Jornalista da Globo propõe ‘golpe de Estado’ ao estilo Chávez e Maduro na Venezuela

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“É hora de uma comissão exclusiva, externa ao Congresso, para uma reforma política”
“Se Lula ceder agora, vai ter de ceder o tempo todo; se preferir fazer do limão uma limonada, deve liderar uma real reforma política”.

Esses são o título e a chamada da coluna da jornalista do Estadão e da Globo, Eliane Catanhêde, publicada na última quinta-feira (8).

E os que entenderam que ela propõe que se realize uma reforma política por meio de uma comissão que não inclua a participação do Congresso Nacional, sim, entenderam corretamente.

Catanhêde quer, em desrespeito ao que determina a Constituição Federal, que as mudanças nas regras políticas do país, envolvendo partidos, número de parlamentares, modelo de eleições, etc, sejam realizadas sem a participação daqueles que foram eleitos pelo povo, ou seja os próprios parlamentares.

A alegacão da jornalista, vejam só, é que Lula estaria em uma situação difícil de ‘quase ingovernabilidade’, ao ter que negociar com o parlamento e, mais especificamente, com o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira:

“O presidente Lula está numa encruzilhada, ou melhor, em mais uma encruzilhada, porque ele precisa fazer, não uma reforma, mas uma mexida ministerial, cedendo os anéis para tentar salvar os dedos, o que é delicado e perigoso. Se demitir um ministro de sua escolha pessoal para entregar o cargo a um nome do presidente da Câmara, Arthur Lira, a conclusão será imediata: quem manda é Arthur Lira.”, escreve.

E prossegue, citando os casos das possíveis substituições ministeriais, como a de Daniela Carneiro (Turismo), esposa do prefeito de Belford Roxo (RJ), ambos suspeitíssimos de fortes ligações com a milícia do Rio de Janeiro e aos quais, segundo a jornalista, Lula deve ‘favores’. Ou de Juscelino Filho (Comunicações), aquele que teria sido indicado pelo senador Davi Alcolumbre (União Brasil/AP) e que ganhou destaque por utilizar aviões da FAB e estadias pagas com o dinheiro público para aproveitar finais de semana em leilões de cavalos. E, finalmente de Waldez Góes (Integração)

Para fugir da tal ‘encruzilhada que ela alega estar dificultando Lula de ‘acomodar um imenso leque partidário e transformar um apoio contábil em real’ (parece que já vimos isso antes, e não deu certo!) ela apresenta uma proposta que afirma ser de autoria do ex-ministro da Justiça de Lula, Tarso Genro:

“uma comissão externa ao Congresso, com notório saber jurídico e mandato exclusivo para refazer as regras políticas”.

Ora, ora… eis aí o tal ‘notório saber jurídico’, o mesmo utilizado para indicações do Supremo Tribunal Federal, que sequer exige, por exemplo, que um juiz máximo do país tenha a formação ou o diploma de bacharel em direito.

Pois o que Catanhêde propõe é muito similar o que o próprio governo Lula tem em mente, na criação dos ‘conselhos populares’ em diversas áreas para atuar junto ao governo na tomada de decisões.

Algo que funcionou com Hugo Chávez na Venezuela, dando início a uma ditadura em que o congresso perdeu poder e, por consequência o próprio povo, e que foi aperfeiçoado por Nicolás Maduro, que aparelhou esses conselhos ou ‘grupos externos’, tornando-os o modelo de governo a ser seguido e, obviamente, totalmente controlados por ele mesmo.

A jornalista da Globo, portanto, escancara a sua vontade de ‘Golpe de Estado’, porém disfarçado de uma nova modalidade de ‘democracia’, sem os deputados e senadores, para decidir o futuro de deputados e senadores.

“Se Lula ceder agora, vai ter de ceder o tempo todo. Se preferir fazer do limão uma limonada, deve liderar uma real reforma política, buscando um movimento que costuma funcionar bem: a pressão de fora (da sociedade), para não ficar refém da pressão de dentro (do Congresso) e recuperar a política. Antes que seja tarde demais. Se é que já não é.”, concluiu Eliane Catanhede.

Com a palavra o Congresso Nacional… que talvez devesse convidar (ou convocar) alguém para dar explicações em audiência pública (sem advogado… basta levar um defensor com ‘notável saber jurídico’)

Foto de Uélson Kalinovski

Uélson Kalinovski

Jornalista desde 1996, com especialização em Ciência Política e mais de uma década de experiência na cobertura dos temas nacionais, em Brasília.
Executivo da produtora UK Studios, em Jundiaí/SP.
ukalinovski@gmail.com / Uelson Kalinovski (Facebook e YouTube) / @uelsonkalinovsk (Twitter)

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