Condenado por corrupção, Maluf devolve R$ 150 milhões aos cofres públicos

20/04/2023 às 10:11 Ler na área do assinante

Quem não se lembra da famosa frase “Rouba, mas faz”?

Pois é, a prova de que Paulo Maluf, ex-deputado, ex-prefeito e ex-governador de São Paulo ‘roubava’ ficou comprovada após a condenação na justiça, em ação civil pública, em que parte da sentença acaba de ser cumprida, o pagamento de R$ 150 milhões aos cofres da prefeitura de SP.

O valor corresponde à devolução de desvios de recursos das obras das avenidas Jornalista Roberto Marinho e Túnel Ayrton Senna, entre 1993 e 1998, período em que Maluf ocupava o cargo de prefeito de São Paulo (93 a 97).

A solução para desembolsar essa ‘bolada’ foi repassar mais de um terço das ações da empresa da família, a Eucatex, para o banco BTG Pactual, parte no processo e responsável pelo repasse ao município, por meio de acordo entre o Ministério Público e a Procuradoria Geral da cidade de SP.

Mas esta é apenas uma parcela da sentença, estabelecida em US$ 44 milhões, que nos valores convertidos, na data de hoje, chega a R$ 220 milhões.

O ex-prefeito foi acusado de usar contas no exterior em nome de empresas offshores para lavar o dinheiro desviado. Segundo o MPF, os valores eram utilizados para a compra de ações da Eucatex, que já pertencia à família.

Pode-se, portanto, dizer que Maluf até ‘fazia’, considerando que há algumas obras conhecidas, ao longo de uma carreira pública iniciada em 1967 (56 anos). Mas, sem dúvida, a parte que citava o ‘rouba’ não compensou.

Paulo Maluf, aliás, aos 91 anos de idade, era um conhecido adversário político de Lula já na década de 80. O molusco criticava o político de forma pesada e sistemática, mas bastou entrar para a presidência da República, ainda no primeiro mandato, para ‘amolecer’ e passar a fazer acordos e parcerias de bastidores.

Já como aliado, Maluf apareceu em campanhas ao lado do ex-presidiário e, pelo jeito, acabou se tornando, pelo menos em alguns pontos, uma referência, talvez, um ‘mestre’.

Afinal, o descondenado, apesar de não usar a famosa frase publicamente, teve uma capacidade espetacular para aprimorá-la, elevando-a à ‘enésima potência’.

Afinal, é impossível comparar os 220 milhões que Maluf está devolvendo ao povo, com os mais de 6 bilhões que a Lava Jato, pelo qual Lula foi condenado em diversos processos, conseguiu retornar aos cofres públicos.

Tudo farinha do mesmo saco!