Dois molambos humanos, um pacto sujo, um ensaio e uma pergunta
04/06/2023 às 17:10 Ler na área do assinante“A Venezuela de Maduro é um país em que uma imensa maioria está contra o sistema, quer voltar à democracia, à liberdade, à legalidade e a uma política diferente, mas não encontra saída por causa do controle do governo e dos militares”. (Mário Vargas Llosa – prêmio Nobel de Literatura).
Quando Maduro estendeu a mão a Lula e este a apertou deu-se ali um pacto sujo. Sujo do sangue de inocentes da Venezuela onde um executou e o outro, cinicamente, apoiou.
Dois molambos humanos: um ditador sanguinário, ex- maquinista do Metrô de Caracas, e um semi-analfabeto, preso por corrupção, descondenado para disputar eleição e candidato a ditador bananeiro extasiado pelo poder, firmaram nesse aperto de mão um acordo onde tudo é permitido e que para seus asseclas, foi um triunfo, expressou a união de dois povos, os povos da Venezuela e do Brasil que se uniam em uma estreiteza de mãos.
Nada disso é verdade. Não, isso nunca foi verdade.
Nem Maduro representa o povo lutador e sofredor da Venezuela nem Lula representa o povo batalhador e carente do Brasil.
Ambos representam cupinchas, aduladores, interesseiros, golpistas, e toda laia que sempre se lambuzou com dinheiro público.
Essa arraia-miúda lambe o chão onde os dois passam esperando ficar com as sobras do poder e permanecem, no Brasil, com a boca aberta esperando a chuva de picanha e cerveja que nunca virá.
Maduro tomou o poder de forma brutal. É um ditador. Lula arrebatou a presidência usando as estruturas viciadas da democracia brasileira que permitiram a um sujeito que foi condenado a 12 anos de cadeia disputasse eleições. Eleito, age como um ditador deslumbrado.
O aperto de mão entre Lula e Maduro tem um grande significado:
- Nesse estreitamento de mãos estão contidas as mãos de todos aqueles que apoiaram Lula: artistas, jornalistas, apresentadores de emissoras de televisão, rádios, partidos de esquerda, ONGs, economistas e principalmente as mãos do supremo.
Todas essas mãos, que neste ato se somaram a mão de Lula apertando a mão de Maduro, endossaram a permissão para Maduro matar e expulsar mais venezuelanos.
Eis o que diz sobre Maduro o Tribunal Penal Internacional que investiga e julga indivíduos acusados de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra. O Tribunal é um organismo da ONU:
- Em um informe detalhado sobre a repressão à oposição na Venezuela, a ONU alertou para a implementação de um plano orquestrado nos mais altos níveis do governo para perseguir qualquer forma de dissidência. O plano envolveu a execução sistemática de ataques, prisões e torturas contra a população civil;
- Cerca de 9 mil pessoas e diversas entidades jurídicas apresentaram denúncias ao Tribunal Penal Internacional como vítimas da ditadura venezuelana. O tribunal documentou espancamentos, sufocamentos, afogamentos, choques elétricos e estupros na Venezuela; as vítimas foram submetidas a atos de violência que resultaram em sérios danos ao seu bem-estar físico e mental;
- Segundo o promotor de Haia, Karim Khan, esses crimes foram cometidos como política de Estado, incentivada ou aprovada pelo governo venezuelano e realizada por membros de forças de segurança;
- Milhares de supostos ou reais opositores do governo foram perseguidos por motivos políticos, presos e detidos sem fundamentação legal adequada; centenas foram torturados; e mais de 100 mulheres foram submetidas a variadas formas de violência sexual, incluindo estupros;
Assombrados com esses fatos o Grupo de Lima acordou "reduzir o nível das relações diplomáticas" e agir para bloquear os fundos internacionais da Venezuela. O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luís Almagro, declarou:
- "Não reconhecemos Nicolás Maduro como presidente da Venezuela”.
Mas Lula, o “analfa-presidente-advogado” do ditador Maduro, afirmou:
- "Achava a coisa mais absurda do mundo, para as pessoas que defendem democracia, negarem que você (Maduro) era presidente da Venezuela, tendo sido eleito pelo povo. E o cidadão Guaidó que foi eleito para ser deputado ser reconhecido como presidente".
Gauidó respondeu pelo Twitter:
- “Lula me ataca para evitar o óbvio: ele ‘maquia’ e apoia quem é acusado de torturar a oposição, terrorismo e narcotráfico e de criar a maior crise de deslocados do continente.” (...) “O presidente do Brasil, por laços ideológicos e econômicos, revitimiza o povo venezuelano ao negar o caráter ditatorial de Maduro. Esquece-se dos assassinados, das vítimas, da destruição da Amazônia e dos milhões de migrantes. Atitudes negacionistas de chefes de Estado são um aval para que indivíduos como Maduro continuem agindo impunemente”.
