Estadão se revolta com Lula, começa o "mimimi" e ataca até o sogro de ministro

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A grande imprensa paulista, depois de fechar os olhos para todas as evidências e apoiar um candidato que já tinha provado seu baixíssimo padrão ético, agora tenta fazer um "mea culpa".

No domingo, a Folha de S.Paulo publicou seu editorial na 1ª pagina, pedindo ‘normalidade institucional’, numa crítica ao governo federal.

Passadas 48 horas, foi a vez do Estadão publicar um editorial defendendo com veemência a demissão do ministro da Comunicações, Juscelino Filho.

Envolvido em quase uma dezena de situações imorais e ilegais, a última “estripulia” do ministro, como classificou o jornal, foi permitir que o sogro, o empresário Fernando Fialho, despachasse diretamente de seu gabinete no Ministério das Comunicações.

Sem nenhum cargo no governo e sem nenhuma experiência na área de telecomunicações, a presença do sogro no gabinete do ministério é, no mínimo, questionável. Ex-diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e ex-secretário de Desenvolvimento Social e Agricultura Familiar do Maranhão, o sogro de Juscelino é réu em uma ação penal por suspeita de desvio de R$ 4,9 milhões em recursos públicos no Maranhão.

“Mas, à luz do interesse público, ainda que a reputação do empresário fosse imaculada, sua presença no ministério já seria totalmente irregular”, afirma o Estadão.

O LATIFUNDIO DE JUSCELINO

Tratando o ministério com se fosse um latifúndio maranhense, além do sogro, outro personagem alheio ao Ministério do expediente lá e até determina regras de conduta para funcionários sem ter ter cargo que o vincule ao ministério. O amigo João Bezerra Magalhaes Neto é uma espécie de ‘capataz’ do ministro Juscelino.

Com essa sucessão de irregularidades, a presença do ministro no primeiro escalão fica insustentável, uma vez que “brotam evidências por todos os lados de que Juscelino usa despudoradamente seu cargo no primeiro escalão do governo para cuidar de seus interesses particulares”.

O editorial cita as viagens oficiais do ministro para participar de leilões de cavalos em São Paulo; a omissão de patrimônio da Justiça Eleitoral; o pagamento de salários de funcionários de suas propriedades com verba de gabinete da Câmara dos Deputados; o uso de recursos do orçamento secreto para asfaltar uma estrada que dá acesso às suas fazendas no Maranhão.

“A facilitação para o lobby ilegal do sogrão, como se vê, é apenas a afronta mais recente do ministro aos princípios republicanos”, acentua o jornal, acrescentando que, se permanecer no cargo, “Juscelino será capaz de mostrar ao chefe que pode superar os limites de sua própria indecência”.

Ao concluir o editorial, o Estadão afirma que nem mesmo os “interesses políticos de ocasião”, que levaram Lula a nomear “um obscuro deputado como chefe de uma das pastas mais importantes da Esplanada”, se justificam. Tecnicamente, o ministro não tem qualificação para a pasta de Telecomunicações, e não há ganho político, haja vista que o partido do ministro, o União Brasil, não entrega votos no Congresso.

“Ou seja, não há explicação plausível, e isso autoriza toda sorte de explicações.”

Eu não sei o que os experientes editorialistas do Estadão esperavam, nos dois mandatos anteriores de Lula o loteamento de ministérios foi prática ostensiva, resultando no mensalão e posteriormente no Petrolão, porque seria diferente agora?

Foto de Eduardo Negrão

Eduardo Negrão

Consultor político e autor de "Terrorismo Global" e "México pecado ao sul do Rio Grande" ambos pela Scortecci Editora.

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