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São Paulo terá que indenizar estudante da UNE preso há 55 anos e surge uma questão sobre o 8 de janeiro
11/06/2023 às 11:41 Ler na área do assinante
Foto: UNE
Vlademir Salomão do Amarante tinha 22 anos de idade quando participou do lendário 30º Congresso da União Nacional do Estudantes (UNE), em 12 de outubro de 1968.
Ele e mais 700 estudantes foram presos pelo regime militar à época.
A Justiça condenou o governo de São Paulo a indenizar Vlademir em R$ 50 mil reais, pelo fato acontecido há 55 anos.
A defesa de Vlademir alega que ele teria ficado 24 dias na cadeia, tendo sido torturado, segundo a Justiça. Em razão do indiciamento criminal, também perdeu o emprego no hospital em que trabalhava, por isso o magistrado condenou o estado de SP.
Amarante disse que foi preso pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops-SP) e conduzido para Florianópolis, em Santa Catarina, durante o regime militar.
O governo paulista se defendeu no processo argumentando que ele ficou “enclausurado em São Paulo por apenas quatro dias” e que Amarante não comprovou ter sido vítima de tortura física e psicológica nesse período.
O Estado citou que Amarante entrou com pedido de indenizações em outros Estados — como Paraná e Santa Catarina — por violações durante o regime militar e que ele “pretende se locupletar de forma indevida”.
O que nos leva a seguinte questão, o que será que daqui a 50 anos alguns dos mais de 1.000 presos em decorrência do vandalismo promovido em 8 de janeiro desse ano, vão receber?
Vão receber?
Eles ficaram bem mais que 24 dias presos.
Eduardo Negrão
Consultor político e autor de "Terrorismo Global" e "México pecado ao sul do Rio Grande" ambos pela Scortecci Editora.