Em seu comunicado o Tribunal Penal Internacional da ONU disse ainda:
- O governo venezuelano continua perseguindo opositores políticos e sufocando protestos de líderes sindicais, além de prender integrantes da sociedade civil por motivos políticos;
- Emissoras de TV e organizações não-governamentais que criticavam o regime de Nicolás Maduro foram fechadas, em um evidente esforço para reprimir qualquer manifestação contrária ao regime;
- Nesse contexto de ampla impunidade, os cidadãos críticos a Maduro se sentem ameaçados e desprotegidos: o medo de ser preso ou torturado acaba impedindo a liberdade de expressão e o direito ao protesto.
Ajoelhado frente ao ditador Maduro, Lula afirmou:
- "É culpa dele (Maduro)? Não. É culpa dos Estados Unidos, que fizeram um bloqueio extremamente exagerado. Eu sempre acho que o bloqueio é pior do que uma guerra. Normalmente na guerra morre o soldado que está em batalha, mas o bloqueio mata criança, mata mulheres, mata pessoas que não tem nada a ver com a disputa ideológica que está em jogo".
Em 5 de junho de 2018, a OEA, com 19 votos a favor, 4 contra e 11 abstenções, aprovou uma resolução declarando ilegítima a reeleição de Maduro e iniciando o procedimento para suspender a Venezuela do organismo.
Em março de 2020, o Departamento de Justiça americano acusou Maduro de integrar o Cartel Los Soles, que atua em parceria com as Farc no tráfico de cocaína (200 a 250 toneladas por ano) para os Estados Unidos e ofereceu uma recompensa de US$ 15 milhões por informações que pudessem levar à prisão de Maduro.
Rastejando por entre as pernas de Maduro o dublê de presidente do Brasil disse uma das coisas mais inacreditáveis dos últimos tempos:
- "Acho que cabe à Venezuela mostrar a sua narrativa, para que possa efetivamente fazer as pessoas mudarem de opinião. É preciso que você Maduro, construa a sua narrativa, e eu acho que por tudo que conversamos a sua narrativa vai ser melhor do que a narrativa que eles têm contado contra você".
Tudo isso parece um filme de terror, mas não é. Como disse o extasiado “despresidente” do Brasil, Maduro deve, a partir de agora, contar uma narrativa “melhor do que a narrativa que eles têm contado contra Maduro".
Dando uma de “João-sem-braço”, os jornalistas que fizeram o L (mais de 8 mil bancaram um abaixo-assinado apoiando Lula e suas ideias durante as eleições presidenciais), escreveram alguns textos contra o ditador, que não vale a pena aqui citar, pois todos eles tinham plena consciência de tudo o que ia acontecer a nação brasileira caso Lula fosse eleito.
Mas Lula trouxe Maduro para que os jornalistas e todos aqueles que o apoiaram sentissem ao vivo o que era a democracia na Venezuela e como esse modelo espetacular poderia ser implantado no Brasil.
Nesse primeiro ensaio a guarda pessoal de Maduro e o GSI de Lula aplicaram um murro no peito da jornalista da Globo, Delis Ortiz, que havia feito o L. O motivo? A jornalista perguntou ao ditador Maduro, algo sobre os presos políticos na Venezuela e a resposta foi um soco no peito que a levou a nocaute.
Além de mostrar aos jornalistas como eles são tratados na Venezuela, Lula e Maduro envenenaram os militares brasileiros, que já haviam traído o povo, quando enganaram os acampados frente aos quarteis, cometendo perfídia, cercando-os, sem distinguir inocentes e culpados, afirmando que o cerco era para protegê-los e no outro dia entregou-os, todos, nas mãos da policia. Lula trouxe Maduro e os milicos foram obrigados a bater continência a um ditador sanguinário, mas afirmam ao povo que são guardiões da democracia.
Disse Guzzo na Gazeta do Povo:
“O Brasil não tem absolutamente nada a ganhar, por nenhum critério, com a paixão de Lula pela Venezuela. Ele está apenas se juntando com a ruína. A tirania de Maduro, que está no poder por eleições fraudadas e nega à população os seus diretos mais elementares, conseguiu reduzir 90% dos venezuelanos à pobreza – algo que jamais se viu na história humana. A única opção que o governo oferece aos cidadãos é fugir do país para não morrer de fome, enquanto Maduro e a sua corte vivem como paxás com os dólares que ganham no tráfico de drogas para os Estados Unidos e Europa. A economia da Venezuela foi destruída. A inflação está fora de controle, não existe moeda nacional e os sistemas de produção deixaram de funcionar. A elite sobrevive com produtos importados – e pagos com os dólares do narcotráfico”.
Tudo o que Lula disse, oficialmente, sobre a Venezuela é mentira. Ele cometeu um crime de fake news. Mentiras oficiais. Mentiras dentro do Palácio. Mentiras para encobrir crimes. Mentiras graves que intoxicaram o povo brasileiro.
O Supremo processa e prende todos os que divulgam fake news, então por que não prende Lula?
Carlos Sampaio
Professor. Pós-graduação em “Língua Portuguesa com Ênfase em Produção Textual”. Universidade Federal do Amazonas (UFAM)