariamente se traduzissem em ações eficazes.

Em retrospecto, Bolsonaro foi uma figura política que rompeu com muitos padrões estabelecidos, o que desencadeou reações diversas e intensas.

Enquanto alguns celebraram sua postura assertiva e foco na redução de gastos, a maioria lamentava suas falhas e o estilo confrontador.

Independentemente é inegável que a presença de Bolsonaro na presidência representou um período distinto na história política brasileira.

Portanto, é fundamental analisar o legado de Bolsonaro com uma lente equilibrada, ponderando suas realizações e fracassos de forma justa.

Que não vi ninguém fazer.

A expectativa de que teremos novamente no Brasil um presidente que se comprometa com a redução de despesas, que seja eleito sem apoio partidário e sem acordos políticos, parece pouco provável.

Bolsonaro foi uma figura única, com todas as suas falhas e acertos, em um momento único da história política brasileira.

O Brasil do progresso sentirá a sua falta.

Stephen Kanitz

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