Revelando o abismo Brasil ou sofismas e culpas sem culpas: O governante vivo mais cínico da face da terra
13/05/2023 às 17:42 Ler na área do assinante“É melhor ser desprezado por viver com simplicidade do que ser torturado por viver em permanente simulação”. (Sêneca - 4–65 a.C.).
Se houvesse um concurso para o governante vivo mais cínico da face da terra, Lula, certamente, ganharia com folga. Venceria facilmente todos os outros concorrentes “comunas/socialistas” que ainda estão vivos e que praticam o mal contra os povos ao qual tomaram o poder afirmando o bem, afirmando que todos teriam uma vida melhor.
Claro, vida melhor para eles e para o grupo que tomou o governo. Luxo, riqueza, domínio e o esforço para permanecer no poder a qualquer custo. Vale tudo.
Veja a manchete do jornal O Globo neste 11/05/2023:
- “Derrame recorde: após derrota na Câmara, governo distribui R$ 700 milhões em verbas em um único dia”.
Trata-se do maior valor já repassado em apenas um dia desde o início da gestão e representa 58% de todo o montante encaminhado até o momento.
Na tentativa de acalmar a base e construir um cenário de estabilidade no Legislativo, o Palácio do Planalto acelerou a liberação de emendas e repassou de uma só vez R$ 700 milhões para deputados e senadores na terça-feira. Os dados levantados pelo GLOBO apontam que o derrame de recursos beneficiou os principais partidos aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: o líder do ranking é o PSD, com R$ 143 milhões, seguido por PT, com R$ 136 milhões; MDB, com R$ 91,3 milhões; e União Brasil, com R$ 75 milhões.
Permanecer no poder. Mentir. Gastar. Ir à televisão com um jerimum nas mãos ou um chapéu de vaqueiro na cabeça e afirmar, com lagrimas nos olhos, que adora os pobres do Brasil; que os pobres são pobres por causa dos ricos; que o Agronegócio, que sustenta o Brasil e mata a fome de 1/4 da humanidade, também é culpado; que o presidente do Banco Central é culpado. Todos são culpados.
Essa é a tarefa diária de Lula. Mentir. Sofismar. Acusar os outros pelos problemas da nação, sem lembrar que o PT e Lula governaram o Brasil durante 14 anos, até Dilma sofrer impeachment.
Sim, senhores, 14 anos é tempo suficiente para aplicar qualquer plano de governo, melhorar, refazer... Mas o que essas pessoas deixaram como legado a nação? Apenas miséria, corrupção, roubalheira. Todos foram presos.
Todos estão soltos e governando novamente. Os culpados, segundo Lula e o PT, por todo o caos que eles criaram quando governaram a nação, são os procuradores, promotores e juízes que descobriram a roubalheira. Esses, sim, são culpados! A terrível culpa dos citados é a de ter exposto a nação o método usado para os assaltos praticados contra os cofres públicos. Esses devem ser presos. São culpados.
Menos Lula, o apedeuta, cuja candidatura e eleição só foi possível em função de vários artifícios judiciais e políticos para o cargo de presidente do Brasil. Não, Lula nunca é culpado. Aliás, Lula já afirmou que é “a alma mais honesta do Brasil”.
Cínico e sem nenhum escrúpulo e nem culpa, Lula viaja pelo mundo gastando dinheiro dos pobres que ele afirma adorar. Diz que está assinando contratos de negócios. A tiracolo leva uma corte digna do “Rei Sol” e a última esposa, atualmente chamada pelo povo brasileiro nas redes sociais de “Esbanja”.
Os dois torram sem dó nem piedade o dinheiro dos miseráveis do Brasil.
Quando volta dessas viagens, começa tudo de novo: acusações contra todos, mentiras, tramoias, tudo isso apoiado por grande parte da imprensa, pelos artistas, pelos grupos de parasitas e todos, junto com Lula, discursam, aconselham, ameaçam a população brasileira através de sofismas.
Sofisma é o “argumento ou raciocínio concebido com o objetivo de produzir a ilusão da verdade, que, embora simule um acordo com as regras da lógica, apresenta, na realidade, uma estrutura interna inconsistente, incorreta e deliberadamente enganosa”.
O sofisma induz ao erro. É uma argumentação capciosa, concebida com má-fé por parte daquele que a apresenta. É um logro. Um embuste praticado através da linguagem para encobrir a verdade com argumentos falsos.
Malba Tahan, um dos mais argutos escritores que o Brasil já produziu (hoje esquecido), em seu livro “Matemática Divertida e Curiosa”, nos mostra o poder do sofisma, através da história “Protágoras e o Discípulo”:
“Conta-se que Protágoras, sofista notável, admitiu em sua escola o jovem Enatlus. E como este fosse pobre, firmou com o mestre um contrato: pagaria as lições quando ganhasse a primeira causa.
Terminado o curso, Enatlus não se dedicou à advocacia e preferiu trabalhar no comércio, carreira que lhe pareceu mais lucrativa.
De quando em vez, Protágoras interpelava o seu ex-discípulo sobre o pagamento das aulas e ouvia como resposta invariável a mesma desculpa:
- Logo que ganhar a primeira causa, mestre! É do nosso contrato!
