Os Demônios de Dostoiévski ressurgem no Brasil

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“A nossa tarefa é de destruir, uma destruição terrível, total, implacável, universal”. (Catecismo de um revolucionário - Nietchaiev, Bakkhunin).

Em janeiro de 1871, Dostoiévski inicia a publicação do livro “Os Demônios” na revista literária “Mensageiro Russo”. 152 anos se passaram e em 2023, o descondenado da justiça Lula e seus “cumpanheros” assumiram, respectivamente, a presidência da nação e todos os cargos importantes, anunciando uma guinada para a esquerda e o nascimento de um “novo Brasil”.

“Os Demônios” tornou-se uma obra-prima. Um clássico da Literatura mundial. Dostoiévski, com arte inigualável, “traça um quadro trágico, hediondo, infernal, de um mundo dominado pelas forças do negativismo, do amoralismo, do despotismo, da mentira, da hipocrisia, da sensualidade, do materialismo, um mundo que perdeu a noção do bem e do mal”.

Antevia o que aconteceria na Rússia e em todos os países onde a ideologia de esquerda tomou o poder.

O raiar de 2023 mostrou ao povo o que era o “novo Brasil” idealizado por Lula e seu grupo de esquerdistas, que assaltaram a nação durante 14 anos protagonizando o maior escândalo de corrupção da historia da humanidade. Os brasileiros, agora dominados pela ideologia de esquerda, sentiram na pele o poder dos novos dirigentes: propaganda, muita propaganda, criação de novos ministérios para acomodar os “cumpanheros”, gastança, viagens, deslumbramento e Janja, que não merece comentários.

Para o povo: aumento de impostos, fechamento de lojas, de empresas, mentiras, prisão e perseguições. No lugar da picanha prometida na campanha política, jerimum.

A magistral obra de ficção de Dostoievski foi copiada, por incrível que pareça, pelos comunistas russos. Eles impuseram ao povo russo as ideias, os métodos e os processos dos “demônios”. O começo de tudo é a negação de Deus para que tudo seja permitido.

“... Uma sociedade em que cada membro espiona o vizinho e é obrigado a denunciá-lo... Um décimo dos homens gozaria duma liberdade absoluta e exerceria sobre os outros nove décimos uma autoridade sem limites. Os outros deveriam renunciar a toda individualidade, tornar-se por assim dizer um rebanho, e graças a uma submissão sem limites, chegariam por meio de uma série de regenerações, ao estado de inocência primitiva, alguma coisa como o Éden primitivo, se bem que, todavia devam nele trabalhar.
A força mais importante, o cimento que ligará tudo, é a vergonha de ter opinião própria”.

No Brasil de hoje essas ideias do romance “Os Demônios” também estão sendo aplicadas. Vejamos a justiça brasileira: ela enxerga, não tem venda nos olhos e não é cega. O deputado federal Deltan Dallagnol e o senador Sérgio Moro, que durante a operação lava jato mandaram para cadeia Lula e seus comparsas, sofrem perseguição jamais vista. Deltan foi cassado e Moro está na alça de mira dos corruptos que agora comandam o poder. Disse o insuspeito Merval Pereira, presidente da Academia Brasileira de Letras, que fez o L e tem uma coluna no O Globo:

“Há uma clara perseguição aos dois, que representam a operação Lava Jato, que está sendo ou já foi desmontada. A sentença do ministro Gonçalves diz que Dallagnol pediu demissão do MP para evitar uma punição. O caso é que não havia nada contra ele quando saiu, mas o juiz argumentou que existiam 15 processos que poderiam causar alguma condenação. Mas condenar alguém sobre algo que poderá acontecer é uma coisa de doido. O fato concreto é que não tinha nenhuma punição a Dallagnol quando ele saiu do MP.
É um absurdo o que aconteceu, não tem como imaginar outra coisa. Em um julgamento que levou um minuto, fica muito claro que a decisão estava tomada antes. Faz parte de um processo. O MP do Paraná e o ex- juiz Moro são símbolos de um período em que a corrupção foi combatida”.

Segundo o site O Antagonista, revoltados e temerosos os procuradores se pronunciaram através do Twiter:

- Monique Cheker: 

“Só digo uma coisa: o sistema é nojento”.

- Nathália Mariel:

“A posição do TSE sempre foi pela interpretação restritiva de inelegibilidades em razão da importância dos direitos políticos plenos. Aí hoje deu uma virada de 180 graus. Casuística ou não? Só sei que dar aula de direito eleitoral no Brasil é sempre uma missão”.

- Wellington Saraiva: 

“Direito não pode ser veículo para vingança. Ele se desenvolveu ao longo de séculos precisamente para evitar vinganças, para aplicar punições dentro da lei, conforme a lei, não torcendo a lei e aplicando-a de forma arbitrária, para dar aparência de legitimidade à punição. Os membros do Ministério Público devem pensar MUITO bem antes de investigar e processar os poderosos”.

O ex-procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, que atuou na Lava Jato, escreveu no Facebook:

“Me sinto enojado com a perseguição contra a Lava Jato. Quase todo o espectro político se voltou contra a tentativa de ‘limpar’ o jogo eleitoral e partidário, culpando os membros da operação por terem exposto toda a sujeira que é o financiamento dessa classe de marajás. A vergonha há muito tempo deixou de existir”.

