Informação vaza, HDs são destruídos e planilhas de propinas da Odebrecht são apagadas

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O Brasil muitas vezes parece uma novela, mas aquelas dos tempos áureos da Globo.

Parece sim, um folhetim mexicano, mal escrito, com péssima direção, uma trama previsível e um desfecho decepcionante. E o título dessa matinê poderia ser ‘Lava Jato a Volta dos que Não Foram’.

Apenas alguns dias após a absurda cassação do mandato do deputado Deltan Dallagnol, contrariando a posição do Ministério Público e do TRE-PR, vaza a noticia de que os arquivos de que a Justiça Federal do Paraná dispunha contendo os dados de servidores clandestinos que guardavam as informações sobre os pagamentos de propinas por parte da Odebrecht já foram destruídas entre 20 e 22 de maio.

Um dos argumentos do MPF (Ministério Publico Federal) informava "o material está ocioso e que ocupa expressiva capacidade de armazenamento em hardware". Quer dizer uma montanha de provas – ou na pior das hipóteses, de evidências – do maior escândalo de corrupção do planeta nesse último século, foram destruídas porque faltava espaço no HD?

Esses arquivos eram importantíssimos do ponta de vista jurídico, do ponta de vista da execução penal e até do ponto de vista internacional. Porque ao contrário do Brasil, a Odebrecht foi responsabilisada civil e criminalmente, em vários países.

Só para dar um exemplo, há exatos 30 dias em 24/04/23, o ex-presidente do Peru, Alejandro Toledo foi preso nos Estados Unidos e extraditado para seu país onde foi imediatamente preso por receber propina, adivinhem de quem?

Isso mesmo, da Odebrecht.

Arquivos com esse valor teriam que ser guardados até por respeito à memoria da Justiça brasileira, em respeito à História brasileira. Mas como disse no início desse texto, o final dos folhetins mexicanos são sempre decepcionantes.

Foto de Eduardo Negrão

Eduardo Negrão

Consultor político e autor de "Terrorismo Global" e "México pecado ao sul do Rio Grande" ambos pela Scortecci Editora.

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