Não se conformou Protágoras com o adiamento indefinido e levou a questão aos tribunais. Queria que o jovem Enatlus fosse obrigado, pela justiça, a efetuar o pagamento da dívida.
Ao ser iniciado o processo perante o tribunal, Protágoras pediu a palavra e assim falou:
- Senhores juízes! Ou eu ganho ou perco esta questão! Se eu ganhar, o meu ex-discípulo é obrigado a me pagar, pois a sentença foi a meu favor; se eu perder, o meu ex-discípulo também é obrigado a me pagar, em virtude do nosso contrato, pois ganhou a primeira causa.
- Muito bem! Muito bem! - exclamaram os ouvintes. - De qualquer modo, Protágoras ganha a questão!
Enatlus que era muito talentoso, ao perceber que o seu antigo mestre, queria vencê-lo por um hábil sofisma, pediu também a palavra e disse aos membros do tribunal:
- Senhores juízes! Ou eu perco ou ganho esta questão! Se perder, não sou obrigado a pagar coisa alguma, pois não ganhei a primeira causa; se ganhar também, não sou obrigado a pagar coisa alguma, pois a sentença foi a meu favor!
E dizem que os magistrados ficaram atrapalhados e não souberam lavrar a sentença sobre o caso.
O sofisma de Protágoras consistia no seguinte: quando convinha aos seus interesses, ele fazia valer o contrato, e quando este podia de qualquer forma prejudica-lo, ele pretendia valer-se da sentença. Do mesmo sofisma, o jovem Enatlus lançou mão com grande habilidade!
Note que a história é desprovida de moral. É seca. Crua. É a linguagem usada com maestria com intuito de induzir. Quando, na primeira parte, Protágoras faz suas afirmações todos concordam entusiasmados!
Por sua vez, Enatlus, astuciosamente, mesmo tendo uma obrigação moral contraída através de um favor ou por bem recebido e pela falta de cumprimento de uma obrigação material e moral (lembrando que ele obteve conhecimentos através das lições de Protágoras, portanto, de um jeito ou de outro teria que pagar), mas, com o intuito de não quitar o débito, utilizou o mesmo argumento, deixando todos confusos.
É desse modo, acusando de terroristas os que se opõem ao governo, que o PT, Lula e o Supremo posam de defensores da democracia; denunciando que todos os que usam as redes sociais devem ser calados, pois alguns criticam “as autoridades” e outros afirmam que as autoridades são “os parasitas da nação”, então aparece o Supremo, os artistas, os jornalistas e posam de defensores da democracia; ao comprar o congresso com emendas, o PT e Lula, também posam de defensores da democracia.
Durante a campanha para presidente esse discurso sofista enganou a maioria, fez com que a maioria, momentaneamente, esquecesse a roubalheira que Lula e os seus fizeram e confessaram em um passado recente.
Disse o antropólogo Roberto da Matta no livro “O que faz o brasil, Brasil?”:
- “Mas qual é, afinal, a moral desta história? Não será preciso ir muito longe para apreciá-la, A História do Brasil tem mostrado como sempre insistimos em “ler” e interpretar o país pela via exclusiva da linguagem oficial que se forma no espaço generalizado da rua, espaço das nossas instituições públicas e que sempre apresenta um discurso politicamente sedutor, pois que sistematicamente normativo. Ou seja: desse ponto de vista, a fala sempre diz o que fazer para resolver a questão. Mas não é precisamente isso que temos feito em toda a nossa História moderna, a partir da Independência e da República? E por que as coisas não dão certo?”.
Roberto da Matta pergunta “por que” as coisas não dão certo. Destaco a frase “Ou seja: desse ponto de vista, a fala sempre diz o que fazer para resolver a questão”. O autor deveria complementa-la com “autoritária”. Fala autoritária resolve a questão no Brasil. Fala sem resposta resolve a questão. Fala que não admite contraditório e se houver contradita a “fala” manda prender.
Então eu respondo: as coisas não dão certo porque nos falta critica, pois a nação pertence a todos, e não a um grupo que governa e retira seus ganhos milionários dos que trabalham através de impostos escorchantes.
É preciso compreender que o Executivo, o Judiciário e o Legislativo e todos os funcionários públicos são empregados do povo, não podem usar sofismas para inverter a realidade objetiva e promover gastança em proveito próprio.
Falta consciência critica. Parte do povo ainda resiste e bate no peito afirmando que não discute política, nem religião, nem futebol, pois isso dá briga, confusão, arranca-rabo, tumulto, agitação.
É exatamente o que os atuais donos do poder querem. É o desejo de todos os cínicos sofistas que dominam o brasil com letra minúscula: que você não reflita. Não discuta. Não critique. Não ache respostas nessas discussões, mesmo respostas imprecisas, discutíveis, mas com um pequeno fundo de verdade.
Que você fique em silencio. Que desista.
É isso que os donos do Brasil-Abismo querem.
Carlos Sampaio
Professor. Pós-graduação em “Língua Portuguesa com Ênfase em Produção Textual”. Universidade Federal do Amazonas (UFAM)