Desde que assumiu a presidência, Lula se viu preso em um labirinto de cobranças sobre economia.
Suas declarações sobre o teto de gastos causaram grandes desgastes, sendo que neste tema, o governo tem sempre apanhado, mesmo de aliados da mídia.
Causava estranheza o fato do tal “Arcabouço Fiscal” não ser divulgado por Haddad, visto a recessão internacional anunciada e os problemas de articulação no Congresso, que inevitavelmente refletem no cenário econômico.
Mas para surpresa zero de todos, o tal arcabouço foi divulgado no dia 30, pela manhã. O que estava programado para o dia 30 Março, de manhã, as 07:30hs?
O retorno de Bonoro.
Não se apegue a ideia de que Lula ignora o retorno do ex presidente. Lula sabe que a imagem de “Retorno do exilado” trás mensagens poderosas.
A primeira é que se havia um exílio, era porque não havia democracia plena no novo regime. A segunda é a da própria volta, que sinaliza a decadência da gestão.
A divulgação do arcabouço, junto com uma tentativa pífia de Gleisi ao fazer um vídeo de “Não é bem vindo”, aliada uma ajudinha extra da PF, que não mediu esforços para esconder o ex-presidente, tinham por objetivo ofuscar o retorno de Bolsonaro. A Globo simplesmente filmaria o aeroporto vazio, omitindo a determinação do MJ, e a impressão seria a de um ex-candidato derrotado, tanto nas urnas, como na popularidade.
Mas o aeroporto e a sede do PL estavam cheios, assim como as redes sociais, que explodiram de visualizações. Se o objetivo era mostrar alguém que estaria fora da política brasileira, por uma série de motivos baseados em narrativas, esse objetivo falhou miseravelmente.
Bolsonaro voltou com capital político grande, e renovado. Mesmo com escândalos arranjados para as próximas semanas, seus opositores já entenderam que independente do que se construir, o ex-presidente vai ser uma sombra poderosa na política do Brasil.
E que negar a realidade não vai ajudar o governo em nada.
Victor Vonn Serran
Articulista