Na obra de Dostoievski, o que prevalece é o niilismo, a redução ao nada, o aniquilamento. Os niilistas afirmam que as crenças e os valores tradicionais são infundados e que não há qualquer sentido ou utilidade na existência.  A ideologia niilista milita em prol da destruição das instituições políticas e sociais, para abrir caminho a uma nova sociedade, um novo homem. Qualquer meio serve: ações anarquistas, terrorismos, revoluções, perseguições, o uso da lei...

Os demônios de Dostoievski recusam tudo: “o amor, a amizade, a honra e a verdade. Negam Deus, adulteram o bem, pois somente o mal poderia conduzi-los ao poder político. Ofuscam o povo humilde, exaltam-se, fazem elogios às suas crenças, ao seu modo de vida e afirmam que são muitos, uma grande organização politica, tudo para que o povo tema e não reaja”.

Em 2022 os brasileiros que entregaram os destinos da nação, (segundo as autoridades oficiais através do voto), nas mãos do “descondenado de justiça Lula” e de seus acólitos seriam ingênuos ou perversos?

Foram ofuscados pelo discurso fácil do paraíso “na terra brasilis”, da picanha e da cerveja para todos ou estavam alienados pelos influenciadores, os artistas, jornalistas e as organizações sociais?

Ou foram enganados pelos poderosos e pela justiça brasileira, incluindo aí o TSE e o STF que chegaram ao absurdo de “descondenar” um condenado a 12 anos de cadeia, para participar de eleições?

O fato é que, de um jeito ou de outro, querendo ou não querendo, esse grupo presidido pelo ex-detento Lula, dominará a nação até o ano de 2026, a não ser que aconteça algo.

Para Dostoiesvski, os “demônios” surgem na pele de qualquer um: “de um cristão ou islâmico radical, de um comunista, anarquista, socialista ou de um simples psicopata, para isso basta que ele encontre um ambiente fértil: o ambiente onde o descrédito e o niilismo povoam a vontade das pessoas”.

Seus discursos são sempre encantadores, mágicos, fascinantes. Afirmam que são humanistas, justos, éticos, mas sua prática não condiz em nada com seu discurso. Sua única motivação é o poder, a dominação, o autoritarismo.

Eis as palavras do personagem Stravoguin:

- “Os ‘nossos’ não são apenas os que degolam e ateiam fogo, e ainda fazem disparos clássicos ou mordem. Gente assim só atrapalha. Não concebo nada sem disciplina. Ora, sou um vigarista e não um socialista, eh! eh!
Ouça, tenho uma relação de todos eles: O professor que ri com as crianças do Deus delas e do berço delas, já é dos nossos.
O advogado que defende o assassino culto que por essa condição já é mais evoluído do que suas vítimas e que, para conseguir dinheiro, não pode deixar de matar, já é dos nossos.
Os colegiais que matam um mujique para experimentar a sensação são dos nossos.
Os jurados que absolvem criminosos a torto e a direito são dos nossos.
O promotor que treme no tribunal por não ser suficiente liberal é dos nossos.
Os administradores os escritores, oh, os nossos são muitos, um horror, e eles mesmos sabem disso!
Por outro lado, a obediência dos colegiais e dos imbecis chegou ao último limite; os preceptores andam cheios de bílis; em toda parte a vaidade atingiu dimensões incomensuráveis, há um apetite feroz, inaudito.
Sabe você, sabe você de quantas idéias prontas lançamos mão? Quando saí daqui grassava a tese de Littré, segundo a qual o crime é uma loucura; quando voltei, o crime já não era uma loucura, mas justamente o bom senso, quase um dever – quando nada um protesto nobre”. ( Os Demônios - pg. 409).

A maioria dos críticos literários concorda que "Os Demônios" “é um gigantesco painel da Rússia pré-revolucionária, mas é também uma espantosa projeção do mundo contemporâneo, sendo por isso considerado uma profecia. O romance apreende o mecanismo vital e psicológico de almas vertiginosas que querem "transformar" o mundo por meio da violência e do terror revolucionário, num quadro de insolvência dos valores humanos e espirituais que nortearam o melhor da civilização ocidental”.

- “Então começará a desordem! O mundo marchará numa confusão jamais atingida. As trevas cobrirão os céus e a Terra chorará seus antigos deuses".

Em 2023 o caos se instalou na nação brasileira.

Há uma nódoa, uma mancha na alma brasileira. Há a vergonha de apresentar ao mundo um ser que foi condenado a 12 anos de cadeia e se tornou presidente da nação, não cumpriu a pena e ainda foi “descondenado”; um semi-analfabeto sem qualificação para entender o mundo atual; um ser movido apenas pelo instinto natural de sobrevivência ao qual interessa apenas saciar os apetites e os bajuladores de plantão o chamam de ”animal político”.

Quem levará a sério um país assim? 

Consultas e citações sobre “Os Demônios” foram obtidas de: Livro: “Os Demônios” – editora Aguillar/ https://www.jornalopcao.com.br/opcao-cultural/o-realismo-tragico-de-os-demonios-de-dostoievski-4266/ https://escrita.art.br/os-demonios-de-fiodor-m-dostoievski/ https://www.bonslivrosparaler.com.br/livros/resenhas/os-demonios/2618

Foto de Carlos Sampaio

Carlos Sampaio

Professor. Pós-graduação em “Língua Portuguesa com Ênfase em Produção Textual”. Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

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